No século XVII o jansenismo – espécie de infiltração do espírito calvinista protestante dentro da Igreja – causava na Filha Primogênita grandes estragos nas almas dos fiéis, destruindo nelas a noção da misericórdia de Deus e da confiança filial que devemos ter em relação ao Pai Celeste. Inculcava-lhes também um temor desprovido de amor, fazendo-as fugir dos Sacramentos, sobretudo da Eucaristia.
Foi então que o Sagrado Coração de Jesus apareceu a Margarida Maria, jovem religiosa da Ordem da Visitação fundada por São Francisco de Sales e Santa Joana de Chantal, para transmitir sua mensagem de misericórdia e confiança, expressa no Coração humano e divino do Verbo Encarnado.
Filha de Cláudio Alacoque e de Felisberta Lamyn, Margarida Maria foi a quinta dos sete filhos do casal, nascida a 22 de Julho de 1647.
Deus a queria só para Si. Por isso, como ela mesmo conta em sua Autobiografia, Ele a preveniu praticamente desde o berço da mais leve mancha de pecado. O Divino Mestre a dirigia nos segredos da vida interior, para que sua comunicação fosse só com o Céu.
Santa Margarida Maria era grande mística, e vivia quase por completo imersa no sobrenatural. Entrou na Visitação, em Paray le Monial, aos 23 anos. Nele recebeu as três grandes Revelações do Sagrado Coração de Jesus que estão na origem do admirável desenvolvimento que essa devoção encontrou em todo o mundo.
Santa Margarida Maria morreu em 17 de outubro de 1690. O seu corpo repousa sob o altar que lhe é dedicado na capela das visitandinas. Foi canonizada por Bento XV em 1920.
Citamos aqui, para proveito de nossos leitores, apenas a primeira das grandes revelações. “O meu divino Coração está tão abrasado de amor para com os homens, e em particular para contigo que, não podendo já conter em si as chamas de sua ardente caridade, precisa derramá-las por teu meio, e as manifestar para os enriquecer de seus preciosos tesouros, que eu te mostro, os quais contêm a graça santificante e as graças salutares indispensáveis para os apartar do abismo da perdição”.