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Plinio Corrêa de Oliveira
IPCO em Ação

Formação: aprendendo a observar, descrever e transcender a partir das criaturas


O homem — porque tem uma alma imortal — se diferencia do animal irracional pela inteligência e vontade. Diz a Sagrada Escritura que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus.

Vimos, na Alocução do Papa Pio XII, o conceito de Povo em oposição à Massa produzida pelos regimes totalitários sejam eles nazistas ou comunistas. Os Partidos de esquerda, no Brasil, são massificantes. À medida que observamos, pensamos, analisamos vamos nos tornando Povo (no sentido dado pelo Papa Pio XII) e nos diferenciando da Massa.

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Nossa Senhora de Coromoto, padroeira da Venezuela

Veremos hoje um exercício de transcendência sobre a imagem de Nossa Senhora de Coromoto, que se encontra no jardim da Sede do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, em São Paulo.

Vamos nos exercitar em observar, descrever e, por fim, transcender. No ensinamento de São Boaventura isso é identificar os “vestígios” de Deus na Criação. Em se tratando de obras de arte feitas pelos homens também elas podem refletir perfeições do Criador.

Afirma São Boaventura: “A Criação do mundo é como um livro no qual resplandece, manifesta-se e se lê a Trindade criadora em três graus de expressão, isto é, como vestígio, como imagem e como semelhança” (São Boaventura, Breviloquium, 2-12).

“Imagem e semelhança” aplicam-se somente aos homens, porque têm alma; “vestígios”, aos seres irracionais. https://ipco.org.br/um-farol-um-teste-de-organicidade-e-os-vestigios-de-deus-na-criacao/

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O primeiro passo é observar

Convido o leitor a observar a imagem acima. Faça isso durante alguns minutinhos … e terá lucrado muito em desenvolver as próprias qualidades. Uma excelente escola de formação, de ser você mesmo. A esquerda fala de cidadania, de diversidade e outros slogans vazios de conteúdo.

Observe, analise, seja você mesmo. Desenvolva suas potencialidades. Nosso Senhor nos fala na Parábola dos Talentos e conclui que nos será cobrado o bom uso que fizermos deles.

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Nossa Senhora de Coromoto: Majestade, bondade, maternalidade, beleza foram alguns dos aspectos postos em foco pelos participantes da reunião.

Vejamos os comentários do Prof. Plinio:

“Agora, eu vou tentar pôr em ordem, fazer algumas explicitações. Eu diria que a mim a imagem – eu concordo inteiramente com um dos senhores – essa iluminação é a mais favorável das que tem a imagem, por causa do seguinte: a qualquer hora do dia a imagem, a primeira impressão que dá é de um branco de uma brancura tal que se diria que é feita de uma matéria que não é bem da terra. É uma brancura para a qual convém um adjetivo um pouco pretensioso, mas que, por algo que um dos senhores chamaria de onomatopaico, se presta bem – língua portuguesa tem coisas dessas – eu diria que é uma brancura nívea. Que não quer dizer só a brancura de neve, mas o níveo, com este “i”… A letra “i” tem qualquer coisa desta brancura no caso, e o níveo exprime bem este tipo de brancura. Brancura nívea. E à noite sobretudo se tem a impressão de estar em presença de um material que, vamos dizer, teria vindo da lua. Mas não da lua desses exploradores, mas da lua da arte.

Comentando a brancura nívea da Imagem

E que esta brancura indica [remonta, aponta para] a “essência divina” e extraterrena do personagem que está apresentado aqui, é claro. Nossa Senhora não tem essência divina, mas está penetrada da graça de Deus, saturada da graça de Deus, Deus vive nela de todos os modos. Então, uma transparência de Deus que esta brancura nívea realça inteiramente. E à noite, naturalmente, esse resplendor se acentua mais porque a brancura não é só o que contrasta mais com as sombras, que é um comentário verdadeiro mais evidente, mas uma outra coisa: é que a gente tem a impressão na luz do dia, que o mármore reflete a brancura; na luz da noite a gente tem a impressão de que a brancura mora como uma luz interna dentro da matéria, que, vamos dizer, que a gente tem a impressão de que se a gente apertasse a matéria, a gente tem a impressão de que sairia luz de dentro em estado líquido.

A participação dEla nas perfeições do Criador

Que há eflúvios de luz desta cor morando dentro. E que, a própria psicologia do personagem, no caso Nossa Senhora, psicologia imaculadíssima, puríssima, toda feita de ela habitar na Sua alma, dentro desse níveo, que seria uma espécie de substância que habita nEla, mas que Ela mora num Céu níveo, onde todas as coisas são assim, onde o diapasão de todas as coisas é esse, e que é, a meu ver, a primeira nota de majestade e de grandeza que dEla emana, é a participação num outro mundo, e a presença dentro dEla de uma vida divina, que ninguém tem, e que A coloca fora de comparação e confronto com qualquer coisa.

Daí então é que começa, a partir destas impressões, e realçadas pela luz noturna, começam então as outras sensações. A sensação de que Ela tem a consciência disso, de que Ela está estável, aqui, porque Ela resolveu – como disse bem um dos senhores – fixar a Sua posição aqui, e esse estável está ligado à imagem pelo seguinte: a posição, a atitude toda é de muita calma, de quem não tem pressa nenhuma, de quem está se sentindo perfeitamente bem aí e não conta o tempo. O tempo não existe para a imagem, é para passar séculos sentada aí. É propriamente o que se pode chamar felicidade de situação. Séculos para passar aí, de um lado.

