Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
6 min — há 2 anos
Comentários ao Tratado da Verdadeira Devoção a Maria Santíssima de São Luís Grignion — proferidos pelo Prof. Plinio nos anos 50, um curso de formação para jovens católicos marianos.
“Uma única inimizade Deus promoveu e estabeleceu, inimizade irreconciliável, que não só há de durar, mas aumentar até o fim” (tópico 52).
“Portanto, esta inimizade não só há de durar, mas há de aumentar até o fim. Não que o ódio de Nossa Senhora contra o demônio cresça, porque já é tão grande quanto possível; nem que cresça o ódio dele contra Ela, porque já chegou à totalidade desde o primeiro instante. Mas a luta entre Ela e ele é que irá aumentando até o fim. É a confirmação do que dizíamos.
“Continua São Luís Grignion: “… a inimizade entre Maria, Sua digna Mãe, e o demônio; entre os filhos e servos da Santíssima Virgem e os filhos e sequazes de Lúcifer” (tópico 52).
“Note-se que não cresce até o fim apenas a luta entre Nossa Senhora e o demônio, mas também a inimizade entre os filhos d’Ela e os filhos de Satanás. Em outras palavras, à medida que a Igreja caminha ao longo dos séculos, o ódio dos filhos do demônio aos de Nossa Senhora deve crescer, devendo também aumentar o ódio dos filhos de Maria Santíssima aos do demônio.
“…de modo que Maria é a mais terrível inimiga que Deus armou contra o demônio” (tópico 52).
Vê-se uma primeira nota da luta de Nossa Senhora contra o demônio: Ela é terrível. É uma qualidade de Nossa Senhora. Se Ela é terrível em relação ao demônio, nós, o que havemos de ser? Risonhos e sem energia? Estultos seríamos!
Maria cheia de graça, Maria cheia de ódio
“Ele Lhe deu até, desde o paraíso, tanto ódio a esse amaldiçoado inimigo de Deus” (tópico 52). Eis a segunda característica de Nossa Senhora: Ela é cheia de ódio em relação ao amaldiçoado inimigo de Deus, e esse ódio Lhe foi dado antes mesmo de nascer, no paraíso. Quando da primeira profecia de Maria, Ela já veio carregada de ódio santo de Deus.
A clarividência mariana
“… tanta clarividência para descobrir a malícia dessa velha serpente” (tópico 52)
Eis aqui a argúcia, que causa tanto terror aos adversários dos filhos de Nossa Senhora: é aquele senso de ortodoxia, por onde se percebe o quinto sentido subjacente numa palavra ambígua, e se demonstra o seu conteúdo herético. Os filhos das trevas ficam indignados, estertoram, mas a heresia fica denunciada. Esta clarividência é um dom de Nossa Senhora, é uma característica que Ela recebeu de Deus. Se nós não tivermos essa clarividência, não possuiremos o espírito d’Ela e não A imitaremos.
Aquele que é apresentado como o maior doutor marial da Igreja é quem no-La apresenta como modelo de clarividência para descobrir as artimanhas do demônio. E essas artimanhas não são só doutrinárias. O demônio é o pai da mentira e da politicagem, e é preciso que se tenha solércia para perceber as tramas de Satanás e para saber enfrentá-lo. São dons que vêm de Nossa Senhora, e que devemos pedir a Ela. São traços da posse do espírito marial. É São Luís Grignion quem o afirma.
Maria, esmagadora e aniquiladora de Satanás
“… tanta força para vencer, esmagar e aniquilar esse ímpio orgulhoso” (tópico 52).
Para vencer, esmagar e aniquilar satanás, ou seja, para triturá-lo por todas as formas. As vitórias de Nossa Senhora sobre o demônio não são superficiais, como que “per summa capita“. Se Ela vence, é para esmagar e aniquilar; e estas são duas expressões que significam que o adversário será reduzido a pó.
Este é o espírito de Nossa Senhora. Não se trata de obter uma pequena vitória, por assim dizer “acadêmica”, mas sim de aniquilar e esmagar. Estas são duas palavras muito apropriadas: o esmagado não está apenas jogado por terra, mas sob o peso de uma derrota tal, que perde a própria forma; está triturado; e o aniquilamento é algo ainda pior, porque o aniquilado deixa de existir, é reduzido a “nihil“, a nada, reduzido a pó; pior do que pó, reduzido a vácuo. Assim é como Nossa Senhora vence.
Maria, mais terrível que o próprio Deus
“… que o temor que Maria inspira ao demônio é maior que o que lhe inspiram todos os Anjos e homens, e, em certo sentido, o próprio Deus” (tópico 52).
Detenhamo-nos na expressão “em certo sentido, o próprio Deus”. Vale dizer que, apesar de Deus ser onipotente e de todo o poder de Nossa Senhora não ser senão o poder d’Ele, de alguma forma o demônio tem mais medo de Maria Santíssima do que de Deus. Compreende-se então que seja muito eficaz na luta contra o demônio não falar apenas de Deus, mas também, com toda a imensa evidência que merece, da Santíssima Virgem. O ponto que o deixa mais acabrunhado e esmagado é o fato de sê-lo por Nossa Senhora.
“Não que a ira, o ódio, o poder de Deus não sejam infinitamente maiores que os da Santíssima Virgem, pois as perfeições de Maria são limitadas. Mas, em primeiro lugar, Satanás, porque é orgulhoso, sofre incomparavelmente mais, por ser vencido e punido pela pequena e humilde escrava de Deus, cuja humildade o humilha mais que o poder divino” (tópico 52).
Deus quer então vencer Satanás por meio de Nossa Senhora. As suas graças são concedidas sempre por meio d’Ela, porque assim Ele vence melhor o demônio. Satanás é esmagado, é humilhado por Aquela cujo poder ele não quis reconhecer no Céu, e foi exatamente (segundo conceituados teólogos) em conseqüência dessa recusa que apostatou. Por meio de Nossa Senhora a vitória de Deus é mais completa.
“Segundo, porque Deus concedeu a Maria tão grande poder sobre os demônios, que – como muitas vezes se viram obrigados a confessar pela boca dos possessos – infunde-lhes mais temor um só de seus suspiros por uma alma do que as orações de todos os santos, e uma só de suas ameaças do que todos os outros tormentos” (tópico 52).
Quando se perguntou a marinheiros da esquadra turca de Lepanto por que, em determinado momento, se sentiram tomados de pânico e fugiram, responderam que viram no céu uma senhora admirável, que os olhava tão terrivelmente que não puderam resistir.
É o importante traço distintivo da devoção a Maria, que São Luís Grignion nos aponta uma vez mais: Ela, o terror dos demônios. É portanto sumamente eficaz na luta contra o poder das trevas revestir-se, por assim dizer, de Maria Santíssima. É o modo seguro de se conseguir as vitórias para Ela.” https://www.pliniocorreadeoliveira.info/DIS_1951_comentariosaotratado04.htm#.Y9bLXnbMJPY
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