Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
3 min — há 9 anos
Observando da América do Sul o processo pré-eleitoral que se desenvolve nos Estados Unidos — o qual se encerrará dentro de algumas semanas com a eleição dos candidatos presidenciais de cada partido —, a reação é de expectativa e preocupação.
A expectativa deve-se à natural influência daquela grande nação no nosso continente: qualquer espirro que ela dê pode repercutir politica e economicamente em toda a vasta região ao sul do Rio Grande.
A preocupação, de um lado, surge do fato de que, como de costume, os candidatos mais prováveis a se elegerem quase não demostram interesses pela América do Sul, que continuam considerando com desprezo e injustamente como um quintal, e não como pêndulo decisivo para os próprios interesses dos Estados Unidos. E, de outro lado, ela se justifica diante de um fenômeno psicológico singular que envolve um dos candidatos republicanos com maior possibilidade de ser eleito: o Sr. Donald Trump.
Pelo menos à distância, parece existir uma espécie de onda “magnética” de vibrações, a qual envolve, protege e impulsiona o candidato Donald Trump, que atrai não tanto pela lógica e pelos argumentos quanto por essas espécies de “vibrações” que transmite. Vibrações que contribuem para atrair quase incondicionalmente, de uma maneira difícil de entender e explicar, setores expressivos do centro e da direita republicana.
Como diversos especialistas imparciais têm demonstrado, e como é do conhecimento nos Estados Unidos, em questões ideológicas e morais o Sr. Trump tem um passado e um presente cheio de contradições, dos quais saem perdendo a propriedade privada, a livre iniciativa, a família e a proteção dos nascituros. Ontem ele disse uma coisa, hoje fala o contrário, e ninguém sabe o que vai dizer amanhã; para não mencionar suas atitudes excêntricas e até mesmo com tons ridículos.
A constatação das contradições de Trump bastaria para desqualificar um candidato diante do público de centro e de direita do mais modesto dos países latino-americanos.
Entretanto, esse mecanismo de análise objetiva e imparcial parece não funcionar neste momento em relação a ele, precisamente num país cujos melhores elementos centristas e conservadores se orgulham de ser racionais e sensatos, não se deixando levar por ondas emocionais.
Não temos explicação para esse fenômeno de “eletricidades” coletivas que quais “ímãs” psicológicos influenciam tanto centristas quanto conservadores, impulsionando-os para a figura tão controvertida do Sr. Trump. Se não temos uma explicação sociológica suficiente, menos ainda dispomos de uma solução para o problema.
De qualquer maneira, levantar um tema tão complexo pode contribuir em certa medida para que se estude e se debata esse fenômeno tão singular de obnubilação da razão e da supremacia da emotividade.
Temos o direito, enquanto observadores internacionais, de constatar a existência dessas contradições nos setores do centro e da direita dos Estados Unidos que apoiam o Sr. Trump, e de identificar esse sui generis ímã psico-magnético que parece constituir o instrumento principal de atração desse candidato.
Caso se deseje ir mais longe, o que não é o caso nas presentes notas, poder-se-iam analisar as carreiras políticas de Putin na Rússia e de Le Pen na França, ambas marcadas por uma “eletricidade” talvez similar.
Reiteramos que nossa intenção é colaborar, enquanto observadores da realidade internacional, para levantar o tema e promover um saudável debate em torno desses fenômenos de psicologia social que podem definir o rumo dos Estados Unidos e das três Américas.
(*) Notas de “Destaque Internacional” — uma visão “politicamente incorreta” feita a partir da América do Sul. Documento de trabalho (Quinta-feira, 28 de janeiro de 2016). Este texto, traduzido do original espanhol por Paulo Roberto Campos, pode ser divulgado livremente.
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