Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
6 min — há 6 anos — Atualizado em: 1/31/2019, 11:33:31 PM
A inércia de muitas nações, inclusive do Brasil durante a era petista, favoreceu o comuno-chavismo bolivariano, levando o povo venezuelano à mais negra miséria. Uma reação eficaz a esse quadro catastrófico é urgente.
Não poderiam ser mais assustadoras as notícias da Venezuela. Essa rica nação latino-americana se desfaz ante a inércia do mundo, humilhada e escravizada por uma gangue assassina de marxistas, que se apoderou de seu governo há duas décadas e a conduz aos extremos mais horripilantes da miséria e da opressão.
Em meio à sua tragédia, os venezuelanos receberam com perplexidade uma mensagem do Papa Francisco, na qual lhes pede concórdia e fraternidade: “Que este tempo de bênção permita à Venezuela encontrar novamente a harmonia, e que todos os membros da sociedade trabalhem fraternalmente pelo desenvolvimento do país, ajudando os setores mais fracos da população”.
Foi tão grande a estranheza provocada por essa Mensagem de Natal emitida no altar principal da Basílica de São Pedro (cf. “ABC”, Madri, 5-1-19), que 20 ex-presidentes latino-americanos, alguns deles de esquerda, escreveram-lhe uma carta pública expressando respeitosamente seu desacordo (“El Comercio”, Lima, 8-1-19).
O caso da Venezuela — possuidora das maiores reservas de petróleo do mundo — é um dos mais dramáticos da história da humanidade. Nunca uma organização criminosa perpetrou desfalque contra o Estado em dimensões colossais comparáveis às ali praticadas. Quando Hugo Chávez chegou ao poder em 1999, a Venezuela produzia quase quatro milhões de barris de petróleo por dia, vendidos em média por pouco mais de 100 dólares o barril. Essas receitas somam o montante prodigioso de 150 bilhões de dólares por ano, e alimentaram os cofres públicos durante 20 anos consecutivos.
Estava assim disponível a seus governantes uma riqueza incalculável, com grandes possibilidades de gerar bem-estar e impossível de ser comparada com a de qualquer outra nação latino-americana. Esse enorme volume de dinheiro teria tornado a Venezuela uma nação mais rica do que a Arábia Saudita, no entanto é hoje mais pobre que o Haiti. Para qualquer cálculo que a realidade atual só se explica pela soma fabulosa de dinheiro roubada, desperdiçada e mal utilizada pela camarilha marxista corrupta. Detentora do poder há 20 anos, ela transformou essa nação rica em uma das mais pobres do mundo.
Como se pôde chegar a tal catástrofe? Pela imposição do chamado socialismo do século XXI, que nada mais é do que comunismo marxista. Exterminando a propriedade privada, negando as liberdades mais elementares, ele transforma uma nação inteira numa prisão opressiva, onde se mata e se tortura, onde se negam os direitos humanos e se leva a população à miséria mais abjeta. Ao mesmo tempo, seus governantes se tornam magnatas milionários, graças à pilhagem sistemática dos recursos estatais.
Enquanto isso acontecia, a maioria dos governos do mundo parecia ignorar tais fatos amplamente noticiados, sintoma de uma cumplicidade inexplicável. Somente nos primeiros dias de 2019, quando o ditador Maduro estava para assumir um mandato presidencial novo e ilegítimo, os presidentes da Colômbia e do Brasil (Ivan Duque e Jair Bolsonaro) e alguns chanceleres latino-americanos, reunidos em torno do chamado Grupo de Lima, invocaram a solidariedade global para evitar esse absurdo.
Entretanto, embora quase todos os chefes eções: Cuba, Nicarágua e Bolívia), o Vaticano esteve presente, estreitando laços de amizade com o tirano. À cerimônia de posse foi enviado o encarregado de negócios da Santa Sé, Mons. George Koovakod, contrariando o parecer do presidente da Conferência Episcopal Venezuelana, Dom José Luis Azuaje, que denunciou em um comunicado que o regime “tornara-se ilegítimo e moralmente inaceitável”. De há muito deveria ter cessado a atitude de tolerância e cumplicidade com os que se assenhorearam dessa nação outrora livre e próspera.
A Venezuela deve ser reconquistada com a maior urgência, com a ajuda de todas as nações do mundo livre. O mundo atual possui múltiplos sistemas legais de pressão, intimidação e até mesmo de força, se necessário, para derrubar Maduro e todos os seus sequazes, a fim de levá-los perante um tribunal internacional de justiça para serem julgados por todos seus crimes, roubos, injustiças e violações escandalosas dos direitos humanos. E esta resposta da comunidade internacional não admite demora, deve ser aplicada imediatamente, para evitar na Venezuela uma tragédia humanitária ainda mais assustadora que a atual.
Quase três milhões de pessoas já fugiram do opressivo regime comuno-chavista. Mais de um milhão delas foram recebidas na Colômbia, e o restante está disperso pelas nações vizinhas. Se medidas imediatas não forem tomadas, essa diáspora poderá dobrar ou triplicar em 2019. Causará grande alívio a Maduro, pois na sua absoluta incapacidade de resolver os problemas do país, os milhões de venezuelanos que emigram deixarão de ser um fardo para o Estado socialista, que teoricamente lhes deveria fornecer tudo. A obrigação de cuidar dessas pessoas é transferida assim para as nações vizinhas, que as vê chegar numa condição de absoluta miséria e as acolhe com um espírito de caridade cristã.
Em meio a essa imensa tragédia, perguntamo-nos se o pedido do Papa Francisco em favor da harmonia e fraternidade significa que devemos rezar pela continuidade de Nicolás Maduro no poder. Ou se, pelo contrário, nossas orações devem ser orientadas para a solução real do problema, que consiste em retirá-lo de lá o mais rapidamente possível, através de todos os meios legais disponíveis.
Em sua saudação de Natal, parece que o Papa prefere ignorar a miséria gigantesca gerada pelo chavismo, com todos os seus abusos de poder, que levaram a Venezuela ao abismo onde se encontra hoje. Pedir para a Venezuela harmonia e fraternidade neste momento, mais parece um gesto de amizade com o regime ditatorial do que um ato de caridade para com os milhões de suas vítimas.
Os bilhões de dólares saqueados pelos ladrões chavistas deveriam ser recuperados de forma sumária e implacável, e devolvidos a seu legítimo proprietário, que é o Estado venezuelano. Analistas sérios consideram que seu montante supera 400 bilhões de dólares. Com esse dinheiro, depositado nos cofres dos bancos mais importantes do mundo, pode-se perfeitamente iniciar a reconstrução do país. Toda essa roubalheira é fruto da cleptomania marxista insaciável, que não reconhece nenhum valor moral. É melhor dirigirmos nossas orações para as vítimas do regime ditatorial do que para os ditadores marxistas.
* Fonte: Revista Catolicismo, Nº 818, Fevereiro/2019.
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