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Plinio Corrêa de Oliveira
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O erro fundamental do ecumenismo


O erro fundamental do ecumenismo

Plinio Corrêa de Oliveira

Conferência para Correspondentes Esclarecedores da TFP, 22 de junho de 1984. Sessão de perguntas e respostas.

        Pergunta – “Como devemos atuar diante do perigo que põe a interpretação do ecumenismo de alguns hierarcas da Santa Igreja, dado que entendemos tratam de unir a todo custo a verdade e o erro”?

       

É realmente um grande perigo. O que nós devemos fazer? Nós devemos não dar o nosso consentimento. E para isso nós devemos entender qual é o erro fundamental do ecumenismo: ele nega essa idéia na qual nós fomos educados, (ou seja) a idéia de que a Santa Igreja Católica se divide em Igrejas gloriosa, constituída pelas almas gloriosas que se salvaram e estão no Céu; depois, Igreja penitente, são as almas que estão no Purgatório; e a Igreja militante é a Igreja que na terra luta! Portanto, a Igreja Católica luta e lutará até o fim dos tempos, Ela é militante por definição!

        E como Ela se defende enquanto militante, Ela deixaria de ser Ela mesma no momento em que Ela deixasse de lutar. Mas ninguém luta sozinho. Só um Dom Quixote luta contra moinhos de vento. Quem luta é por definição militante, terá sempre com quem lutar. E, portanto, está envolvido nessa ideia de que mais ou menos continuadamente, não quero dizer de uma continuidade ininterrupta, mas mais ou menos continuadamente a Igreja vá ter que lutar contra tentativas de estabelecer doutrinas erradas. Continuamente Ela vai ter que lutar contra o pecado, contra o mal que vai procurar arrastar os homens no terreno da prática das virtudes. Ela é militante.

        Quem imagina que as igrejas constituídas para negar a Igreja Católica não são inimigas, mas são uma espécie de raizesinhas ou de desdobramentozinhos pequenos, mas sadios da Igreja Católica e não são, portanto, inimigos, mas colaboradores, este nega o caráter militante da Igreja. Contra esse eu estou em atitude militante, porque sou filho da Igreja militante!

        “Que meios temos para lutar contra a infiltração do ecumenismo na Igreja”.

        Em primeiro lugar é repetir isto que eu estou dizendo e o que se lê em revista, em jornais de caráter contra-revolucionário e que dão artigos a respeito desse assunto. Mas há um ponto muito importante: é que o ecumenismo não consiste só em afirmar esse erro explicitamente. Há um modo de ser ecumenista, há um modo de a gente se apresentar, até existe um modo de pronunciar as palavras que é ecumenista.

        Quem é filho da Igreja militante, que sabe que essa vida é uma luta, que o demônio nos espreita a todo momento, que sabe, portanto, que tem de guerrear, este, normalmente, é afirmativo no que diz. Ele segue a linguagem de Nosso Senhor, obedece ao preceito de Nosso Senhor: “Seja a vossa linguagem sim-sim, não-não”. E, portanto, até o timbre de voz é um timbre de voz habituado a dizer um “sim” carregado de afirmação e um “não” carregado de negação.

        Outrora isso caracterizava o varão que tinha verdadeiramente a nobreza e a força de caráter de sua varonilidade. Caracterizava a dama de fé, parecida com “a mulher forte do Evangelho”, cujo preço deve ser buscado até os confins da terra porque o valor dela é colossal.

        Hoje em dia isso está desaparecendo. Os senhores vejam como as pessoas falam: “É… talvez… quem sabe… é bem possível, não é”?

        Modo das pessoas se interpelarem hoje. Antigamente se dizia “Fulano” [tom normal]. Hoje é “fulaaanooo [meloso, adocicado]”.

        Isso, por detrás, tem ecumenismo dentro.

        A gente deve ser muito amável, muito gentil. Se isso não é dado a todos, alguns de nós participamos bem menos desse dom, outros tem mais, ser até agradável. Muitos Santos foram de uma companhia deliciosa. Mas de tal maneira que aos bons atraía para o bem, aos maus atraía para o bem também. E os outros que não se deixavam atrair para o bem, atacavam a eles. E por isso todos os Santos foram perseguidos.

        Quem tem o programa de vida de não ter inimigos para não ter amolação, esse é um homem maculado de ecumenismo no seu temperamento e no seu modo de ser, porque não vive sem inimigos quem segue a Nosso Senhor Jesus Cristo, que foi o homem…. o homem! O Homem-Deus a quem foi preferido Barrabás, o bandido!

        Uma veneranda e simpaticíssima senhora espanhola:

        Pergunta – “Em nossas Igrejas da Espanha há vários escândalos. Por exemplo, em um casamento na Igreja tal, na hora da comunhão, o sacerdote deixou o cálice para que cada fiel pegasse as hóstias que quisesse”.

        Eu estou imaginando que ele deixou na mesa da comunhão, qualquer aberração desse gênero.

        “Na hora de dar a paz, o sacerdote beijou publicamente várias mulheres. Diante de escândalos como esses, não podemos cruzar os braços. Que atitude devemos tomar os fiéis católicos?”

        Da mais inteira e completa reprovação. Agora, como é essa reprovação? Aqui vem a questão.

        Nós que nos encontramos aqui numa situação em que não podemos fazer uma Contra-Revolução revolucionária e não podemos também fazer uma Contra-Revolução aguada. É preciso saber andar. É preciso saber jogar.

        Uma vez eu vi, eu estava na Argentina e vi uma pessoa atrás de mim dizer uma coisa muito curiosa, eu até voltei para trás para ver quem é que dizia: “Hay que dar vueltas y vuelteretas”. Voltas grandes e voltinhas pata atacar a coisa.

        Para o cumprimento da virtude é também preciso dar “vueltas y vueltaretas”.

        Quando a gente é carregadamente anti-ecumênico, quando a gente é carregadamente sim-sim, não-não, no modo de olhar uma coisa e de menear a cabeça, a gente diz muito mais do que se dissesse toda espécie de coisas. No modo de se afastar ou no modo… nesses pequenos modos, nessas pequenas maneiras nós podemos dar a entender aquilo que talvez não fosse conveniente que nós disséssemos. Felizes dos que conseguem fazer isso. Devem treinar para conseguir fazer.

        Quanto ao mais, eu não sei verdadeiramente o que aconselhar, e acho que depende muito do movimento da graça no interior. Às vezes a graça recomendará prudência, e às vezes a graça recomendará uma atitude declarada. E eu não seria capaz de dizer que errasse toda e qualquer pessoa que bem alto protestasse contra isso na própria igreja. Eu diria: “Talvez esteja certo, talvez seja uma inspiração interior da graça”. Isso é o que eu acharia. Aí está a minha resposta a esta afirmação.

Nota: Para aprofundar o tema em questão, vide a primeira obra do Prof. Plinio (1943) “EM DEFESA DA AÇÃO CATÓLICA”, V Parte – A confirmação pelo Novo Testamento

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Nuno Alvares

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