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Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo

Unidade na Variedade: Lei de perfeição no Universo

Por Nuno Alvares

10 minhá 2 anos


Variedade, diversidade, gradualidade condições de perfeição da beleza na Criação. Vejamos a aplicação a Nossa Senhora que resume em si as perfeições da Criação.

Transcrevemos abaixo comentários do Prof. Plinio sobre a Unidade na Variedade, lei de perfeição no Universo.

A mais fundamental dessas regras de beleza na Criação é a COEXISTÊNCIA HARMÔNICA DA UNIDADE E DA VARIEDADE.

“Em vez de nos atermos, entretanto, a uma enumeração e uma definição fria desses princípios seria, talvez, mais interessante que os consideremos enquanto realizado em alguns dos seres que mais facilmente nos caem debaixo dos olhos. 

Comecemos pelo mar. Um dos primeiros elementos de sua grandeza é precisamente a unidade. Todos os mares da Terra comunicam-se entre si e constituem uma imensa massa de água que cinge o globo terrestre. Assim, postos em qualquer ponto do mundo, uma das considerações mais agradáveis que nos é dado fazer, é lembrar que a imensa massa líquida que se estende diante de nós, até as fímbrias do horizonte não se encerra ali, e tem atrás de si imensidades a que se sucedem outras imensidades para formar a grande e única imensidade do mar que se move, que se joga e que brinca por toda superfície da terra.

Mas ao mesmo tempo que o mar nos apresenta essa unidade esplêndida, impressiona pela grande variedade que nele podemos observar.

Um dos primeiros elementos de sua grandeza é precisamente a unidade

VARIEDADE, EM 1º LUGAR, QUANTO AO MOVIMENTO. Ora o mar se nos apresenta manso e sereno, parecendo satisfazer todos os desejos de paz, de tranqüilidade e de quietude de nossa alma. Ora, ele se move discreta e suavemente, formando em sua superfície pequenas ondas que parecem brincar diante de nós, para fazer sorrir e distender nosso espírito como se tivesse diante de si as realidades amenas e aprazíveis da vida. E ora, por fim, ele se mostra majestoso e bravio erguendo-se em movimentos sublimes, arremetendo furiosamente contra rochedos altaneiros e deslocando de seus abismos massas de água insondáveis para submergir ilhas e invadir continentes. Neste estado, o mar parece dominado de uma fúria avassaladora e que canta com seus rugidos e sua grandeza todo um poder que existe no mais profundo dele e que não se suspeitava nem um pouco, nos seus momentos de mansidão e de graça. Parece-nos presenciar os lances mais empolgantes e heróicos da História.

Variedades Estéticas do mar

Também há VARIEDADES ESTÉTICAS DO MAR

Às vezes é ele tão claro através de uma grande massa líquida até o fundo de suas águas. E outras vezes, ele se mostra escuro, impenetrável, profundo, misterioso. Se em certos panoramas, o mar se apresenta em superfícies imensas e quase sem limites, em outros panoramas, ele está circunscrito pelos acidentes do litoral e forma pequenos golfos fechados em que, por assim dizer ele se compraz em estar em intimidade conosco, fazendo-se pequeno para melhor se deixar ver e amar.

O mar, pelos seus ruídos, não é menos variado. Ora seu murmúrio dá a impressão de uma carícia, que embala e faz dormir, ora não passa de um fundo auditivo que parece com a prosa de um velho amigo que já muitas vezes se ouviu. Mas pouco depois ele nos fala como bramido dominador de um rei que quer impor a sua vontade a todos os elementos.

O modo porque ele se “comporta” na praia é igualmente variado. Às vezes, o mar chega à terra célere e ofegante, outras vezes caminha para ela tardio e preguiçoso, em ondas que se movem languidamente. E outras vezes, por fim, parece tão completamente parado que se diria quase que ele se contenta em ver a terra sem tocá-la.

Ora, todas essas diversidades do mar não teriam para nós concatenação nem encanto, se não se apresentassem sobre o grande fundo de uma unidade fixa, invariável e grandiosa. Esta é a beleza da unidade na variedade do mar.

Devemos, entretanto reconhecer que a variedade do mar é um tão poderoso elemento de beleza por não ser uma variedade qualquer, mas oferecer em alto grau os …

CARACTERES ESPECÍFICOS DA VERDADEIRA VARIEDADE HARMÔNICA.

Tais caracteres são:

1º) Essa variedade chega até a oposição, quer dizer, é tão grande que seus pontos extremos chegam a atingir aspectos opostos e como que contraditórios entre si. Esta variedade pelo próprio fato de que reúne em uma só gama extremos tão pronunciados, tem uma suprema harmonia, uma indiscutível beleza. Nós não encontraríamos tanta beleza no mar se ele não soubesse ser, por exemplo, tão extremamente manso e tão extremamente furioso, tão extremamente majestoso e tão extremamente gracioso. É na harmonização do extremo da mansidão e no extremo da fúria, por exemplo, que se verifica a perfeição da variedade do mar.

Esta variedade de oposição deve comportar uma certa simetria, quer dizer, é necessário que quando uma coisa tem um caráter, e leva a um extremo, o lado oposto chegue a um extremo igualmente acentuado. Se o mar fosse extremamente furioso em certos movimentos e apenas um pouco calmo em outros, sua beleza não seria grande. Para que a oposição seja perfeita cumpre que o mar possa ser tão grande quanto furioso em umas horas quanto é profundamente manso em outras. E só com esta simetria é ele inteiramente belo.

