Portal do IPCO
Plinio Corrêa de Oliveira
IPCO em Ação
Logo do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira
Instituto

Plinio Corrêa de Oliveira

Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo

“Direitos” de rios e bichos (II)

Por Marcos Machado

5 minhá 6 anos — Atualizado em: 8/20/2020, 1:46:55 AM


Deus, o homem e o uso dos seres irracionais

Iniciamos, no último artigo, considerações sobre um tema tantas vezes focalizado de modo equivocado na mídia e em meios culturais influenciados pela esquerda petista e não petista: os “direitos” de seres irracionais.

Citamos o artigo de “O Globo” (1º-6-18), de Marlen Couto: “Um rio pode entrar na Justiça para defender-se da poluição? […] a Justiça Federal de Belo Horizonte analisa se aceita ou não uma ação movida em novembro pela ONG Pachamama em que o próprio Rio Doce pede seu reconhecimento. […] a mudança de tratamento na lei, na avaliação de seus defensores, amplia a proteção ambiental ao aproximar direitos de rios e animais, por exemplo, aos garantidos aos humanos”.

Vimos que Deus, autor da Criação, criou o Homem à Sua Imagem e Semelhança (inteligência, vontade) e o constituiu Rei de todos os seres: “Crescei e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a, e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves do céu, e sobre todos os animais, que se movem sobre a terra”(Gen. I, 28).

Em consequência, os seres irracionais ficam submetidos ao homem, que guiado pela Lei Natural e, mais ainda, pela Moral Católica, fará o reto uso das leis da natureza em relação aos seres não inteligentes.

Queremos hoje tratar de mais um aspecto da questão.

A lei do pêndulo na História

Há uma lei histórica, que poderíamos denomina-la “lei do pêndulo”, a qual nos mostra que um extremo de intemperança provoca um cansaço na opinião pública e prepara com isso o ambiente para que ela aceite uma intemperança oposta.

Deu-se isso, por exemplo, nos extremos de sangueira provocados pelo comunismo e pelo nazismo na Segunda Guerra mundial, os quais criaram as condições psicológicas ou a apetência de um pacifismo desenfreado no pós- guerra.

A formulação corrente de que um extremo atrai outro extremo é fundamentalmente errada. Um auge de virtude nunca gera um auge de mal. Mas um extremo intemperante atrai outro extremo intemperante.

Assim, Nosso Senhor Jesus Cristo pregando e ensinando o extremo do verdadeiro, do bom e do belo, jamais foi causa do extremo oposto, ou seja, do errado, do mau ou do feio.

O mesmo se passa na sociedade humana: o reto progresso — que é fundamentalmente afim com a Tradição — prepara para novos progressos. Nunca um reto progresso cria condições para a barbárie.

A “lei do pêndulo” nos mostra, pelo contrário, que um extremo desordenado causa um cansaço e prepara a opinião pública para o extremo oposto.

O terreno fértil para o proselitismo ecológico vem exatamente de um progresso sem tradição que norteou a chamada Revolução Industrial, com seus excessos, sua poluição etc., Um abismo atrai outro abismo, diz a Sagrada Escritura.

O homem deve completar a excelência da Criação

Comenta o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira: “É desígnio da Providência que, agindo segundo essa ordem [criada por Deus], a humanidade complete de algum modo, com a obra de suas mãos, a excelência da criação. Quando a técnica se deixa guiar inteiramente pela doutrina da Igreja, ela concorre para produzir o verdadeiro progresso, muito diverso do imenso caos a que nos conduziu o tecnicismo neopagão.”

Essa observação do Prof. Plinio é muito oportuna, porque a ecologia coloca uma “camisa de força” na criatividade do homem e paralisa nossos esforços na linha do reto progresso, da excelência da criação. “As obras do homem são netas de Deus”, afirmou Dante Alighieri. Deus quer que o homem aperfeiçoe a natureza.

Assim procedeu, por exemplo, o Aleijadinho, tomando a pedra sabão e fazendo com ela a verdadeira maravilha que são os Profetas em Congonhas do Campo [foto ao lado: estátua do Profeta Daniel].

O mesmo se diria do Cristo Redentor no Corcovado. O homem intuiu que uma imagem do Salvador ficava bem ali, e então corou aquela natureza, completando-a com um “possível de Deus” — ou seja, com algo que Deus poderia ter feito, mas quis deixar para o homem fazer.

Prossegue o Prof. Plinio:

“Não é verdade que o universo seja um caos: ele é, pelo contrário, uma obra ordenada e excelente de Deus; em consequência, o progresso técnico em si mesmo não pode senão trazer benefícios para a humanidade.”

Voltando à raiz do problema e apontando a solução, ele continua:

“Se, in concreto [o progresso técnico], não os trouxe, e até concorreu para agravar imensamente os problemas humanos, deve-se atribuir isto ao fato de que o progresso contemporâneo, sob muitos e muitos aspectos, não é mais um progresso autêntico: ele se deixou inspirar e guiar por doutrinas falsas, e assim passou a ser, não in totum, mas de várias maneiras, um fator de deformação do homem e de agravamento de seus problemas”.

Portanto, corrijamos o desvio no homem e não caiamos no erro crasso (dos ecologistas) de atribuir “direitos” a seres irracionais.

“Este dramático desvio do progresso foi possível porque existe na humanidade um fator de desordem, causado pelo pecado original e pelos pecados atuais. Este fator, pelo qual, como vimos, tantas vezes o progresso se deixou dominar e corromper, não é obra de Deus, mas do homem”.

Terminamos com uma nota de esperança

“O remédio para este mal consiste em [voltar-se para] Jesus Cristo, Filho de Deus e Salvador nosso. Se o homem não tivesse se afastado d’Ele, o progresso não teria sofrido tão trágico desvio. Se o homem se voltar para o seu Divino Salvador, o progresso se desenvencilhará de suas deturpações e produzirá os frutos mais excelentes.”1

Fica, pois, apontada a verdadeira solução: voltarmo-nos para o “Divino Salvador, e o progresso se desenvencilhará de suas deturpações e produzirá os frutos mais excelentes”.

         Para isso nos ajudem Nossa Senhora Aparecida e o Cristo Redentor.

____________

  1. “Catolicismo” Nº 91 – Julho/1958.  http://catolicismo.com.br/acervo/num/0091/P04-05.html

Detalhes do artigo

Autor

Marcos Machado

Marcos Machado

492 artigos

Pesquisador e compilador de escritos do Prof. Plinio. Percorreu mais de mil cidades brasileiras tomando contato direto com a população, nas Caravanas da TFP. Participou da recuperação da obra intelectual do fundador da TFP. Ex aluno da Escola de Minas de Ouro Preto.

Categorias

Tags

Comentários

Seja o primeiro a comentar!

Comentários

Seja o primeiro a comentar!

Tenha certeza de nunca perder um conteúdo importante!