Portal do IPCO
Plinio Corrêa de Oliveira
IPCO em Ação
Logo do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira
Instituto

Plinio Corrêa de Oliveira

Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo

A Mesquita do Ground Zero e o Choque de Símbolos

Por Gustavo Solimeo

7 minhá 14 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 9:35:09 PM


A propósito da construção da mesquita no Ground Zero, em Nova York

Ground Zero

A construção de um centro islâmico, incluindo uma gigantesca mesquita, a alguns passos do chamado Ground Zero − local onde se erguiam as Torres Gêmeas do World Trade Center, destruídas no ataque terrorista de 11 de setembro de 2001 − dividiu a opinião pública norte-americana.

Com efeito, muitos consideram a destruição das Torres Gêmeas como um novo Pearl Harbor e por isso vêem a construção da mega-mesquita no preciso local onde elas se erguiam como um desafio e uma provocação.

E assim o debate se acalora, com os indivíduos e os grupos tomando partido, nem sempre pelas mesmas motivações ou invocando os mesmos argumentos.

O acalorado debate local tornou-se regional, nacional, e agora está reverberando para além das fronteiras norte-americanas, sendo seguido em todo o mundo.

Por isso, pareceu-nos oportuno apresentar aos nossos leitores a tradução do esclarecedor artigo sobre o tema, publicado no Website da TFP americana.

***

A Mesquita do Ground Zero e o Choque de Símbolos

Gary Isbell
22 de agosto de 2010

Se em 7 de dezembro de 1944 – três anos após o ataque japonês a Pearl Arbor, data infame para nós – funcionários do governo do Havaí tivessem permitido que um grupo de japoneses erguesse um santuário xintoísta em Pearl Harbor, como teriam reagido os americanos de todo o país? Ora, não estamos vendo uma situação análoga em Manhattan, com o governo aprovando a construção de uma mega-mesquita de 100 milhões de dólares no local sagrado do Ground Zero?

Estátua da Liberdade e a queda das Torres GêmeasDe certa forma, a destruição das Torres Gêmeas no dia 11 setembro de 2001 foi um novo Pearl Harbor, e a nação americana se viu confrontada com uma escolha: ou travar vigorosamente uma guerra defensiva e punitiva contra o novo inimigo da nação (o terrorismo islâmico), ou a perder a honra e a liberdade.

Ninguém nega que os terroristas que usaram dois aviões Jumbo e os seus passageiros como bombas para destruir os edifícios mais altos de Manhattan se consideravam muçulmanos envolvidos na jihad [“guerra santa”] contra os EUA.

No entanto, alega-se que esses 19 terroristas não eram representativos do Islã, mas tão-só “bandidos dementes” que agiram por conta própria. Como aponta Charles Krauthammer, colunista do “Washington Post”, isto é uma deliberada estupidez.

[1] Esses 19 assassinos representaram o golpe de lança islâmico no coração da América, e enquanto muitos dos muçulmanos, do total de um bilhão no mundo todo, não aplaudiram a ação, cerca de 7% deles o fizeram descontroladamente. O que dá aos terroristas 80 milhões de torcedores, um número não tão insignificante.

Esses são números que muitos bons americanos podem não conhecer. No entanto, eles sentem a dimensão, a capacidade e o ódio deste novo e cruel inimigo. Sua consciência instintiva do perigo não é fruto de preconceito ou intolerância. Pelo contrário, é uma expressão de amor à pátria, à fé e à família, bem como ao natural direito de auto-preservação. Essa consciência do perigo não atrapalha a percepção, antes a aguça.

Do Maine ao Havaí os americanos estão dando mostras desse conhecimento intuitivo na sua preocupação quanto aos planos de construção da mega-mesquita no Ground Zero. Seus instintos dizem-lhes que aqueles que favorecem a construção desta mesquita – mesmo os que o fazem com a melhor das intenções – estão equivocados.

Para esses americanos, as noções de patriotismo, sacrifício, heroísmo e sacralidade são violados com a tentativa de construção de uma mesquita de 13 andares perto do local em que 2.967 inocentes compatriotas foram mortos no ataque terrorista. Além disso, esses americanos tornam-se inquietos quando lêem que a construção dessa mesquita é apoiada pelo notório grupo terrorista Hamas.[2]

Aumenta-lhes o desconforto ouvir em reportagem da ABC News que Oz Sultan, porta-voz da mesquita do Ground Zero, recusou-se a excluir financiamentos por parte do Irã ou da Arábia Saudita para construir a estrutura de 100 milhões de dólares.[3]

Suas dúvidas crescem ainda mais quando lêem como a proposta de conciliação do governador de Nova York, David Paterson, e do Arcebispo Timothy Dolan, tentando convencer a Cordoba Initiative a construir a mesquita em algum outro lugar, foi rejeitada.[4]

Ficam perplexos ao ver que outros políticos parecem não poupar esforços para levar adiante o projeto, enquanto aqueles que desejam reconstruir a igreja Ortodoxa Grega de São Nicolau, destruída durante o ataque de 11 de Setembro, estão ainda atolados em burocracia, nove anos após a sua demolição.[5]

Por outro lado, eles se alegram e batem palmas ao ouvir a notícia de que os trabalhadores na construção de New York prometeram não construir a mega-mesquita do Ground Zero caso ela seja aprovada.[6]

No entanto, esses americanos são intimidados pelos patrocinadores da mesquita: “Vocês devem pôr de lado suas percepções, dúvidas e sentimentos. A Primeira Emenda [à Constituição Federal] garante aos muçulmanos da Cordoba Initiative o direito de construir essa mega-mesquita no Ground Zero”.

