Portal do IPCO
Plinio Corrêa de Oliveira
IPCO em Ação

Dança infernal sobre a carótida energética da Europa


Luis Dufaur

O presidente bielo-russo Alexandre Lukashenko cortou o fluxo de gás russo para a Europa, após uma briga financeira mal contada com Moscou. O fato foi noticiado pela imprensa internacional.

Por causa dessa briga, a gigante do gás russo Gazprom reduziu em 30% as entregas de gás à Bielo-Rússia.

Quem sentiu logo o impacto da jogada, na realidade, foi a União Europeia que é a destinatária final desse gás. 20% do gás russo que chega à Europa circula pelo território bielo-russo. Os países mais atingidos foram a Alemanha e a Lituânia.

De um modo também não claro para o público, os dois litigantes acabaram restaurando o fluxo do gás vital. Mas, logo a seguir o Kremlin humilhou o presidente da Bielo-Rússia acusando-o de “pérfido ditador que prospera sugando Moscou”, noticiou o diário madrileno “El País”.

O virulento ataque marcou mais um passo de retorno à prática soviética de humilhar aqueles que não prestam servil reverência aos amos de Moscou.

O Kremlin utilizou a TV oficial para qualificar Lukashenko de “ditador, simpatizante de Hitler e suspeito da desaparição e morte de seus principais opositores políticos”.

“Mutato nomine de te fabula narratur” (“Trocando o nome, conta-se de ti a mesma história”), poderia ter respondido o líder bielo-russo citando Horácio. Porém, a cultura está banida nas disputas socialistas.

O feroz documentário foi transmitido pela NTV, canal controlado pela Gazprom, por sua vez detentora do monopólio exportador de gás russo e controlada pelo Estado.

A mídia russa ‒ quase toda em mãos do Kremlin ‒ há tempos vinha inculpando o líder bielo-russo pela morte do ex-vicepresidente do Parlamento Guenadi Karpenko, pelas desaparições do ex-ministro do Interior Yuri Zajarenko, de Víctor Gonchar também ex-presidente do Parlamento, do jornalista Dmitri Zavadski e do empresário Anatoli Krasovski.

Mas, como se tudo isso fosse encenação, o presidente russo Dmitri Medvédev reuniu-se com seu par bielo-russo Lukashenko em Astaná, capital de Kazaquistão, onde assinaram um novo código alfandegário que unirá os três países. Pelo acordo, a Rússia vai consolidando o processo de reabsorção das antigas ex-repúblicas soviéticas sob a vontade imperial de Putin e seus colegas da ex-KGB.

As surdas disputas entre os antigos membros do aparato soviético que hoje controlam esses países não parecem ter terminado.

Em qualquer hipótese, o Kremlin fez sentir o frio do fio da navalha na carótida da Europa. Até quando durará essa dança infernal? Não é difícil prever que a Rússia sonhe um dia apelar para uma chantagem final, numa Europa debilitada pela crise econômica e sem exércitos nem disposição psicológica para resistir.

Fontes: El País,;

http://www.elpais.com/articulo/internacional/Kremlin/humilla/presidente/Bielorrusia/elpepuint/20100705elpepuint_11/Tes

http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,presidente-bielo-russo-ordena-corte-de-gas-russo-para-a-europa,570306,0.htm.

http://www.elpais.com/articulo/internacional/Kremlin/humilla/presidente/Bielorrusia/elpepuint/20100705elpepuint_11/Tes; segunda-feira, 5 de julho de 2010, 17:58:03.

Detalhes do artigo

Autor

Luis Dufaur

Luis Dufaur

1042 artigos

Escritor, jornalista, conferencista de política internacional no Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, webmaster de diversos blogs.

Categorias

Esse artigo não tem categoria

Tags

Comentários

Seja o primeiro a comentar!

Comentários

Seja o primeiro a comentar!

Tenha certeza de nunca perder um conteúdo importante!

Artigos relacionados