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Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo

Putin quer um novo Holodomor?

Por Helio Brambilla

7 minhá 3 anos — Atualizado em: 4/29/2022, 8:49:57 PM


Ucranianos vítimas do Holodomor para escapar da fome tentam chegar vivos a outra região
  • Hélio Brambilla

Nuvens vão se adensando, cheiro de terceira guerra no ar e de um possível Holodomor universal

Tempos atrás, tive a honra de entrevistar em Curitiba Dom Efraim Krevey, Arcebispo-mor dos ucranianos no Brasil. Contou-me detalhes do Holodomor, a morte devido à fome de 8 a 10 milhões de proprietários rurais da Ucrânia, levada a cabo pelo exército do sanguinário Josef Stalin sob o pretexto de conseguir alimentos para os soldados russos.

Na ocasião, Dom Efraim [foto]se manifestou igualmente contra a entrega dos armamentos nucleares à Rússia em troca da independência da Ucrânia, pois previa que cedo ou tarde os russos a atacariam novamente a fim de reabsorvê-la na União Soviética. Segundo ele, no Holodomor morreram homens, mulheres e crianças, pois os russos acabaram com as propriedades agrícolas, consideradas o “celeiro do mundo”, graças ao dedicado trabalho de seus agricultores e à fertilidade de suas terras, consideradas as melhores do mundo.

Outra componente desse extermínio foi o fato de a região ser habitada por cossacos, homens que lutaram com denodo contra Stalin [foto abaixo]. De passagem, durante o Império, o Brasil importava da Ucrânia o excelente trigo ali produzido. A sanha imperialista de Moscou não toleraria um país livre, com suas tradições e costumes, seu vívido sentimento familiar e suas propriedades particulares prosperando.

No livro A liberdade da Igreja no Estado comunista, Plinio Corrêa de Oliveira afirma ser impossível a liberdade religiosa num regime no qual o direito de propriedade é negado. A propriedade privada e a livre iniciatva, no campo ou na cidade, são condições de progresso para qualquer povo. A propósito, o Papa Leão XIII ensinou: “Quem não é dono do fruto de seu trabalho não é dono de si mesmo e de sua família”. E sem a verdadeira liberdade o homem passa a ser um escravo do Estado.

Quanto ao Holodomor, tratou-se de uma chacina como poucas havidas na História, e só não foi considerada holocausto porque duas ou três nações se negaram a votar a favor dessa denominação, para que o termo ‘holocausto’ fosse exclusividade do morticínio de judeus na Segunda Guerra Mundial. Mas isso não diminui a gravidade do acontecimeento, pois o número de mortos foi quase duas vezes superior ao da Covid em dois anos de pandemia.

A Ucrânia recobrou sua independência em 1991. Com 600 mil km2 de superfície, é o segundo maior país da Europa. Está entre os 10 maiores produtores de minério de ferro, manganês, titânio e urânio, além de possuir grandes indústrias de alta tecnologia. Na agricultura, produz mais de 30 milhões de toneladas de trigo, 5 de toneladas de milho, 440 mil de cevada, 3,5 milhões de toneladas de óleo de girassol, ou seja, não só atende sua população de quase 50 milhões de habitantes, como abastece muitos mercados com produtos agrícolas de alta qualidade.

Ressalte-se que sua tecnologia é de ponta, inclusive com máquinas agrícolas importadas do Brasil. Compreende-se por essas e outras razões, que a cobiça do invejoso Putin não podia deixá-los quietos. — Quererá o atual ditador russo fazer um novo morticínio em massa na Ucrânia mediante o uso de armas químicas e até atômicas?

Ademais, a crise dos fertilizantes no Brasil poderá afetar a cadeia produtiva nacional de alimentos e deixar um bilhão e 500 milhões de pessoas do mundo passando fome. Se isso acontecer a culpa será de Putin e de seus amigos do PT no Brasil. O adubo aqui utilizado é o NPK (‘N’ de nitrogênio, ‘P’ de fósforo e ‘K’ de potássio). Importa lembrar que o Brasil possui a terceira maior reserva de potássio do planeta, grande parte dela fora da Amazônia e das reservas indígenas.

