No momento, você está visualizando “Não temais”: o Natal como manifestação do Amor eterno

“Não temais, pois anuncio-vos uma grande alegria, que é para todo o povo: nasceu-vos hoje um Salvador, que é o Cristo Senhor, na cidade de Davi” (Lc 2,11).

Estas palavras do Anjo aos pastores atravessam os séculos e continuam a ressoar, a cada Natal, como um convite à confiança e à esperança. Não se trata apenas de um anúncio histórico, mas de uma proclamação sempre atual: Deus entrou no tempo, assumiu a condição humana e veio habitar entre os homens.

Neste santo dia de Natal, a Igreja celebra o nascimento humano de Jesus Cristo Nosso Senhor, Filho eterno do Pai e Salvador do mundo. Gerado desde toda a eternidade no seio da Santíssima Trindade, o Verbo divino quis assumir a nossa natureza humana, fazendo-Se verdadeiro homem no seio puríssimo da Virgem Maria. Nela, sem deixar de ser Deus, recebeu verdadeiramente a nossa carne, inaugurando o mistério da Redenção.

Contudo, o Evangelho descreve este acontecimento sublime com uma simplicidade que desconcerta:

“Estando eles ali, completaram-se os dias do seu parto, e Ela deu à luz seu Filho primogênito, e envolveu-O em panos e deitou-O numa manjedoura, por não haver lugar para eles na estalagem” (Lc 2,6-7).

O Criador do universo nasce sem honras humanas, sem palácio, sem conforto. O Rei dos reis escolhe a pobreza; o Senhor da história aceita a rejeição; Aquele que sustém todas as coisas deixa-Se deitar numa manjedoura. Neste contraste luminoso, o Natal revela o modo próprio de agir de Deus: não pela força exterior, mas pela humildade que vence os corações.

Não é possível exprimir com palavras — nem penetrar plenamente com o entendimento humano — a alegria da Virgem Santíssima naquele instante. Ao contemplar o Menino em seus braços, Maria sabia estar diante de seu Filho e, ao mesmo tempo, de seu Deus. Com que reverência O tomou, com que amor O envolveu, com que doçura O beijou pela primeira vez! “Meu Filho, meu Senhor e meu Deus!” — poderia ter exclamado seu coração imaculado. E o Menino, com olhares cheios de mansidão, correspondia ao amor daquela que O gerara sem mancha.

Nasceu de sua Mãe como um raio de sol atravessa o cristal, sem o partir nem o manchar. Cumpria-se, assim, a profecia anunciada por Isaías setecentos anos antes:

“Uma Virgem conceberá e dará à luz um Filho”.

A própria história litúrgica do Natal atesta a importância deste mistério. Segundo o Missal Romano Quotidiano, até o início do século III a celebração da Natividade ocorria no Oriente a 6 de janeiro, juntamente com outras manifestações da vida pública de Cristo. Em Roma, porém, fixou-se a data de 25 de dezembro já na primeira metade do século IV. A escolha não foi casual: visava afastar os fiéis das celebrações pagãs dedicadas ao deus Mitra, o chamado “Sol Invicto”. Assim, a Igreja proclamava que o verdadeiro Sol, aquele que ilumina todo homem, é Nosso Senhor Jesus Cristo, nascido em Belém.

Com o passar do tempo, Oriente e Ocidente acolheram mutuamente suas tradições: Roma passou a celebrar a Epifania a 6 de janeiro, sobretudo como a vinda dos Reis Magos, enquanto o Oriente adotou o dia 25 de dezembro para celebrar a Natividade do Senhor, distinguindo na liturgia o nascimento em Belém e a visitação dos Reis Magos.

Desse modo, o Natal não é apenas a lembrança de um fato passado, mas a celebração de um mistério vivo: Deus conosco. A cada ano, a Igreja nos convida a voltar a Belém, a ajoelhar-nos diante da manjedoura e a reconhecer, naquele Menino pobre e silencioso, o Salvador do mundo.

Que neste Natal, ao ouvirmos novamente o anúncio do Anjo — “Não temais” — nossos corações se abram à verdadeira alegria e à Verdadeira Fé Católica: Cristo nasceu por nós.

A todos os visitantes e participantes deste site, um Santo e Feliz Natal, e um Ano Novo repleto das bênçãos da Sagrada Família!

Deixe um comentário