Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
4 min — há 13 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 9:30:15 PM
Deus criou o mundo de acordo com leis sapienciais admiráveis. Ordenar todas as coisas segundo essas leis acarreta não apenas um equilíbrio perfeito em toda criação como atrai o beneplácito divino e sua misericórdia. Pelo contrário, transgredir sistematicamente essas leis leva à irracionalidade e ao desastre.
É o que está ocorrendo com o controle da natalidade. Pelo desejo de bem-estar e gozo da vida — ou outros eventuais — afronta-se a finalidade primária do matrimônio que é a procriação e a educação da prole. Para satisfazer esse desejo intemperante e desordenado multiplicam-se os meios de limitação dos nascimentos: pílulas, drogas, mecanismos e mais não se sabe o quê, condenados na Encíclica Humanae Vitae de Paulo VI. As consequências já se vão fazendo sentir e se anunciam trágicas.
Os filhos sempre foram considerados uma bênção para os pais. Hoje em dia, com o neopaganismo vigente, passaram a ser um estorvo.
Vejamos o caso do Brasil, em que a diminuição da natalidade tem sido enorme. Ela se opera em vista de se poder viver com maior riqueza e bonança. Pois bem, é isso mesmo que está ameaçado. A transgressão do mandamento divino “multiplicai-vos e enchei toda a Terra” (Gen. 1,28) traz em seu bojo o próprio castigo.
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“Pela primeira vez na história, estima-se que as mulheres no Brasil terão, em média, um número de filhos menor que o considerado necessário para repor a população […] A rápida mudança populacional expõe o risco de o Brasil ‘envelhecer antes de enriquecer’ […]. Com o aumento da população aposentada ou idosa, elevam-se os custos privados e públicos da assistência e reduz-se um fator de produção, o trabalho” (“Folha de S. Paulo”, 20-11-11, editorial).
Note-se que o comentário acima só leva em conta o aspecto material. Pois bem, é por aí que vem a catástrofe. No mesmo sentido:
“Dados do Censo 2010 divulgados na última semana revelam que a fecundidade no Brasil caiu para 1,86 filho por mulher. Chama a atenção, em primeiro lugar, a grande velocidade com que o índice despencou. Meio século atrás, em 1960, ele era de 6,2 […].
“Ocorre também o que os especialistas chamam de janela demográfica, na qual a proporção de trabalhadores na ativa é mais alta, produzindo o enriquecimento da sociedade […]. O problema é que essa janela não dura para sempre. Ela se fecha à medida que a coorte de idosos que já não trabalham vai ganhando preponderância. Os desafios aí são tentar manter a viabilidade dos sistemas de previdência e de saúde, bem como a riqueza material da sociedade.
“Decisões antipáticas, como alterar (e para pior) o regime da aposentadoria, precisam ser tomadas. No limite, é preciso pensar em abrir o país à imigração, outra medida impopular. Os obstáculos são tantos que a tendência é empurrar a encrenca para nossos filhos e netos” (Hélio Schwartsman, “Folha de S. Paulo”, 20-11-11).
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Outra consequência, nada desprezível: os que vão envelhecendo já não têm mais lugar na família. Aquelas estirpes de outrora, com numerosos filhos, cuidavam amorosamente de seus pais e avós. Hoje, estes vivem no amargo isolamento de um apartamento, quando não são relegados a depósitos de velhos, chamados Casas de Repouso, onde muitos vegetam até morrer (ou até serem “eutanasiados”), na amargura e na decepção de uma vida em que, pelo fato de colocarem o gozo e o prazer acima da lei de Deus, perderam não só a Deus, mas também a felicidade.
Aliás, sobre tais asilos de velhos, o antigo Rei do Marrocos, Hassan I — um muçulmano, portanto — disse, mais ou menos com estas palavras, a seguinte verdade, esquecida hoje pelos católicos: “No dia em que eu souber que em algum lugar do Marrocos foi colocada a primeira pedra para a construção de um asilo de velhos, posso dizer que a nossa nação acabou”.
Queira Deus que os que incorreram numa limitação da natalidade contrária à sabedoria e aos mandamentos divinos pelo menos reconheçam seu pecado e se reconciliem com o Criador. Mas como fenômeno social o desastre está feito e só nos resta pedir a Nossa Senhora que desencadeie os acontecimentos regeneradores previstos por Ela em Fátima.
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