Mas, ao mesmo tempo, AS VARIEDADES HARMÔNICAS DAS GAMAS INTERMEDIÁRIAS, também concorrem notavelmente para a beleza do mar. Essas situações de transição são tão harmônicas que nós em determinados momentos nem podemos dizer bem como o mar nos parece. Estará bravo? estará manso? estará claro? estará escuro? Não o sabemos dizer porque o mar vai passando de um extremo para outro com várias fases intermediárias tão esplendidamente matizadas e harmônicas que a linguagem humana não é suficiente para as descrever, e o único processo para tal é o da comparação. Por exemplo, quem viu o mar que esteve furioso e está ficando manso pode dizer que ele está manso mas quando se lembra do mar verdadeiramente manso e o considera nesse momento de transição tem ainda a impressão do mar furioso. Por esta espécie de contradição de aspectos opostos existentes no mesmo meio termo, tem-se bem a idéia de toda a riquíssima gama de estado intermediários que o mar atravessa.

Mas a relação entre esses próprios estados intermediários deve apresentar uma verdadeira continuidade. De um extremo a outro o mar não salta, mas passa sempre com rapidez maior ou menor por todos os estados intermediários. Esses estados são habitualmente perceptíveis em sua sucessão, como matizes que se substituem uns aos outros. Mas quando a sucessão dos matizes é muito perfeita, dá por vezes a impressão de que não muda. Mas ao cabo de pouco tempo e sem saber como, o observador está diante de um quadro diverso. É que essas mudanças foram tão delicadas e tão imperceptíveis que excederam à precisão de nossos sentidos ou pelo menos a acuidade de nossa atenção.

Há por outro lado uma forma de variedade que não é tão nítida no mar, mas é muito relevante no céu: A VARIEDADE DO PROGRESSO.

Há no firmamento uma variedade de aspectos que vem desde a aurora até a noite posta, de maneira tal que oferece um quadro encantador, primaveril, matutino na aurora, depois vem ganhando em colorido, em força, e em majestade até chegar à gloriosa plenitude do meio dia. Em seguida ele se vai esvaindo lentamente até chegar às tristezas do crepúsculo e por fim ele toma o seu aspecto noturno. Este se conserva mais ou menos contínuo e imóvel até os primeiros clarões da aurora. Há, assim ao longo do dia uma harmoniosa sucessão de aparências que vão dos primórdios ao apogeu, e deste à decadência, num processo de progresso e retrocesso, ciclo de aspectos variados que o céu percorre.

Princípio Monárquico na Criação

Outro princípio de variedade, que confere ao céu uma beleza peculiar é o PRINCÍPIO DITO MONÁRQUICO: a ordenação das múltiplas formas e variedades em torno de um elemento ou ponto central em função do qual elas se harmonizam e reciprocamente se explicam. É o papel do sol no firmamento. Em função dele, no céu, todas as variedades não são senão fundos de quadro que cooperam para realçar de mil modos em toda a sua beleza.

Assim temos os vários princípios da beleza realizados no mar e no céu, isto é, em duas criaturas que estão constantemente debaixo dos nossos olhos e que são esplêndidas semelhanças da beleza incriada e espiritual de Deus, Nosso Senhor.

Mas sabemos pela doutrina católica que se a formosura de todas essas coisas é imagem de Deus, Espírito puro e infinitamente perfeito, assim também, já que o homem foi feito à imagem e semelhança de Deuselas são também imagens do homem, e que o céu e o mar, em seus vários estados, fazem lembrar a alma humana, em suas várias disposições, o jogo complexo das paixões humanas, as virtudes da alma humana quando esta realmente reflete a santidade de Deus, Nosso Senhor.

Aplicando a Nossa Senhora

Desta maneira essas regras de estética são para nós meios para considerarmos a verdadeira beleza da santidade no homem. No homem, sim, e, pois, na mais alta de todas as meras criaturas, em Nossa Senhora, que, com tanta e tão esplêndida propriedade, tem sido e deve ser comparada quer ao céu quer ao mar. Alma de uma imensidade inefável, alma na qual todas as formas de virtude e de beleza existem com uma perfeição supereminente da qual nenhum de nós pode ter uma idéia exata, Nossa Senhora é bem aquele mar, aquele céu de virtudes diante do qual o homem deve ficar estarrecido e enlevado e que com todas as suas forças deve procurar amar e imitar.

Em Nossa Senhora se encontra também, a mesma unidade na variedade dos dons de Deus

Em Nossa Senhora se encontra também, a mesma unidade na variedade dos dons de Deus. Isto se nota bem no fato de que sendo una Ela se apresenta a nos na variedade admirável das suas invocações. Ela é Nossa Senhora da Paz. Ela é a Nossa Senhora das Dores, Ela é Nossa Senhora da Boa MorteNela todos os contrastes se harmonizam. Ela é ao mesmo tempo “Auxílio dos Cristãos“, mas “Refúgio dos Pecadores“, Ela é glorificada pela sua humildade incomparável, mas todos os videntes que tiveram a felicidade de A contemplar nas suas aparições comentam a sua soberana majestade. Ela é Nossa Senhora que se nos apresenta a nós “Ut Castrorum Acies Ordinata” mas ao mesmo tempo Ela é “Mater Clementiae et Misericordiae”. Poderíamos fazer um estudo de Nossa Senhora com o auxílio dos mesmos princípios que nós aplicamos na análise do céu e do mar. Quem, por exemplo, pode olhar melhor numa perfeita harmonia contrastes aparentemente irreconciliáveis, de que a Virgem Mãe chamada a Virgem das Virgens, que poderia muito lícita e validamente também ser chamada a Mãe das Mães. 

Ninguém mais plenamente mãe, Mãe por excelência, do que Ela.

Ninguém mais plenamente virgem, Virgem por excelência do que Ela também.

Fonte: https://www.pliniocorreadeoliveira.info/DIS_1958-11-15_Congresso_Ordem_3a_do_Carmo.htm#.YsSWb3bMJjE

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