Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
5 min — há 7 anos — Atualizado em: 10/9/2018, 9:43:58 PM
É natural muitas crianças crescerem ouvindo de seus pais histórias infantis, algumas das quais as marcam profundamente, outras nem tanto. Confesso ao leitor que o conto de “Alice no país das maravilhas”, que ouvi quando era pequeno, se encaixa no segundo grupo, ao menos no meu caso.
Mas, ao acompanhar algumas notícias sobre toda a reação da opinião pública brasileira contra a blasfêmia, e os comentários de muitos articulistas a tal respeito, foi-me impossível não me lembrar do referido conto. O leitor o conhece?
Alice é uma menina que certo dia se aborrece com a falta de atenção de sua irmã mais velha. Por conta disso, resolve passear no jardim de sua casa. Lá, encontra um coelho que chama sua atenção pelo fato de estar portando um relógio de bolso. Ela resolve persegui-lo até sua toca.
O que ela não imaginava é que a toca era a porta de entrada para outro mundo — o País das Maravilhas — em que os animais, as plantas e outras coisas inanimadas podiam falar, coisas inusitadas aconteciam etc.
A menina desfrutava alegremente sua aventura até que um fato interrompe tudo: ela acorda e percebe que aquilo não passara de um sonho. Todo aquele mundo, aquelas criaturas, suas aventuras… Tudo fora um sonho.
Apesar de esse conto ser censurável em certos aspectos, seu autor o é mais ainda, mas sua narrativa pode servir-nos de comparação para o atual cenário político da esquerda brasileira.
A partir de meados dos anos 1980 partidos de esquerda começaram a crescer. Seus líderes julgavam que se iniciava para eles uma “era de ouro” no Brasil, diante de uma opinião pública fatigada com o regime militar. Na verdade, tal “era de ouro” apenas se consolidou com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002, e a permanência de seu partido (PT) no poder.
Foi o “país das maravilhas” para a esquerda. A partir desse marco, o Brasil ia ganhando cada vez mais semelhanças com regimes socialistas, tanto no campo econômico como no social.
No campo econômico poderiam ser citadas muitas medidas e leis que interferiam — e muitas ainda interferem — nas relações patrão-empregado, nas relações familiares, na livre iniciativa, no ensino etc., todas elas de cunho socialista.
Já no campo social caberia ressaltar toda a disseminação dos falsos conceitos de liberdade e igualdade, tendo como resultado a propagação do aborto, do homossexualismo, e de outras formas de mutilações morais.
Com todas essas transformações somadas ao fato de o PT financiar outros governos socialistas, seria inteiramente lícito supor que em mais algumas décadas o Brasil se tornaria a União Soviética da América do Sul. E tudo caminhava para esse desfecho.
Algo, porém, interrompe tudo: a esquerda acorda e vê que aquilo não passara de um sonho. Explico.
As pessoas que perseguiam esse objetivo estavam tão inebriadas com a disseminação de seus valores anticristãos, que não perceberam que a opinião pública já não os suportava havia tempo.
As manifestações instigadas pelo governo petista em 2013, a propósito do “Passe livre”, tiveram um efeito boomerang e constituíram para ele o início do fim, pois a opinião pública começou a gostar da rua… Contudo, o fato culminante que a meu ver fez a esquerda realmente sobressaltar-se foi a recente e imensa reação do povo brasileiro contra a blasfêmia e a pornografia presentes na mostra do “Queermuseum”. As seguintes reações contra outras “mostras de arte” terminaram de “tocar o despertador”.
O povo brasileiro não aceitou a agenda homossexual propagada pelo PT e pelos partidos de sua base aliada, que não contavam com essa esmagadora recusa.
O relato de muitos jornalistas simpáticos às ideias rejeitadas tão fortemente pelos brasileiros ilustra bem o quadro. “Absurdo”, “retrocesso”, “atraso”, “volta à Idade Média” foram expressões muito utilizadas, reveladoras do desapontamento que tiveram.
O que convém lembrar a toda essa gente, desejosa de impor a todo transe tais agendas ao povo brasileiro, é que nem seus discursos igualitários e falaciosos, nem a dissolução moral difundida pela mídia e congêneres poderão exterminar a herança religiosa e moral de um Brasil autêntico e cristão.
De um Brasil que a partir de 2013 vem se erguendo contra o socialismo petista em gigantescas manifestações de rua — das quais a mais memorável foi aquela de 15 de março de 2015 —, e cuja verdadeira grandeza se revelará no dia não longínquo em que, regenerado pelas bênçãos de Nossa Senhora Aparecida e envolto nos braços do Cristo Redentor, ele cumprir com a vocação histórica que a Divina Providência lhe concedeu.
(*) Fonte Revista Catolicismo, Nº 804, Dezembro/2017.
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