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Plinio Corrêa de Oliveira
IPCO em Ação

Vírus “made in China”. Que lição tirar?


Diante da conjuntura mundial golpeada pelo vírus chinês, a mídia vem se ocupando tão-só da proteção à saúde com o confinamento dos indivíduos e o fechamento de shoppings, casas comerciais, casas de diversão, e até de igrejas. Tudo para evitar a aglomeração de pessoas.

Apesarde haver grandes divergências entre as autoridades institucionais, todasprocuram se alinhar com os mesmos métodos e metas para cumprir determinações, ditadasora pela esquerdista Organização Mundial da Saúde, ora pelas autoridades decada país. E ai de quem não obedecer!

Afinal, quem comanda em âmbito mundial toda essaarticulação, à qual a própria Igreja Católica deve obedecer? Será a vida terrenamais importante que a vida eterna? Será que essa mesma Igreja, que semprepregou as verdades eternas, se abdica em momento tão delicado de sua missãosalvífica? Nosso Senhor Jesus Cristo afirma no Evangelho:

“Aqueleque quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor demim, achá-la-á. Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder asua alma? Ou que dará o homem em recompensa da sua alma? Porque o Filho dohomem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então dará a cada umsegundo as suas obras. Em verdade vos digo que alguns há, dos que aqui estão,que não provarão a morte até que vejam vir o Filho do homem no seu reino”(Mt 16, 24-28).

“A vós, pois, meus amigos, vos digo: nãotenhais medo daqueles que matam o corpo, e depois nada mais podem fazer. Mas euvos mostrarei a quem haveis de temer; temei aquele que, depois de matar, tempoder de lançar no inferno; sim, eu vos digo, temei este” (Lc12, 1-8).

Amissão da Igreja é divina como divino é o seu Fundador. Cuidemos, sim, da nossasaúde, mas não em detrimento da missão divina confiada por Deus à Igreja, deencaminhar os homens para estarem junto d’Ele por toda a eternidade.

Comefeito, temos tantos exemplos de santos que expuseram suas vidas para cuidar deleprosos, de tuberculosos e de toda sorte de peste, como Frei Damião de Molokai,o leproso; São Luís de Gonzaga, atingido por epidemia; São João Bosco [representação ao lado], que prometeuaos seus alunos que eles se salvariam do flagelo do cólera asiático se vivessemna Graça de Deus, e nenhum deles foi atingido…

Emoutras circunstâncias, as igrejas não cerraram suas portas; os padres ficavam sempreà frente de seu trabalho apostólico; celebravam os ofícios e a Santa Missa; facilitavamo acesso aos sacramentos; além do conforto material como comida, roupa emedicamento aos atingidos pelas pestes.

Naverdade, houve agora uma mudança drástica no comportamento eclesiástico, quepassou a ter uma concepção transitória, oportunista, materialista e relativistadiante de uma situação de calamidade pública, pois parece ter-se afastado de Deuscomo fundamento absoluto e razão de ser de todas as coisas.

Comoé natural, quanto mais alto um homem for constituído em honra e dignidade, tantomaior deve ser a caridade dele para com os próximos, sobretudo se forem seusfiéis. Como não há dignidade mais alta do que ser ministro de Deus, as pessoasa Ele consagradas devem procurar antes de tudo a glória divina e o bem dopróximo.

Creioque um dos maiores elogios que se possa fazer a uma autoridade é chamá-la depaternalista, pois Deus, na mais sublime das orações que é o Pai-Nosso, quisser chamado de Pai.

 Transcrevo a seguir algumas palavras docombativo e zeloso líder católico Plinio Corrêa de Oliveira sobre a figura dosacerdote.

“O Padre, nas horasmais difíceis, reluz o esplendor de sua vocação pelo seu zelo e dedicação, pelabondade e compreensão, pelo carinho e amabilidade com aqueles que se encontramnos revezes da vida.

“O Padre deve estardisposto a se imolar por suas ovelhas. O mercenário, aquele que não é pastordas ovelhas, quando vem o lobo, foge, porque não é pastor. Verdadeiro pastor,por exemplo, foi Santo Odilon [(962-1049) abade da Abadia beneditina de Cluny (pintura ao lado)], que amava com uma caridade bem ordenada aDeus mais do que a si mesmo, o próximo como a si mesmo, e as coisas menos doque a ele mesmo.

