Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
4 min — há 11 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 9:24:21 PM
Exerce um papel essencial na formação da personalidade aquele período da vida humana em que a gente se sente movido a questionar, duvidar, contestar, protestar contra tudo e contra todos. Adolescentes aqui, teenagers (de thirteen a nineteen) entre os anglo-saxões, precisam adquirir autoafirmação, e o caminho mais fácil para tanto é contradizer ou desrespeitar o que ensinaram os mestres e modelos da fase anterior. Pretextos para isso não faltam, e a mentalidade ainda em formação não distingue com clareza e profundidade o falso do verdadeiro, o bom do mau, o útil do prejudicial.
Esse pouquinho de filosofância, numa crônica que pretende ser leve, já me basta para atingir com minhas flechas os erros de outros. Não meus, ao menos neste caso concreto, pois sempre fui cauteloso em não contestar ou negar o que aprendi e aceitei como verdadeiro e bom. Mesmo nesse período teen da minha vida, eu analisava, avaliava, ponderava, antes de tomar qualquer atitude que fosse precipitada. Se havia aprendido e aceito o que se ensina no Catecismo, por que haveria de chutar para escanteio o que ele contém? Se a Bíblia relata como verdadeiro o que eu não estava lá para confirmar, por que um recém-saído dos cueiros haveria de duvidar?
Pesava na minha atitude o fato de saber que inúmeros sábios e santos estudaram, esmiuçaram e avaliaram o que ali está escrito, chancelando-o com sua autoridade. Isso me bastava para evitar a contestação pura e simples, desprovida de fundamentos e inspirada apenas no “eu acho que”. E assim permaneci sempre em boa companhia.
Conheci “filósofos” pontificando e sentenciando como exageradas ou erradas algumas ações de Deus (Yaveh, no Antigo Testamento), que extinguiu quase toda a humanidade pelo dilúvio; que afogou no mar Vermelho todo o exército do faraó, para salvar um povo que ainda lhe haveria de ser infiel; que castigou todos os homens, só porque o primeiro deles, Adão, quis comer exatamente aquele fruto proibido; que dotou um brutamontes chamado Sansão com força colossal para dizimar exércitos inimigos; que deu a um menino aquela pontaria certeira e eficiente para matar um gigante; que proibiu Moisés de entrar na terra prometida (depois de enfrentar tanta encrenca numa viagem de quarenta anos no deserto), só porque deu na rocha uma pancadinha extra, por conta própria; que exigiu de Abraão a decisão de assassinar o próprio filho, apenas para comprovar sua obediência e confiança; que destruiu com fogo do céu cinco cidades onde muitos praticavam um ato antinatural, embora ao criar o homem Ele soubesse que alguns poderiam achar atraente essa prática.
Estas avaliações, e muitas outras similares, vieram ao meu encontro no decorrer da vida. Quando apresentadas em formulações capciosas, elas podem impressionar mentalidades em formação, mas nunca me convenceram nem conseguiram abalar ou substituir minhas convicções. O que eu acho, o que você acha, não tem aí nenhum peso, nenhum valor. Muitos começam “achando” alguma coisa, e a partir daí enveredam por caminhos deploráveis. Uma vez deformada a mentalidade, geralmente passam a contestar e recusar o que é adequado e bom para o ser humano, como afirmado por Yaveh no Antigo Testamento e por Jesus Cristo no Evangelho. Daí a considerar justificados os próprios erros, vícios ou pecados, basta um passo.
Gente com essa mentalidade deformada ou viciosa pode aventurar-se a acusar Deus de vingativo, inclemente, belicoso, injusto. Nesse pretenso tribunal de acusação, recusam obediência a Deus, chegando mesmo a desafiá-lo. Fingem ignorar que, por nos ter criado, Ele tem o direito de exigir nossa adesão aos seus desígnios. Quais desígnios? Os que imprimiu claramente na natureza humana, dando-nos a inteligência para entender, a vontade para decidir e a sensibilidade para executar. Como se isso não bastasse, explicitou por vários meios o que o ser humano deve admitir e praticar.
Negar habitualmente obediência a Deus, pode ser consequência de decisões assumidas em épocas anteriores da vida. Precipitadas, inconsequentes ou levianas como sejam, nunca são isentas de culpa. Se o homem decide contrariar desígnios de Deus, e mesmo desafiá-lo ostensivamente, não vejo como reclamar da punição que Ele aplique. Injusto?! Tirano?! Homofóbico!?
Ninguém permanece impune, espezinhando os direitos de Deus.
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