Uma dupla atenção

Agora, de outro lado, tem o seguinte também, é que a gente tem a impressão de que Ela tem uma dupla atenção: uma para os valores internos dEla e celestes e outra atenção minor para quem está na frente. E que ela está toda posta em solicitude para quem está na frente, porque, ela sendo tão superior, a gente tem a impressão de que ela não nota porque não quer notar a extrema inferioridade do que está na frente dEla. Que Ela nem faz a comparação, e que com isso Ela eleva a pessoa à categoria dEla. Porque não há uma análise de quem está na frente. Há uma pergunta: “Você o que quer?”

Mas não há uma análise: “Você tem culpa; você não tem; você é bom; você é ruim.” Não. “Você existe e, portanto eu tenho misericórdia. O que você quer?” Isto e mais nada. Não tem outra coisa nessa imagem senão isso. E um “você quer” é dirigido por causa do olhar e uma pequena propensão da cabeça para frente, é dirigido de tal maneira que a gente tem a impressão de que ela é toda atenção.

Agora, curioso é o seguinte: com o senso moral firmíssimo, de maneira que não seria possível pedir diante dessa imagem uma coisa que não fosse boa. A gente vê que ela perdoa qualquer mal, mas que ela não atenderia a pedido ruim nenhum. Seria de uma incompatibilidade com ela completa. E a pessoa ficaria fulminada, causaria horror, que é outra nota da majestade dEla. Altamente, conscientemente, altamente rejeitante, porque Ela, exatamente, é feita desses extremos harmônicos que constituem a beleza, a perfeição da imagem.

Coisas microlôs (medíocres) são também contra a majestade dEla. Embora uma pessoa pudesse pedir para ela, com uma razão razoável uma coisa muito pequena. Vamos dizer, não sei… um que pedisse a Nossa Senhora antes de sair: “Minha Mãe, eu estou tão cansado, eu gostaria de encontrar um táxi”. Eu tenho a impressão de que ele faria um pedido que seria a Ela agradável (…). Quer dizer, esses pequenos favores pessoais poderiam ser pedidos todos, a meu ver.

Majestade

Bem, agora, a majestade vem também de uma certa consciência – não sei se todos notam, é uma coisa curiosa – de governo. Um certo senso de ver as coisas no seu conjunto.

(Aparte: Rainha…)

Rainha. Mas isso de rainha, que Ela tem a visão superior das cosias, sabe como elas se compaginam, e sabe como mandar para que ande direito. Quer dizer, Ela tem o direito de mandar, na ordem universal.

Bem, e o que é esse direito de mandar? Onde se exprime de um modo muito interessante é na relação dEla com o Menino, porque Ela segura o Menino Jesus como quem manda nEle. Mas de outro lado Ela O aponta, como quem diz: “Olha, eu valho por causa dEle, o primeiro plano é Ele. E se vocês querem me agradar, olhem para Ele, voltem-se para Ele porque eu vivo para Ele. Eu não sou em última análise senão Ele. Eu vivo para Ele, eu sou uma relação, uma função dEle, não sou outra coisa senão isso”.

De maneira que ao mesmo tempo Ela manda nEle, é o primeiro dos súditos dEla, mas Ele é o cetro dEla e Ele tem aqui, foi dito muito bem, como se Ela fosse o trono dEle, no qual Ele se senta. Ele está sentado nEla e Ela no trono, e há assim uma espécie de regra de três que mostra bem aí a majestade dEla como o trono digno dEle. Ela enfeita a Ele, Ela faz realçar a majestade dEle.

Misericórdia

Para terminar, onde é que vem a misericórdia? Eu acho que Ela se afirma no caráter virginal e na extrema delicadeza dos traços. A extrema harmonia de cada traço, um com o outro. São muito harmônicos os traços, muito bem apanhados. Inclusive no que um dos senhores chamou de um misto de medieval e sulpiciano, que existe aqui, é até a reunião de coisas incongruentes, mas que tem aqui qualquer coisa de feliz, porque é hierática como uma coisa medieval, mas qualquer coisa do sumamente acessível do sulpiciano. Estão ligados aqui um ao outro.

O pouco de cabelo e o manto que descem da cabeça, e depois o drapejado muito amplo, muito bonito, muito majestoso… Não sei se notam que o drapeado [dobrado ou disposto de certa maneira] tem qualquer coisa da toga de um juiz, de um magistrado, tem qualquer coisa do manto de rainha, mas tem qualquer coisa da toga de um magistrado. Indicam também a abundância, mas indicam também um tal à vontade que a gente vê que Ela vê que Ela ficará, e que Ela tem o poder para ficar, queiram ou não queiram, façam ou não façam, ligam ou não ligam, Ela tomou conta do lugar, Ela ficará. Quer dizer, Ela é verdadeiramente uma Rainha.”

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O exercício de transcendência ajuda a cada um de nós a exercitar-se e diferenciar-se dos outros.

Um dos defeitos de nós, brasileiros, se corrige com esse método de fixar a atenção, analisar e depois transcender. Transcender é procurar as analogias da criatura com perfeições do Criador.

Assim, quando afirmou Nosso Senhor, que nem Salomão em toda a sua glória se vestiu como um lírio do campo, o Divino Mestre estava nos mostrando a necessidade de observar essa qualidade no lírio.

E, quando admoestou: Jerusalém, que mata os profetas e persegue os que te são enviados, quantas vezes quis Eu reunir os teus filhos como a galinha reúne os pintainhos … Também, aqui Ele nos ensina a tirar das criaturas, no exemplo a solicitude da galinha, as lições para nossa formação.

Contamos, em outra ocasião, tratar do método para se fazer a transcendência, exercício muito necessário a nós, brasileiros, bombardeados pela mídia e pelo corre-corre da vida moderna.

(Extraído de uma compilação sobre Transcendência, nas conferências do Prof. Plinio)

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Machado Costa

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