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Plinio Corrêa de Oliveira
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Tratado Marial de São Luís: aplicação a nosso apostolado (XII)


Veja nossos Posts anteriores sobre comentários ao Tratado de São Luís Grignion feitos pelo Prof. Plinio na década de 50. A devoção a Maria é indispensável para nossa santificação.

Aplicações para o apostolado 

Que aplicações devemos tirar destas verdades, para o apostolado?

Se é real tudo o que até aqui se disse, o progresso da Igreja deve consistir sobretudo no desenvolvimento da devoção a Nossa Senhora entre os fiéis. Quando, por exemplo, o “Catolicismo” insiste de todos os modos na devoção a Nossa Senhora, ele o faz por devoção; mas fá-lo também porque sabe que realmente, para a Igreja Católica, este é um ponto absolutamente fundamental. 

Se há uma determinada região onde Nossa Senhora é pouco venerada, aí a fé e os costumes correm perigo. Se em outras Ela é muito venerada, estão postas as condições para que a fé e os costumes floresçam. Não se pode dizer que florescerão automaticamente, porque na vida espiritual não existe automatismo. Não é lícito dizer que, sendo devotas de Nossa Senhora, as almas são automaticamente boas. Mas pode-se afirmar que ficam postas as condições para que as almas, nessa região, sejam verdadeiramente católicas. Isto é certo, como já vimos, para cada alma. E o que se diz de um homem diz-se de uma região, pois esta é constituída por homens. Se é verdade que uma alma será tanto mais imune à heresia e à corrupção quanto mais for devota de Nossa Senhora, as cinqüenta mil almas de uma região também o serão, quanto mais devotas d’Ela forem. 

Por outro lado, o culto a Nossa Senhora é o que atrai de Deus as maiores bênçãos. Esta devoção, atraindo d’Ele as graças mais excelentes, é evidentemente capaz de promover a salvação de maior número de almas. 

Descendo mais ao fundo da questão, vemos que, estando a conversão e a santificação das almas, segundo os altíssimos desígnios do próprio Deus, de tal maneira relacionadas com a devoção a Nossa Senhora, devemos pedir a Ela que trabalhe nesse sentido de nos unir mais a Si, pois a Sua intercessão e o Seu patrocínio são absolutamente necessários para a nossa salvação

Se quisermos que alguém progrida e se santifique, não poderemos fazer coisa melhor do que pedir as graças de Nossa Senhora para ele. Se quisermos a conversão para alguém, melhor não poderemos fazer que pedi-la a Nossa Senhora. Devemos pedir a Ela – criatura santíssima em que Deus Nosso Senhor é gerado – que produza o Seu fruto naquela alma, fazendo nascer nela Nosso Senhor Jesus Cristo. A devoção a Nossa Senhora, bem entendida e bem praticada, é o elemento fundamental para a fecundidade do próprio apostolado

O culto a Nossa Senhora não prejudica o culto a Deus. Antes, é um meio necessário para ele. É preciso esclarecer que o tempo empregado pelo homem em cultuar Nossa Senhora não representa uma diminuição do culto prestado a Deus. Isso porque Deus dispôs as coisas de tal maneira que, enquanto estamos nesta Terra – para não considerarmos senão a vida terrena – nosso pensamento não pode, não consegue estar continuamente preso a Ele de modo direto, e deve estar necessariamente relacionado com outros seres. E o mérito de nosso pensar consiste então em ver a Deus em outros seres, porque esta foi a ordem de coisas estabelecida por Ele

Assim, é vontade de Deus a nosso respeito que estejamos cogitando, por exemplo, de assuntos de sociologia, política, finanças, economia, arte, e não é vontade d’Ele que nosso espírito esteja constantemente concentrado na preocupação exclusiva de Lhe prestar culto (pelo menos de modo direto). Ora, se este é o princípio obviamente admitido, não é de espantar que Ele deseje que uma parte desse tempo recaia sobre Sua Mãe. Isto para não considerar senão este aspecto do assunto. 

Mesmo do ponto de vista da intensidade dos afetos, a devoção a Nossa Senhora não prejudica o culto a Deus. Num raio de sol que pousa sobre um certo objeto, se lhe interpusermos um corpo opaco, o raio ficará com sua marcha tolhida; colocando-se um corpo translúcido, o raio passará por ele, perdendo contudo a sua intensidade. Mas se se colocar uma lente, ele se concentrará. Nossa Senhora não faz entre Deus e nós o papel de corpo opaco nem do translúcido, mas o da lente.

A devoção a Maria, em relação a Deus, é para nós o que na devoção ao Santíssimo Sacramento representa o cristal que se coloca no ostensório diante da Hóstia: todo olhar deve passar por ele, para se chegar a ver as Sagradas Espécies. Ele não prejudica a visão; pelo contrário, necessariamente é preciso passar-se por ele (para tê-la de maneira mais nítida). Nossa Senhora é como uma lente poderosa e pura, que concentra em nós as graças que vêm de Deus. São Luís Grignion nos explica muito bem o fundamento teológico disso, como veremos adiante.”

Fonte: https://www.pliniocorreadeoliveira.info/DIS_1951_comentariosaotratado03.htm#.Y8m5YHbMJPY

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Nuno Alvares

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