Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
3 min — há 11 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 9:26:11 PM
Na Idade Média, como em todas as épocas, a criança vai à escola. Em geral, à escola da sua paróquia ou do mosteiro mais próximo.
Todas as igrejas agregam a si uma escola, pois o concílio de Latrão, em 1179, faz-lhes disso uma obrigação estrita.
É uma disposição corrente, ainda visível na Inglaterra, encontrar reunidos a igreja, o cemitério e a escola.
Frequentemente, são também as fundações senhoriais que asseguram a instrução das crianças: Rosny, uma aldeiazinha das margens do Sena, tinha desde o início do século XIII uma escola, fundada por volta do ano 1200 pelo seu senhor Guy V Mauvoisin.
Por vezes também, trata-se de escolas puramente privadas, quando os habitantes de um lugarejo associam-se para sustentar um professor encarregado de ensinar as crianças.
Um pequeno texto divertido conservou-nos a petição de alguns pais solicitando a demissão de um professor.
Não tendo sabido fazer-se respeitar pelos seus alunos, foi por eles desrespeitado, ao ponto de eles o picarem com os seus grafiones (eum pugiunt grafionibus), isto é, os estiletes com os quais eles escrevem nas suas tabuinhas revestidas de cera.
Mas os privilegiados são evidentemente aqueles que podem aproveitar o ensino das escolas episcopais ou monásticas, ou ainda das escolas capitulares, porque os capítulos das catedrais estavam submetidos à obrigação de ensinar o que o referido concílio de Latrão lhes fixara.
Diz Luchaire: “Em cada diocese fora das escolas rurais ou paroquiais que já existiam, os capítulos e os mosteiros principais tinham as suas escolas, o seu pessoal de professores e de alunos” (La société française au temps de Philippe-Auguste, p. 68).
Algumas adquiriram na Idade Média uma notabilidade muito particular.
Por exemplo, as de Chartres, Lyon, Mans, onde os alunos representavam as tragédias antigas; a de Lisieux, onde no início do século XII o bispo em pessoa se deleitava em ensinar; a de Cambrai, sobre a qual um texto citado pelo erudito Pithou nos informa que elas tinham sido estabelecidas especialmente a fim de serem úteis ao povo na condução dos seus assuntos temporais.
As escolas monásticas tiveram talvez ainda mais renome, como as de Bec e Fleury-sur-Loire, onde foi aluno o rei Roberto, o Piedoso; a de Saint-Géraud d’Aurillac, onde Gerbert aprendeu os primeiros rudimentos das ciências que ele próprio iria levar até um tão alto grau de perfeição; a de Marmoutier, perto de Tours; a de Saint-Bénigne de Dijon, etc.
Em Paris encontram-se desde o século XII três séries de estabelecimentos escolares:
— a escola Notre-Dame, ou grupo de escolas do bispado, cuja direção é assumida pelo chantre para as classes elementares, e pelo chanceler para o grau superior;
— as escolas de abadias como Sainte-Geneviève, Saint-Victor ou Saint-Germain-des-Prés;
— e enfim as instituições particulares abertas por professores que obtiveram a licença de ensino, como por exemplo Abelardo.
A criança era aí admitida com sete ou oito anos de idade, e o ensino que preparava para os estudos da universidade estendia-se como hoje por uma dezena de anos. São os números que fornece o abade Gilles de Muisit.
Os rapazes eram separados das moças, que tinham em geral os seus estabelecimentos particulares, menos numerosos talvez, mas onde os estudos eram por vezes muito ativos.
A abadia de Argenteuil, onde foi educada Heloísa, ensinava às moças a Sagrada Escritura, as letras, a medicina e mesmo a cirurgia, sem contar o grego e o hebraico que Abelardo lá ensinou.
Em geral, as pequenas escolas proporcionavam aos seus alunos as noções de gramática, aritmética, geometria, música e teologia, que lhes permitiriam aceder às ciências estudadas nas universidades.
É possível que algumas tenham comportado uma espécie de ensino técnico.
A Histoire Littéraire cita, por exemplo, a escola de Vassor, na diocese de Metz, na qual, enquanto se aprendia a Sagrada Escritura e as letras, se trabalhava o ouro, a prata, o cobre (Cf. Livro VII, c. 29, citado por J. Guiraud, Histoire partiale, histoire vraie, p. 348).
(Autor: Régine Pernoud, “Lumière du Moyen Âge” – Bernard Grasset Éditeur, Paris, 1944)
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