Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
5 min — há 4 anos — Atualizado em: 3/4/2021, 5:34:12 AM
Nos primeiros meses de 2020, a maioria da população mundial foi induzida por autoridades e pela mídia a considerar a pandemia como uma ameaça não só à saúde pública, mas a todo o modo de vida contemporâneo. Para evitar o contágio, foram exigidos inúmeros sacrifícios de todos.
Quanto aos católicos, a supressão do Santo Sacrifício da Missa e dos sacramentos revelou-se um sacrifício doloroso, além de muito inquietante. Houve um clamor intenso quando as celebrações da Semana Santa foram proibidas. As cenas são conhecidas, e não preciso repisá-las aqui. Considerando superficialmente a questão, e apenas no plano imediato, argumenta-se que todos foram privados de seus direitos, e o mesmo teria de ser aceito pelos católicos.
Entretanto, à medida que as chamadas ‘ondas da pandemia’ se sucedem, é inevitável levantar a suspeita de que os grandes alvos dos ‘fiscais anti-coronavírus’, e também os grandes prejudicados, são a Igreja Católica e a civilização cristã. O período do último Natal forneceu-nos dados impressionantes dessa realidade.
Proibições com endereço certo – a Igreja Católica
Governos de vários países editaram regras para restringir as festividades natalinas. No próprio local onde o Menino Deus nasceu, na Terra Santa, medidas draconianas substituíram as alegrias do fim-de-ano pela tristeza e o isolamento. Assinala-o a AP News: “O coronavírus lançou uma nuvem sobre as celebrações do Natal em Belém, praticamente fechando a cidade bíblica. O renomado serviço de iluminação para árvores de Natal foi limitado a um pequeno grupo de pessoas autorizadas, assim como os serviços religiosos na véspera de Natal. ‘Belém está morta’, disse Maryana al-Arja, proprietária do Angel Hotel”.1 Quais as justificativas para isso? As normas foram impostas pela Autoridade Palestina “para ajudar a conter um aumento nos casos de coronavírus”.
Na Europa, onde a Santa Igreja disseminou suas bênçãos por séculos, com destaque especial para a época natalina, as determinações se mostraram ainda mais sufocantes. Na Itália, houve proibições de viagens, missas e mesmo encontros familiares!2 O primeiro-ministro italiano Giuseppe Conte assinou um decreto de restrições no início de dezembro de 2020, acarretando protestos e tensões em muitas faixas do público.
Causa estranheza o fato de hotéis de esqui, nos Alpes italianos, terem recebido autorização para permanecerem abertos; e essa autorização vigora no mesmo período do fechamento das igrejas.3 É totalmente inútil negar o pressuposto contraditório que ela contém: ambientes católicos favorecem o contágio; hotéis para turistas, não.
A União Europeia promoveu uma campanha acirrada para ‘cancelar o Natal’. Uma das diretrizes da entidade solicitou aos estados-membros proibirem as missas de Natal, ou então autorizar que elas fossem celebradas com número mínimo de fiéis. Em artigo para La Nuova Bussola Quotidiana, Riccardo Cascioli alertou: “Agora fica difícil negar que estamos enfrentando um ataque gratuito contra as Missas e contra toda presença cristã visível.4 E acrescenta sua perplexidade pelas regras de viés anticatólico: “O alarme da União Europeia está completamente fora de lugar, especialmente porque as igrejas nunca foram relatadas como locais de focos”.
Proibições com dois pesos e duas medidas
Alguém poderia argumentar que as festividades de Natal provocam inevitáveis aglomerações, aumentando o contágio da covid-19, daí a necessidade das políticas de restrição. Mas parece que o vai-vem das ações contraditórias não tem fim, e esses disparates cumulativos levantam cada vez maiores suspeitas de seu objetivo ser um ataque velado, mas persistente, ao Catolicismo.
No final de novembro de 2020, cerca um milhão de argentinos se aglomeraram para o velório de Diego Maradona em frente à Casa Rosada, em Buenos Aires. A oposição iniciou uma campanha de críticas ao presidente Alberto Fernandez, alegando que a falta de ‘distanciamento social’ causaria aumento considerável nos contágios; mas essas advertências foram ignoradas. Dias depois o governo argentino anunciou o fim da longa quarentena de quase nove meses.5 Com quem está a insensatez? Com os que apontam o perigo ou com quem o despreza?
Maradona havia atuado pelo time de futebol de Nápoles, na Itália, o que fez do esportista uma celebridade local. E não consta que a autoridade fiscalizadora tenha se preocupado com a aglomeração de milhares de pessoas da cidade, nas homenagens prestadas ao falecido jogador argentino.6 Portanto, quando católicos se reúnem para celebrar o Menino Jesus, todas as sirenes da pandemia soam, mas teimam em silenciar quando há aglomerações de torcedores. Estranha discriminação…
Sacrificar o Salvador para salvar vidas
Alguém poderia ainda excogitar uma justificativa para essas discrepâncias de tratamento. Por exemplo, que durante os difíceis tempos de distanciamento e lockdown seriam esparsos e imprevisíveis fatos como o funeral de Maradona; mas não se pode dizer o mesmo do Natal, que é uma celebração corriqueira, repetida anualmente em datas exatas. Já se sabia que elas aconteceriam. Aí, sim, as restrições se impunham para evitar mais mortes pelo vírus: Sacrifiquemos o Natal! Salvemos vidas!
Justificativas como essas acabam revelando uma constante e soez animosidade pelas raízes de nossa civilização, pela Igreja Católica para cuja implantação Nosso Senhor Jesus Cristo veio à Terra. O Ocidente sem o Natal — e, no fundo, sem o Catolicismo — é um corpo sem vitalidade, análogo a uma casa de família onde não haja crianças. Caminhará inevitavelmente para a deterioração, para a morte.
O neopaganismo que se apoderou do mundo moderno vai expulsando de sua casa — isto é, do Ocidente — a divina criança, o Menino-Deus. Inocula-nos assim um vírus mais mortal que o da covid-19. Depois disso, o que restará de vitalidade na nossa civilização?
Quantos sofrimentos infligidos ao Coração Imaculado de Maria! Unamos nossas lágrimas às d’Ela, e peçamos a intervenção urgente de Deus para salvar a Cristandade.
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Notas:
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