Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
3 min — há 11 anos — Atualizado em: 2/8/2018, 8:38:29 PM
Os advogados chineses que ousaram defender nos tribunais a internautas, jornalistas e defensores dos direitos humanos queixosos estão sendo presos dentro do movimento de brutal repressão politica desencadeado pela administração do novo presidente socialista Xi Jinping, explicou reportagem do “Le Monde”.
O advogado Li Fangping, defensor de longa data das vítimas da arbitrariedade na China denunciou as novas artimanhas processuais que estão sendo postas em prática.
Alguns advogados foram proibidos de defender causas “sensíveis” e tiveram que abandonar seus clientes no meio do processo. E os que ainda podem exercer, tiveram cerceada a liberdade de visita-los.
Embora pareça tragicômico, quando as intimidações da ditadura não desanimam os dissidentes, os advogados podem vir a parar na prisão e serem torturados até seus cliente mudarem de pensamento.
Foi o caso do advogado Tang Jitian encarcerado em Heilongjiang, onde ele advogava por uma mulher enviada a um campo de trabalho forçado por causa de suas crenças religiosas.
Nove outros advogados vindos de diversas cidades conseguiram liberar a Tang Jitian. Ele já havia sido preso e torturado em 2011.
O internauta Dong Rubin, muito conhecido na província de Yunnan está preso após manifestações contra a construção de uma refinaria em Kunming. Seus advogados penam para conseguir vê-lo.
“O patamar até onde a polícia pode intervir está cada vez mais largo”, disse Nicolas Bequelin, pesquisador de Human Rights Watch de Hong Kong.
“Um certo número de opositores que agiam em espírito de negociação com o regime e não eram incomodados, hoje são vítimas de um aparelho de repressão legitimado pela ampliação de poderes nas diversas campanhas repressivas em curso”, disse.
O ativista Guo Feixiong não pode ser visitado pelos seus advogados após 70 dias de prisão – o prazo máximo fixado pela lei é de 37 dias.
Guo Feixiong anima o Movimento dos Novos Cidadãos que quer dar mais importância à Constituição.
Guo foi acusado de ter “reunido uma multidão com o objetivo de perturbar a ordem pública”.
Os advogados temem que a negativa de ser visto pelos advogados se explique pelo fato “que as autoridades temem que encontrem sinais de tortura”.
Guo já foi cruelmente torturado durante outros encarceramentos, observou a jurista Eva Pils, professora da Faculdade de Direito da Universidade chinesa de Hong Kong.
O empresário Wang Gongquan está preso desde setembro pelos mesmos motivos.
As novas campanhas de repressão fizeram ressurgir a velha retórica contra a lei da China maoísta. As anteriores declarações do Partido Comunista pelo Estado de Direito já não são mais críveis, segundo “Le Monde”.
O jornal francês exemplifica que recentemente o presidente socialista Xi Jinping apelou a um método de “resolução de problemas internos” empregado em 1963 sob Mão Tsé Tung.
Tratou-se da chamada “experiência de Fengqiao” onde primou o ditatorialismo feroz.
“Todas essas noções estão no extremo oposto do Estado de Direito! Como podem ser aplicadas na China de hoje que se diz voltada ostensivamente para a ‘sociedade harmoniosa’?”, queixou-se Qian Gang, ex-diretor do semanário liberal de Cantão ‘Nanfang Zhoumo’, numa análise publicada pelo centro de pesquisas da mídia chinesa da Universidade de Hong-Kong.
Defender a legalidade hoje na China de Xi virou um crime punido com o cárcere, campo de trabalho forçado e tortura.
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