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Plinio Corrêa de Oliveira
IPCO em Ação

Retornam os ideais que nunca morreram


Marcha contra o “casamento” homossexual em Paris

O site do jornal francês Le Monde, de conhecida tendência socialista, em sua edição do dia 15 de abril último, resolveu “medir a temperatura” dos manifestantes que compareceram às marchas contra o projeto de “casamento” homossexual e obteve como resposta uma quente e outra fervendo.

Com uma chamada na primeira página perguntando aos leitores “Você participou da mobilização contra o ‘casamento homossexual’? Conte-nos.”1, o “Le Monde” recebeu, em menos de duas horas, centenas de testemunhos dentre os quais foram escolhidos alguns para serem  entrevistadas via telefone ou e-mail.

Não menos que surpresos constataram que “todos, ou quase, dizem considerar-se vítimas de ‘desprezo’ por parte do governo. E falaram sobre o tempo que eles têm dedicado nas últimas semanas a sua causa.”

Em muitos casos a mobilização que ocorre na França desde 2012 contra o projeto de “casamento” homossexual – recentemente aprovado no Senado – tem sido o batismo de fogo de muitos dos que nunca haviam se manifestado por coisa alguma. Como declarou Philippe, 34, advogado em Lyon, um cristão praticante.

“Um dever pela França”

Ao passo que para Clémence, 28, católica praticante, professora de história e geografia em um colégio de Seine-Saint-Denis, engajada na organização da “Manif Pour Tous” (Manifestação para Todos) escreveu em seu depoimento enviado ao  Le Monde: “Mesmo que eu me canse de dedicar muito do meu tempo livre, faço isso como um dever pela França”.

“O fundo do meu pensamento”

Por e-mail Esther, 36, de Bordeaux manifesta: “Esse compromisso de lutar contra esse projeto tem diversos sentidos para o futuro e ocupa o fundo do meu pensamento da  manhã à noite, e me toma facilmente três horas por dia seguindo as ações nas redes sociais ou discussões com os amigos a favor ou contra, ou ainda participações nos atos realizados”.

“Ignorados, humilhados”

Sob o subtítulo, escreve o Le Monde:

“Em quase todos os depoimentos, a palavra ‘desprezo’ surge com regularidade. ‘É claro que nos sentimos ignorados, humilhados, caricaturizados e desprezados’, explica Irène, que se diz jornalista. ‘Somos apresentados como fascistas extremistas, o que é ridículo quando a gente se encontra no meio de um desfile de mães de família e de pessoas que saem do trabalho. Os manifestantes, nós todos, estamos chocados pelo fosso que separa nossas intenções da imagem transmitida pela mídia e a classe política. Estou convencida de que a mobilização ganhará amplitude até que a opinião dos manifestantes seja levada a sério. Era a única exigência no início: um debate verdadeiro. O fato de atirar 700 mil petições no lixo fez o copo transbordar’.”

“Verdadeira polícia do pensamento”

“Existe uma verdadeira polícia do pensamento em nosso país”, escreve Axelle, 25. “Se eu digo que penso que, na minha opinião, vale mais para uma criança ter um pai e uma mãe, sou fascista, de extrema-direita, identitária, católica fundamentalista! Não, senhores jornalistas, senhores políticos, vocês estão enganados.”

“Esse governo fez de mim um militante”

Não menos relevante é o testemunho de Ghislain, 29, diretor de inovação em uma empresa start-up na região parisiense. Ele conta que “nunca havia participado de uma manifestação, política ou sindical, antes de 17 de novembro de 2012”, dia da primeira “Manifestação para Todos”, em Paris. Para Ghislain, 13 de janeiro foi “o choque do número, da massa, da mobilização. Um militante nasceu naquele dia”, afirma. “Eu compreendi naquela tarde que o governo nos minimizaria e nos humilharia o quanto pudesse, mas que nada mais deteria nossa mobilização”. Ele resume assim seu percurso: “Esse governo fez de mim um militante”. Ele fez uso de folhetos, blog, conta no Twitter… dia, noite e fim de semana.

“Chassez le naturel, il revient au galop”2

Assim é atualmente a França do iluminismo, da Revolução Francesa, da trilogia Liberdade, Igualdade, Fraternidade que em nome da razão ousaram atentar contra altar e trono e eis que voltam a galope o bom senso e os ideais da cristandade, que nunca morreram.

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Fonte:

1 – http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/le-monde/2013/04/23/o-governo-hollande-me-transformou-em-militante-diz-frances-contrario-ao-casamento-gay.htm

2 – “Chassez le naturel, il revient au galop” (expulsai o natural que ela retorna a galope) expressão tirada da literatura francesa especificamente da peça “Le Glorieux” de Destouches (Phillippe Néricault) que se inspirou na ideia de Horácio (ano 50 antes de Cristo): “Naturam expelles furca, tamen usque recurret”.

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Nilo Fujimoto

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