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Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo

São João Evangelista, apologia da virgindade e da luta

Por Plinio Corrêa de Oliveira

5 minhá 3 anos — Atualizado em: 12/28/2021, 3:58:56 AM


Techo de D. Géranger: “Descendente de David… da família da Santíssima Virgem, São João era parente de Nosso Senhor segundo a carne. Enquanto outros foram Apóstolos e discípulos, ele foi amigo do filho de Deus. Essa predileção veio de sua virgindade, graças especiais…

“Primeiro. Foi ── segundo o Evangelho ── o discípulo que Jesus amava. Essa simples frase basta por si mesma. Mas esse amor deve ter sido para São João o princípio de dons assinalados que eu recomendo à admiração de toda a Igreja. Entre eles destaca-se o fato de ter sido o primeiro defensor do Verbo Divino do Filho consubstancial ao Pai, que a heresia já começava a negar. Nessa defesa, São João eleva-se na águia até ao Divino Sol em ensinamentos luminosos e límpidos.

“Se Moisés após ter conversado com o Senhor retira-se desse maravilhoso entretenimento com a fronte ornada de raios maravilhosos, quão radiosa deveria ser a face admirável de João que se apoiava sobre o Coração de Jesus, onde, pensava o Apóstolo, estão ocultos todos os tesouros de sabedoria e de ciência. Os dons divinos também, seus escritos sobre a divindade do Verbo.

“Segundo: foi o filho de Maria! Ao morrer, Jesus deixava Maria. Quem na terra mereceria receber um tal legado? De certo o Salvador devia [enviar] os seus Anjos para guardar e consolar a Santíssima Virgem. Mas do alto da Cruz, o Salvador viu o seu discípulo virgem e sua castidade o tornou digno de herdar esse tesouro tão valioso. Assim, segundo a bela frase de São Pedro Damião, Pedro recebeu em depósito a Igreja, a Mãe dos homens; mas João recebeu Maria, a Mãe de Deus.”

***

Comentários do Prof. Plinio:

Em primeiro lugar, é essa afirmação, muito verdadeira, de que o sacrifício da virgindade, a oblação da castidade é uma oblação tão grata a Deus que vem logo depois do martírio.

Nós já temos falado aqui a respeito da castidade. Nós mostramos que a castidade é sobretudo uma virtude da alma, e que essa virtude ── aliás como uma série de virtudes, é na alma ── e que essa virtude importa num abandono do que é baixo, num abandono do que é sórdido, numa renúncia a tudo aquilo que tenderia a estabelecer o domínio da matéria sobre nós, em vez do domínio do espírito e que é por essa forma que a castidade enobrece e dignifica a criatura humana, tornando-a exatamente afim com Deus. É por isso que Nosso Senhor Jesus Cristo amava a São João. [Ele] era ── como está lembrado aqui ── o discípulo a quem Jesus amava.

E aqui está dito muito bem que se os outros foram Apóstolos e foram discípulos de Nosso Senhor, ele foi o amigo. Quer dizer, aquele que era mais próximo de todos e a quem Nosso Senhor tributava um sentimento que estava acima dos sentimentos dados pelos outros.

* Auscultar o Sagrado Coração e receber por Mãe a Nossa Senhora

Aquele pequeno episódio que se deu na Ceia é muito característico a esse respeito. São Pedro queria saber quem era a pessoa que iria trair Nosso Senhor, porque Nosso Senhor tinha dito que um deles iria trair. Então São Pedro ── notem que se tratava do primeiro Papa ── sabendo que ele não conseguiria, mas querendo de todos os modos conhecer o nome dessa pessoa, São Pedro pediu então a São João para perguntar, e São João deitando a cabeça sobre o próprio peito de Nosso Senhor, perguntou.

E aí então os senhores têm uma maravilhosa evocação da devoção ao Sagrado Coração de Jesus. É São João com o seu ouvido colocado junto ao peito divino e ouvindo pulsar o Coração de Jesus. As pulsações eram naquele momento pulsações de amor, mas eram também pulsações de angústia e de dor, porque a Paixão estava se aproximando e o abismo de sofrimento em que iria precipitar-se estava chegando perto dEle.

E então aí se vê São João ── uma alma eminentemente virgem, mas uma alma também eminentemente chegada a Nosso Senhor e devotíssima do Sagrado Coração de Jesus ── nós temos, então, São João em uma proximidade única em relação a Nosso Senhor.

Mas, como diz muito bem D. Géranger, pode-se dizer que um dom que não ficava abaixo desse era o dom que São João teve de receber Maria como Mãe. Quer dizer, Nosso Senhor ao morrer deixou ao seu amigo, deixou ao seu discípulo predileto, mais [do que a] todos os outros, [deixou] um tesouro que valia um preço que não tem preço e que é Nossa Senhora. Receber Nossa Senhora é receber a Rainha do Céu e da Terra; receber Nossa Senhora é receber o primeiro ser que existe abaixo de Deus; receber Nossa Senhora é receber tudo o que Deus pode dar a um homem. Mais do que isto Deus não poderia dar.

De maneira que aí os senhores têm outra manifestação extraordinária do amor às almas virgens. Nossa Senhora, Virgem, foi dada pelo virginal Filho ao virginal amigo, ao virginal discípulo que era são João. Os senhores têm então alguns traços [para] considerar a grandeza de São João Evangelista.

* São João foi também o precursor de todos os lutadores da Fé até o fim do mundo

Dom Géranger, como verdadeiro ultramontano, compreendeu bem que o quadro não seria completo se ele não mencionasse um outro aspecto da vida de São João. São João foi um dos primeiros lutadores contra a heresia. A primeiríssima heresia que nascia naquele tempo era a respeito das relações entre as naturezas humana e divina de Nosso Senhor, e São João começou a lutar contra a heresia. Então o Apóstolo virgem, o Apóstolo do Coração de Jesus, o Apóstolo que recebeu Nossa Senhora como presente, foi também o precursor de todos os lutadores da Fé até o fim do mundo, até o momento em que o profeta Elias vai lutar contra o Anticristo.

Nestas considerações nós temos matéria ampla para nos recomendarmos a São João, pedindo que nos consiga as qualidades de alma que [o fizeram digno] de receber este prêmio verdadeiramente… de uma grandeza que não se sabe dizer qual é, que é o de receber Nossa Senhora, para ele tomar conta dEla.”

Santo do Dia 27 de dezembro de 1964.

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Plinio Corrêa de Oliveira

Plinio Corrêa de Oliveira

557 artigos

Homem de fé, de pensamento, de luta e de ação, Plinio Corrêa de Oliveira (1908-1995) foi o fundador da TFP brasileira. Nele se inspiraram diversas organizações em dezenas de países, nos cinco continentes, principalmente as Associações em Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP), que formam hoje a mais vasta rede de associações de inspiração católica dedicadas a combater o processo revolucionário que investe contra a Civilização Cristã. Ao longo de quase todo o século XX, Plinio Corrêa de Oliveira defendeu o Papado, a Igreja e o Ocidente Cristão contra os totalitarismos nazista e comunista, contra a influência deletéria do "american way of life", contra o processo de "autodemolição" da Igreja e tantas outras tentativas de destruição da Civilização Cristã. Considerado um dos maiores pensadores católicos da atualidade, foi descrito pelo renomado professor italiano Roberto de Mattei como o "Cruzado do Século XX".

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