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A política indigenista é caótica, afirma o General Heleno


No dia 29 de maio último, em evento promovido pelo Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, mais de 350 pessoas acorreram ao Club Homs, na capital paulista, para assistir à conferência do General Augusto Heleno Fragoso sobre a questão indígena na Amazônia.

A sessão foi aberta pelo Dr. Caio Xavier da Silveira, diretor do Instituto. Ele afirmou que o conferencista conhecia como ninguém o problema do índio, pois enquanto a celeuma em torno da demarcação da Reserva Raposa/Serra do Sol atingia seu clímax, o Gen. Heleno se encontrava lá em posição privilegiada.

E lembrou a propósito este verso de Gonçalves Dias: “E à noite, nas tabas, se alguém duvidava do que ele contava, dizia prudente: Meninos, eu vi”. Ele viu, ele lá estava. Viu com os seus olhos lúcidos e patriotas.

O General esclareceu que ampliaria o tema da Raposa/Serra do Sol ao falar sobre outros desafios. Para ele, conjugada com outros problemas, a questão indígena é seríssima e capaz de fazer perder o sono.

Diante de muitas indagações, ele começou por dizer que não é candidato a nada, nem filiado a qualquer partido político. Utilizando-se de slides com desenhos e gráficos, fez um apanhado didático do cenário internacional.
Após a falsa euforia do Brasil como terceira potência em 20 anos, caímos na real ao nos contentarmos com a sétima ou oitava economia do mundo. Para ele, isso não é pouco. O país é tão rico, que qualquer corrupção de uma pequena prefeitura já desvia 20 milhões de reais…

Para o palestrante, os insucessos nas guerras do Afeganistão e do Iraque, além da crise econômica de 2008, fizeram com que os EUA conhecessem um declínio. O que faz acreditar na sua recuperação é a sua superior tecnologia. Eles não abrem mão de pesquisas e de inovações tecnológicas, além de atraírem as grandes cabeças mundiais.

Pari passu às crises europeia e americana adveio a ascensão da China. Pelo que consta, é o país que mais cresce no mundo, ao utilizar-se daquela fórmula do violino: segura com a esquerda e toca com a direita. Com regime de exceção, trabalho escravo, espionagem industrial e reengenharia de tudo, a China não encontra óbice. Na verdade, ninguém sabe o que se passa lá dentro.

Com crescimento de cerca de 10% ao ano, agora um pouco menos, o PIB chinês já preocupa ao se encostar no PIB americano. Isto é preocupante, pois a China é uma caixa preta. Mas ela depende de matéria prima nossa e de países da África.

A relação China-EUA passou a ser tratada como algo muito importante. O cenário de crise das economias desenvolvidas ao lado do crescimento da China faz com que a relação bilateral passe a ter uma influência muito grande daqui para frente. Mesmo assim, os EUA não vão perder a sua supremacia em médio ou curto prazo.
O Brasil se insere no contexto dos BRICS, organização que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Procuramos uma posição de relevância junto a esse grupo de países com muita capacidade de influência. Só que nessa relação bilateral Brasil-China, as estratégias ainda não foram definidas.

Somos vendedores de commodities para a China, mas elas se esgotam. Em troca, recebemos empréstimos, investimentos diretos e grande déficit comercial que ao longo do tempo pode nos empobrecer.

Olhando para a América do Sul, diz-se não haver a menor possibilidade de uma guerra. Mas podem acontecer episódios que provoquem tensões e daí podem sair conflitos. Se não estiver envolvido, o Brasil atuará fatalmente como poder moderador.

O ambiente geopolítico sul-americano sofre a ameaça do grupo bolivariano. Embora o Brasil tenha como um de seus postulados a democracia e o estado de direito, vai lá beijar a mão dos Castro, dos maiores tiranos da História. Aprova todas as barbaridades feitas nos círculos bolivarianos e ainda vem falar em democracia. Fica difícil de acreditar. Fala-se de democracia e empresta dinheiro para construir porto em Cuba.

A Comissão da Verdade é uma excrescência. Em nenhum documento das organizações de luta armada eles falaram em lutar pela democracia real. Na verdade, a democracia deles é o regime cubano. Eles queriam transformar o Brasil numa imensa Cuba, num satélite da União Soviética. Eles tinham como ícone a Albânia!

