Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
5 min — há 8 anos
Morreu na Bélgica a primeira criança por eutanásia. A notícia não poderia ser mais estarrecedora. A informação foi prestada pelo presidente da Comissão Federal para a Eutanásia, Wim Distelmans.[i]
Em 2014, o Parlamento Socialista da Bélgica aprovou uma lei iníqua que permite que os médicos pratiquem a eutanásia – eufemismo para não dizer assassinar – em crianças com doenças ditas incuráveis e que causam muito sofrimento. A lei permite que os menores procurem a eutanásia. Mas as crianças que serão sacrificadas teriam que “possuir a capacidade de discernimento”. Que criança, nos tormentos das dores, será capaz de discernir se quererá ou não ser morta?
A eutanásia existe na Bélgica desde 2002, quando o governo socialista daquele país a aprovou para os anciãos.
O número de mortes por eutanásia na Bélgica está subindo rapidamente, com um aumento de 25% em 2012. Estudos recentes indicam que até 47% de todas as mortes assistidas não estão sendo relatadas; 32% de todas as mortes assistidas estão sendo feitas sem pedido e enfermeiros estão a matar seus pacientes sem o conhecimento dos médicos.[ii]
Alguns especialistas belgas estão a apoiar a extensão da eutanásia para crianças com deficiência, porque eles dizem que isto já está sendo feito. Os mesmos médicos especialistas sugerem que a extensão da eutanásia vai resultar num aumento de 10 a 100 mortes por ano.
Tudo isto causa uma enorme insegurança entre as pessoas. Na Holanda, um dos primeiros países a aprovar a eutanásia, os idosos cruzam a fronteira e vão se tratar na Alemanha onde a lei da eutanásia não é tão radical. Agora, também a criança doente se sentirá gravemente ameaçada. E ela pensará se a sua existência não será um peso para a família e que seus pais, mediante conselho pernicioso de um médico, não venha a terminar com a sua vida.
* * *
A eutanásia é, a seu modo, uma consequência do aborto. O aborto trouxe um enfraquecimento da família e é praticado pelas mesmas razões, ou seja, o casal não quer ter filhos para poder gozar mais a vida, divertir-se livremente, ir à praia etc. sem ter o trabalho de cuidar de crianças.
A criança executada pela eutanásia “alivia” a família de gastos com hospitais e do trabalho de acompanhamento familiar naquele momento crucial. Então se mata o filho ou a filha e em seguida vai divertir-se.
Como isto é diferente daquela mãe ou pai que passam noites sem dormir, rezando pela recuperação da saúde de seu filho ou filha, ao lado de seu leito de dor, consolando-a, dando forças para suportar os sofrimentos!
Os outros filhos olharão para os pais e dirão: como meus pais são maravilhosos, como eles são dedicados. A minha mãe é uma heroína, acompanhou o meu irmãozinho até o fim. Que exemplo!
É neste momento de sofrimento que a família se une melhor; há maior solidariedade entre as pessoas.
Contudo, não são assim os pais que matam os seus filhos. Eles buscam principalmente o prazer, o gozo da vida. Procuram eliminar qualquer forma de sofrimento. Eles são o fruto de uma sociedade descristianizada. Para eles não importa o quinto mandamento que diz “não matarás”, assim como os demais.
Na coluna “7 dias em revista” do Legionário, n. 212, de 4 de outubro de 1936, Plinio Corrêa de Oliveira comentava um fato então pioneiro: em Perth (Austrália) um pai matou o próprio filho por motivos de saúde. Transcrevemos a seguir o texto na íntegra:
“Pela primeira vez, desde que o mundo se governa pelos princípios da civilização de Jesus Cristo, um pai mata seu filho por motivos de saúde.
Trata-se do Sr. Sullivan, de Perth, na Austrália, que levou a passear seu filho de três anos a quem prostrou inesperadamente com um tiro. O próprio infanticida conduziu depois o pequeno cadáver à polícia, e declarou que a razão do crime que praticara era que seu menino sofria de moléstia incurável.
Não era lícito a esse pai desnaturado, matar o seu filho, qualquer que fosse o pretexto por ele invocado. Mas façamos abstração disto, e consideremos a questão sobre outro aspecto. O Sr. Sullivan é “chauffeur”, portanto pessoa relativamente desprovida de recursos. Será tão seguro que autorize o infanticídio o diagnóstico do médico de 2ª classe, a quem provavelmente o Sr. Sullivan consultou? Será realmente incurável essa moléstia? Com os progressos que a medicina vem fazendo, não é bem possível que, daqui a alguns anos, o menino pudesse ser curado?
Em nada disto refletiu o Sr. Sullivan.
* * *
O Sr. Sullivan, em si, não interessa. Sua atitude vale apenas como sintoma de uma civilização.
A tal ponto o mundo descristianizado está perdendo o senso da caridade, que diversos escritores europeus já sustentam a inutilidade e, mais do que isto, a nocividade dos estabelecimentos de assistência à infância doente.
Se a criança doente é um ser inferior, por que razão há de o Estado sobrecarregar-se com sua educação? Não seria melhor deixar morrer esses galhos quase secos, para que a seiva afluísse mais abundante, para os galhos sãos?
Se algum dia esse pensamento conquistar o mundo, os casos como o do Sr. Sullivan serão numerosíssimos.”
Nesse dia, a Igreja certamente já terá voltado para as catacumbas. E, no Brasil, as pessoas do povo matarão seus filhos, não mais a conselho médico, mas por indicação de (satanistas)…”
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Referências:
[i] https://br.sputniknews.com/sociedade/20160917/6344864/eutanasia-crianca-belgica.html – acessado em 20 de setembro de 2016.
[ii] http://www.lifenews.com/2016/09/19/first-child-dies-after-belgium-approves-measure-allowing-doctors-to-euthanize-children/ – acessado em 20 de setembro de 2016.
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