− “Será verdade?” − perguntam os norte-americanos preocupados. “É a Primeira Emenda assim tão absoluta que passa por cima de qualquer outra consideração?”

“Sim!” − dizem os primeiros. “Devagar!” − dizem os outros. E, assim, um acalorado debate local tornou-se regional, nacional, e agora está reverberando para além de nossas fronteiras, sendo seguido em todo o mundo. Em uma recente pesquisa da CNN, cerca de 70 por cento dos americanos se opõem à construção de uma mesquita no Ground Zero, mesmo à luz dos direitos da Primeira Emenda.

Adicionando um toque curioso ao debate, a ACLU [American Civil Liberties Union − Sindicato das Liberdades Civis Americanas] aplaudiu a decisão dos funcionários do governo de aprovar a construção da mesquita.[7] No entanto, a ACLU é conhecida por expulsar os presépios para fora das praças públicas.[8]

Ataque de 7 de setembro
Ataque de 7 de setembro

E assim o debate se acalora, com os indivíduos e os grupos tomando partido, nem sempre pelas mesmas motivações ou invocando os mesmos argumentos.

Por que este debate galvanizou tanto a nação?

É porque Ground Zero é um símbolo gravado a fogo na alma dos Estados Unidos. Um símbolo que ajuda os americanos a compreender melhor a essência do que aconteceu no dia 11 de setembro, assim como a nova realidade com que a nação se defronta. Um símbolo que evoca um grito do fundo da nossa alma: “Jamais esqueceremos!” Um símbolo que robustece a decisão da nação de derrotar a ameaça islâmica ao mundo livre.

E porque o Ground Zero é um símbolo da nação pela qual eles vivem e morrem, os americanos preocupados sabem que é um erro dos muçulmanos construir uma mesquita ali.

Eles sentem que seria profanar o nosso símbolo nacional. Eles sentem que os “Bin Ladens”, os “Zawahiris” e os “Ahmadinejads” do mundo − com os muitos milhões de islamitas radicais que os aplaudem em seu ódio da América − vão considerar uma mesquita muçulmana no Ground Zero como seu símbolo sobre o nosso, um símbolo da sua conquista e da nossa derrota. Eles sentem que a mega-mesquita será um triunfo de Al-Qaeda em sua guerra psicológica contra os EUA.

Os americanos preocupados sentem esse choque de símbolos na contenda e é por isso que eles estão determinados a fazer tudo o que puderem, legalmente e de forma pacífica, para evitar a construção da mesquita no local sagrado do Ground Zero.

_________

Notas
1. Charles Krauthammer, “Myopia at Ground Zero” The Washington Post, Aug. 20, 2010, at http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/
article/2010/08/19/AR2010081904769.html?nav=hcmoduletmv

2. Cf. S.A. Miller in Washington and Tom Topousis in New York, Hamas nod for Ground Zero mosque Terror group’s leader: ‘Have to build it’, Last Updated: 12:03 PM, August 16, 2010, Posted: 1:49 AM, August 16, 2010, http://www.nypost.com/p/news/local/manhattan
/hamas_nod_for_gz_mosque_cSohH9eha8sNZMTDz0VVPI#ixzz0xBdwkDPX.

3. Cf. http://abcnews.go.com/print?id=11429998.
4. Cf. Javier C. Hernandez, Archbishop Offers Mediation for Islamic Center, Published: August 18, 2010, http://www.nytimes.com/2010/08/19/nyregion/19dolan.html?ref=nyregion

5. FoxNews.com, Decision Not to Rebuild Church Destroyed on 9/11 Surprises Greek Orthodox Leaders, Published August 18, 2010, at http://www.foxnews.com/politics/2010/08/18/leaders-disappointed-
government-declares-deal-rebuild-ground-zero-church-dead/

6. Samuel Goldsmith, “They won’t build it! Hardhats vow not to work on controversial mosque near Ground Zero” Aug. 20, 2010, at http://www.nydailynews.com/ny_local/2010/08/20/2010-08-20
_we_wont_build_it_hardhats_say_no_way_they_will_work_on_wtc_mosque.html

7. “NYCLU And ACLU Applaud Approval Of NYC Islamic Cultural Center For Upholding Values Of Freedom And Tolerance” Aug. 3, 2010, at http://www.aclu.org/religion-belief/nyclu-and-aclu-applaud-approval-nyc-islamic-cultural-center-upholding-values-freedom

8. http://www.timesleader.com/news/
ACLU_axes_nativity__menorah_12-17-2009.html?showAll=Y

Detalhes do artigo

Autor

Gustavo Solimeo

Gustavo Solimeo

18 artigos

Licenciado em História pela Universidade de São Paulo. Ex-Secretário de Redação e atual colaborador da revista de cultura "Catolicismo". Membro Titular da Academia Marial de Aparecida.

Categorias

Tags

Comentários

Seja o primeiro a comentar!

Comentários

Seja o primeiro a comentar!

Tenha certeza de nunca perder um conteúdo importante!

Artigos relacionados