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Plinio Corrêa de Oliveira
IPCO em Ação

“Sentire cum Ecclesia”


Fisionomia firme, calma, um tanto melancólica. Pressentia o luminoso São Pio X os tristes dias para seus sucessores e os fiéis do início do século XXI?

Existe uma expressão muito corrente nos meios católicos ‒ hoje nem tanto ‒ que é “sentire cum Ecclesia” (sentir com a Igreja). As questões eclesiásticas de hoje nos trazem à mente essa expressão.

O que significa aí propriamente a palavra “sentir”? Ouçamos o que nos diz a respeito Dr. Plinio, homem a quem nem os mais encarniçados adversários alguma vez ousaram dizer que não sentia com a Igreja.

“Não é sentir com os sentidos, evidentemente. Não é ver, mas é propriamente outra coisa que é o sentir aquilo que a alma tem de mais profundo, um sentir de heterogeneidades e de afinidades, de simpatias e antipatias de ordem moral e de ordem metafísica, que constituem, na ordem criada por Deus, um verdadeiro poema, uma verdadeira maravilha”.

O conceituado teólogo Ad. Tankerey explicita o que os bons católicos sentem a respeito da Igreja: “é para nós a esposa de Cristo, saída de seu lado sacratíssimo, perpetuando sua missão na Terra, revestida de sua autoridade infalível, nossa Mãe que nos regenerou para a vida da graça e nos alimenta com seus sacramentos”.

 

Como afirma Dr. Plinio, é falta de união com Nosso Senhor Jesus Cristo não participar de “todas as dores que Ele sofreu em sua Paixão, de todas as vicissitudes por que a Igreja Católica haveria de passar ao longo dos séculos”.

Ele acrescenta: “Nosso Senhor viu toda a crise atual (Dr. Plinio já o diz em 1965!), Ele conheceu todas as misérias da situação atual da Igreja, e essas misérias arrancaram muitos de seus gemidos, causaram muito de sua dor. Nosso Senhor viu com isso a relativa inutilidade do sangue que estava vertendo, porque um enorme número de pessoas haveria de recusar a Redenção; um número enorme haveria de se precipitar no inferno; um número enorme de pessoas, em nossa época, haveria de querer eliminar um dos frutos mais característicos da Redenção, que é a Igreja Católica. E eliminá-la pelo pior modo possível, porque eliminá-la por dentro”. [1]

Como eliminá-la por dentro? Através de  “mãos amigas, mãos de filhos, mãos de sacerdotes, incumbindo-se de fazer aquilo que a pior impiedade não conseguiu fazer ao longo dos séculos. Foi essa dor da Igreja que Nosso Senhor viu, do alto da Cruz. Foi essa dor que lhe arrancou gemidos e muitos brados de tristeza. Nossa Senhora tinha o conhecimento de tudo isso, viu tudo isso, soube tudo isso, e isso está representado, de algum modo, nos sete gládios que traspassaram Seu Coração. Nossa Senhora sofreu por toda essa situação. [2]

Este quadro de quase cinquenta anos atrás infelizmente é válido com cores ainda muito mais carregadas em nossos dias. Razão pela qual está correndo o abaixo-assinado de milhares de fiéis católicos de sete idiomas, na Carta ao Papa ainda desconhecido, implorando-lhe:

“Santo Padre, não fosse a promessa feita por Nosso Senhor Jesus Cristo de que ‘as portas do inferno não prevalecerão’ contra a Igreja [3], poderíamos afirmar com dor no coração que, ao longo da História, a Barca de Pedro nunca esteve envolvida numa tempestade tão dramática e universal como a de nossos dias.

“Com efeito, é patente no interior da Santa Igreja a ‘apostasia silenciosa’ de milhões de fiéis, conforme constatado em recente Sínodo dos Bispos”. A carta alude também ao perigo do laicismo, particularmente grave.

Prossegue a Carta ao Papa ainda desconhecido:

“De joelhos diante de Vós, Vos suplicamos: não Vos deixeis enredar nas insídias do laicismo ateu ou agnóstico, combatei-o com confiança no auxílio divino e milhões e milhões de almas serão reconduzidas ao bom caminho! Dizei uma só palavra com a vossa autoridade de Sucessor de São Pedro, e a fumaça de Satanás será banida do mundo e do interior da Santa Igreja, como Nossa Senhora prometeu!”

 

“Esse é o apelo que nós — católicos, apostólicos, romanos, abaixo-assinados — Vos fazemos, Santo Padre ainda desconhecido, genuflexos em espírito diante de vossa figura de doce Cristo na terra”.



[1] Palestra em 7.4.65.

[2] Palestra em 7.4.65.

[3] Mt. 16,18.

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Leo Daniele

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