Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
6 min — há 12 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 9:29:36 PM
Continuamos neste artigo a publicar excertos da obra de Anna Bramwell, “Ecology in the 20th Century, A History”. Clique no link a seguir para ver a primeira parte: O que é a ecologia? O panteísmo monista do fundador Ernst Haeckel
O extremismo do fundador superado pelos discípulos
Apesar de sua ênfase aparentemente inócua nas belezas e maravilhas da natureza, o monismo do fundador da ecologia Ernst Haeckel era um credo subversivo, não apenas por causa de seu repúdio à religião organizada, mas também por sua rejeição das tradições sociais.
Todos os organismos vivos, amebas, macacos, homem primitivo e homem educado, devem cooperar entre si. A sociedade humana existente deve ser rejeitada se for ultrapassada pelos avanços científicos.
Haeckel só se tornou presidente da Liga Monista, inspirada por ele, em 1905. Seus escritos foram atacados por grupos cristãos e conservadores. Embora fossem apresentados como de direita, os monistas eram firmemente esquerdistas, muitos deles socialistas e materialistas.
A maior parte dos primeiros ecologistas pertenceram ao Partido Social Democrata Alemão. O apelo de Haeckel encontrou ressonância numa geração de ateus republicanos e socialistas, desejosos de seguirem o que de fato era uma nova religião.
A ênfase de Haeckel naquilo que era ao mesmo tempo maravilhoso e orgânico era persuasiva. Era a crença na sociedade enquanto um todo orgânico a conceder validez científica ao relativismo.
A importância política que tiveram iria se manifestar no futuro, muitas décadas depois do colapso do nazismo, quando a classe média educada começou a apoiar os verdes.
Haeckel e os monistas não apoiavam a democracia, porque não confiavam que alguém — exceto os cientistas — pudesse compreender o homem e a sociedade.
O legado mais importante de Haeckel foi seu culto à natureza, a crença de que o homem e a natureza são uma coisa só, e que causar danos a um era causar danos ao outro.
Neste sentido, ele é mais fundador da moderna ecologia do que os biologistas holistas que elaboraram teorias referentes à conduta humana e à organização social.
Em 1909, o fisiologista alemão Jacob von Uekhull empregou pela primeira vez o termo “ambiente”, enquanto significando o mundo subjetivo ou fenomenal do individuo.
O fosso de separação entre o homem e o animal estava encurtado pelo desenvolvimento da etologia.
Os etologistas procuravam os mecanismos precisos que explicassem os instintos. Sem o conceito de ecologia, não se estabeleceria a relação entre os organismos e os ambientes em seu “habitat” natural.
O conceito promovia a ideia de que a conduta animal ou humana só poderia ser entendida examinando seu “habitat” natural. O que levou à conclusão de que o laboratório não era o meio adequado para se compreender as complexas e sutis interações entre os animais e o homem.
O primeiro e mais famoso etologista foi o naturalista austríaco Konrad Lorenz. Ele via os animais e o ambiente como um todo.
Cada animal era um indivíduo. Segundo ele, os animais aprendem, modificam-se, amam, sentem surpresa, inveja e dor como os homens.
Com base nesta nova ciência, viu-se que o fosso entre o comportamento humano e o animal não era tão grande como se pensara.
A porta estava aberta para o anti-antropomorfismo científico, para a ideia de que é errado distinguir a situação moral e mesmo legal entre as diferentes espécies.
Lorenz argumentava que se se reconhecesse a natureza animal do homem, este teria mais facilidade em resolver seus problemas políticos e sociais.
Através da etologia humana, podemos ver algumas raízes ocultas da ecologia que aparecem. A primeira é a posição anti-antropomórfica.
A visão ecológica do homem enquanto animal não dependia mais de uma avaliação moral. Os valores ecológicos estavam apoiados por uma nova ciência.
O anti-antropomorfismo explícito de Haeckel foi desenvolvido pelos etologistas. O vitalismo influenciou também o quadro científico da própria terra e da vida humana.
Os geógrafos alemães von Humboldt e Carl Ritter descreveram a terra como um organismo em funcionamento, defendendo a tese de que o homem e o solo têm uma aliança mística indissolúvel.
O termo biosfera foi reativado na década de 20 por um biólogo russo. A fusão do vitalismo biológico com a geologia orgânica parece ter sido uma premissa para a visão global dos ecologistas de hoje.
Os ecologistas economistas são considerados por alguns autores como os primeiros ecologistas de fato.
O apelo à preservação das escassas reservas naturais constitui talvez um dos mais fortes argumentos dos verdes.
A existência de reservas naturais fixas, não-renováveis, tornou-se um problema quando se entendeu as implicações da teoria da dissipação da energia.
O universo foi então visto como um sistema fechado: a energia dissipada não poderia mais ser substituída.
Alguns ecologistas energéticos têm uma atitude positiva face às possibilidades da tecnologia orientada para uma espécie de futurismo “sobreviventista”, mais difundido na comuna ecológica de hoje em dia do que no início do século XX.
O medo da escassez de energia, de solo, de alimentos, a super-população, etc., obsessionava os ecologistas energéticos.
Surgiu uma disciplina baseada nesses problemas. Às grandes fazendas capitalistas, preferiu-se o campo trabalhado intensivamente pelo camponês.
O aproveitamento máximo da terra visava a eliminação das economias de mercado “desperdiçadoras”.
Os camponeses desligados do capitalismo agrário eram considerados como a fonte não só da coesão social e dos valores conservadores, mas também do progresso agrícola ecologicamente sadio.
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