Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
2 min — há 8 anos
A eleição de Donald Trump apavorou a esquerda europeia. Na Itália ela ainda treme. Treme mais do que o solo de suas cidades abaladas pelos vários e recentes terremotos. A esquerda italiana foi profundamente sacudida. Seus círculos dirigentes fazem um reexame de ideias e programas. Não é difícil. Esse exame é forçosamente superficial e expedito, pois de ideias o socialismo europeu, e em particular italiano, há muito caiu na indigência do pauperismo ideológico: nada têm de novo a apresentar. Repetem os surrados slogans de fracassados programas de um século atrás.
O mais importante jornal italiano, “Corriere della Sera”, fez abertamente campanha por Hillary Clinton. Embora se dizendo imparcial — é claro —, como todo grande órgão da imprensa, sua subserviência à esquerda vai bem além da mera simpatia. No entanto, em sua edição de 18 de novembro, à primeira página, um artigo de fundo escreve que os socialistas de todos os matizes, incapazes de compreender as aspirações da opinião pública, se dilaceram em conflitos internos. Comunistas acusam socialistas. E estes, com esquálidas lideranças incapazes de discernir novas perspectivas, se atolam no pântano de teorias peremptas. Em outras palavras — e em termos brasileiros — eles estão como os líderes do PT, embora fora da cadeia.
Poucos dias depois, o mesmo “Corriere della Sera”, à mesma primeira página, volta a verter lágrimas bem quentes sobre a sepultura política de Hillary e da esquerda europeias. Um de seus mais cotados jornalistas se incumbe de lançar um pouco de fumaça sobre a ruína esquerdista alegando a concomitante desgraça da direita atuante no Velho Continente. Ambas, diz aquele jornalista, não sabem o que fazer neste momento. Devem inventar novos argumentos, se quiserem ainda manter vínculos com seu eleitorado. Ambas estão em processo de desagregação dos laços que ainda mantinham com a opinião pública. Afirmações estas que, na pena de um simpatizante socialista, tomam o sabor de amarga confissão. Trata-se, sobretudo, do esvanecimento da velha esquerda. A direita entrou no artigo como fumaça a embaciar a visão. Pois os conservadores europeus vêm obtendo contínuas vitórias nas urnas e plebiscitos: a saída da Grã-Bretanha da União Europeia, a oposição da Holanda, Áustria e Hungria ao socialismo europeísta, a Suíça em sucessivos plebiscitos se distanciando da União Européia, a recente vitória na França do mais conservador dos pré-candidatos à eleição presidencial pelo partido centrista confirma a tendência antissocialista.
A esquerda europeia treme aos rugidos de Trump. E este tremor é sua maior prova de fraqueza. Pois ela está tiritando diante de uma figura fantasmagórica na qual não se vê estabilidade de ideias, nem coerente programa de governo. Por isto precisamente: porque as esquerdas não sabem o que são ideias firmes, e desconhece a lógica de governo.
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