Minas Gerais, São Paulo e Sergipe, onde quase 900 milhões das 1,1 trilhão de toneladas estão localizadas, ser-nos-iam suficientes até 2089. Na Amazônia, com aproximadamente 200 bilhões de toneladas detectadas até agora, apenas 12% ficam em área indígena. Trata-se de um veio do mineral com quase 300 km de comprimento, começando pouco a oeste de Santarém-PA e terminando junto à foz do rio Madeira, em direção a Manaus, nas margens do Amazonas.

Esse veio mineral pertencia à Petrobras, mas no governo Lula foi cedido por 300 milhões de dólares à empresa canadense Mosaic, que detém com outras empresas canadenses 32% do potássio mundial. O Brasil importa 85% do potássio que atende a nossa agricultura, em grande parte por culpa do convênio 100/97, que durante 24 anos tributou os insumos produzidos no Brasil, mas isentou a importação desses mesmos produtos.

 No governo de Fernando Henrique — o Kerensky brasileiro, que preparou o caminho para a ascensão do PT —, o Brasil se tornou o único país do mundo a subsidiar a importação desses insumos e, ao mesmo tempo, taxar a produção interna. Quando o convênio ia ser renovado pelo conselho de política fazendária (Confaz), Sergipe falou alto e se recusou a assinar a renovação. O governador Belivaldo Chagas, apoiado por outros estados nordestinos, convenceu-os a alterar o convênio 100/97.

Essa isenção fez a Vale do Rio Doce desistir do Projeto Carnalita [foto], que produziria anualmente 1,2 milhão de toneladas de potássio no município sergipano de Laranjeiras. O Convênio contribuiu ainda para o fechamento, também em Laranjeiras, da Fafen, pertencente à Petrobras, a qual foi reaberta ao passar para a iniciativa privada, voltando a produzir 650 mil toneladas de ureia e 450.000 de amônia, que são os chamados nitrogenados.

Um programa oficial do governo Temer, ao invés de desonerar a exploração de insumos por adubo para incentivar a auto-suficiência brasileira, fez exatamente o contrário: acabou com a produção desses insumos, fechando ou vendendo as fábricas de Camaçari/BA, Laranjeiras/SE e Três Lagoas/MS, e os taxou em 17%.

Tendo o Brasil importado 15 bilhões de dólares de fertilizantes (ComexStat – Ministério da Economia) em 2021, se calcularmos uma média conservadora de 10 bilhões de dólares durante 25 anos, seriam 250 bilhões de dólares de importação que, convertidos para o real, perfariam 1,250 trilhão de reais. Com essa dinheirama desnorteante teria sido possível montar várias fábricas de fertilizantes que nos permitiriam deixar de ser importadadores para nos tornarmos exportadores. Sem contar os empregos gerados, os impostos indiretos e o progresso nas regiões industriais.

Relembrando que esse Convênio 100/97 foi editado no governo FHC, pergunta-se por que, depois de 13 anos do PT, ninguém disse nada. — Não teria sido uma “combinação com os russos”, já que 40% de nossas importações provêm da Rússia e da Bielorússia? Que uso estaria fazendo hoje Putin desse dinheiro?

Vítimas do Holodomor morriam de fome pelas ruas de cidades ucranianas

No início desta matéria tentamos mostrar a possibilidade de acontecer um novo Holodomor, a qual aumenta a cada dia de guerra, pois a época de plantio na Ucrânia vai chegando com o degelo, e no hemisfério Norte, diferentemente do que ocorre no Brasil e na América do Sul, não há segunda safra ou safrinha, e se os ucranianos não plantarem logo, a fome que isso pode representar para eles e para os países necesssitados de cereais é simplesmente apocalíptica.

Além disso, no campo industrial, mais de 90% do neon utilizado pela indústria de chips dos Estados Unidos provém da Ucrânia, e qualquer alteração no seu abastecimento poderia agravar a escassez de microchips, que já foi um problema significativo em 2021. Se a meta é aniquilar o capitalismo com o seu regime de propriedade privada, de família e e das boas tradições, o golpe parece bem calculado.

Não podemos encerrar esta matéria sem lembrar as proféticas mensagens de Nossa Senhora em Fátima, no ano de 1917: “A Rússia espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja […] Mas, por fim, o meu Imaculado Coração triunfará”. Peçamos à Virgem Santíssima que nos proteja em dias catastróficos para a humanidade.

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Helio Brambilla

Helio Brambilla

38 artigos

Diretor de Paz no Campo e colaborador do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira. É autor de diversos artigos sobre a questão agrária, quilombola e propriedade privada no Brasil.

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