E agora todos eles viraram defensores ardentes da democracia. Há gente que tem quatro codinomes. Não vou dizer quem é… Nunca vi alguém lutar pela democracia com codinomes.

O potencial do grupo bolivariano é considerável. Eles têm petróleo, gás natural, do qual nós dependemos, muito recurso mineral e cocaína! Eles têm saída para o Pacífico, o Atlântico e o Caribe.

Por outro lado, o nosso efetivo militar nas fronteiras é suficiente para desencorajar qualquer ameaça à integridade territorial. Estamos falando do problema militar. Não temos problemas com os vizinhos. São dez vizinhos com os quais mantemos relações cordiais. Mas seria não ter senso patriótico considerar que o Brasil, com o seu enorme potencial, não fosse alvo da cobiça internacional.

Quais são as vulnerabilidades do Brasil? – Falta de estrutura básica compatível com as suas necessidades. Por falta de vontade política, há muita roubalheira ao lado de muita falta de planejamento. Não temos estrutura para ser a sétima economia do mundo.

Padecemos de deficiências na saúde, na educação e no saneamento. Não é falta de dinheiro. Quem fala em aumentar a verba de educação e saúde nunca pegou o orçamento para ver a quantidade de dinheiro aplicado aí. Se comparado com a verba das Forças Armadas, a gente chora.

Falta mão-de-obra qualificada. As próprias empresas estão qualificando os seus empregados. São os head hunters, os caças talentos. Já que não os encontra, os prepara.

Política ambiental confusa, com prejuízo para a situação fundiária e energética. São os eco-maníacos, os eco-chatos, como vêm sendo chamados. Roraima é um caso típico. Lá existe uma hidrelétrica planejada há anos em Contigo. As autoridades não dão licença ambiental para fazê-la por causa da rã amarela. Lá, recebemos energia da Venezuela. Por que até hoje não fizemos a hidrelétrica de Contigo? Por causa da rã amarela…

Política indigenista irreal. Avisei que iria falar. Não foi falta de lealdade, pois eu conhecia a Amazônia desde tenente. Como comandante militar, conheci um brigadeiro sensacional. Aos sábados pegava o avião e ia visitar as comunidades indígenas levando médico e veterinário.

Tive oportunidade de visitar muitos lugares. Com dois meses de comando da Amazônia, em reunião do Alto Comando, eu avisei: estou presenciando coisas que me têm deixado revoltado. São verdadeiros acintes ao ser humano. Se continuar, com seis meses de comando, eu vou colocar a boca no trombone. E a cada reunião do Alto Comando eu levava vídeos e fotografias.

Depois de seis meses, declarei que a política indigenista era lamentável, para não dizer caótica. Hoje tenho certeza de que ela é caótica. Nesta semana um policial foi atingido por uma flecha em Brasília. Agora se discute se a flecha é arma ou se faz parte da cultura indígena…

Desvalorização dos princípios éticos e morais. Esse para mim é o maior problema do país e tem reflexo em todos os outros. Eu não quero superestimar a capacidade de uma esquerda virulenta que almeja acabar com as nossas instituições. Não sei se serão capazes de fazer isso.

* * *

Por fim, o Gen. Heleno expôs a trágica situação em que se encontra a reserva indígena Raposa/Serra do Sol, cinco anos após a sua demarcação. Com a expulsão dos antigos proprietários, aquela região tão próspera transformou-se numa imensa favela indígena.

O Príncipe Imperial do Brasil, Dom Bertrand de Orleans e Bragança, ao encerrar a reunião, lembrou a denúncia profética de Plinio Corrêa de Oliveira no seu livro Tribalismo Indígena, ideal comuno-missionário do Brasil nos século XXI, no qual apontou, há 35 anos, a conspiração de neomissionários contrários à catequização e à civilização dos índios, preparando uma revolução indigenista.

De fato, uma grande revolução está sendo feita em nome dos índios, visando a divisão do Brasil e a liquidação do direito de propriedade e do produtor rural.

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Nelson Ramos Barretto

Nelson Ramos Barretto

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Nelson Ramos Barretto é colaborador do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira além de jornalista e escritor especializado em assuntos ligados a reforma agrária, agronegócio e propriedade privada no Brasil.

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