“Administrador fiel esábio, Santo Odilon colecionava víveres e roupas para os enfermos. Fez mesmoconstruir casas para os leprosos, às ocultas, e como se fossem construídas poroutros, para que essa boa obra não fosse atribuída a ele”.

Citamosacima Frei Damião como modelo luminoso de heroísmo e de zelo na ilha de Molokai,onde viveu o sacerdócio em função dos leprosos. Ao contrair ele mesmo a lepra,declarou altaneiro num sermão: “Nós,leprosos…”, pois ser leproso era para ele um título de glória, à imitaçãode Jesus Cristo, que se sacrificou por nossa salvação.

 Frei Damião [foto ao lado] não fugiu à obrigação do ministério sacerdotal, antes,pois partiu para Molokai por sua sede de almas, desejava consolar os aflitos eenxugar as lágrimas daqueles que deixaram seus entes queridos pelo fato deterem sido atingidos pela lepra.

Molokaiera um palco de violência, sem um parâmetro civilizador, sem esperança, semfronteira de carinho, de bondade, de misericórdia e de calor humano. FreiDamião imolou-se dentro dessa ilha como um pai que se imola aos filhos em dedicaçãoextrema, porque possuía Deus como parâmetro absoluto em sua vida.

Eleconstruiu igrejas, hospitais, escolas e atendimentos caritativos, não pensandoem si, mas somente em Deus e no próximo. Bem diferente do procedimento do clerode hoje diante da pandemia made in China… Afinal, o que esperam osfiéis da dedicação de um padre?

SãoLuís Gonzaga [pintura ao lado], no finaldo século XVI, ao chegar a Roma, deparou-se com as vítimas de uma doençacontagiosa chamada tifo. Ao presenciar o sofrimento do povo, movido pelacaridade e amor ao próximo, passou a ajudar os doentes como podia. Acabou sendocontagiado, vindo a falecer com apenas 23 anos, pouco antes de se ordenarsacerdote.

Afigura do padre diante do perigo e da dor deve ser um referencial. Além de formadorde opinião, cabe-lhe liderar a comunidade católica com seu exemplo, suacaridade e sua elevação de alma. Ele deve comunicar tranquilidade, paz e bem-estarespiritual aos fiéis.

Apessoa revestida do sacerdócio católico não pode participar do pânico, do medoe da incerteza gerados por essa pandemia, nem mesmo dar ares de quem teme, poisse ele se deixar contagiar pela doença psicológica poderá ser mais nocivo aosseus fiéis do que o vírus chinês.

Nessashoras difíceis, a oração é o nosso único refúgio e mesmo a solução. Ossacramentos são os únicos remédios que proporcionam segurança e estabilidade. AMissa celebrada na igreja com os fiéis é a única fonte de esperança que liga oCéu e a Terra, pois é o sacrifício do Homem-Deus.

Asnossas matrizes, capelas e reitorias são lugares onde se encontram a unidade, oconforto e o equilíbrio. Fechar as igrejas, suprimir as Missas, os sacramentospode ser um elemento a mais de definhamento e desequilíbrio psicológico. O soldado que foge à luta por medo de morrer não é umsoldado, mas um mole e um covarde. O mesmo se aplica ao sacerdote de Cristo quefoge à luta por medo da epidemia.

Melhorlhe fora não ter sido ordenado padre, pois esta palavra quer dizer pai, fazendo-nos lembrar de Deus, que quisser chamado de Pai, Aquele que nos vivifica e nos ilumina em todas ascoisas. Como o sal que salga, alimenta e atiça o paladar, assim deve ser opadre.

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Autor

Padre David Francisquini

Padre David Francisquini

139 artigos

Pe. David exerce sua missão sacerdotal na Igreja do Imaculado Coração de Maria, em Cardoso Moreira (RJ). Entusiasta do livro Revolução e Contra-Revolução, do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, o Revmo. Pe. David sempre propagou os ideais deste insigne pensador e líder católico. Pe. David é autor de dois livros importantes para a defesa da família Brasileira: "Catecismo contra o Aborto" e "Homem e Mulher, Deus os criou".

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