Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
5 min — há 10 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 8:50:46 PM
A Associação Ecumênica de Teólogos e Teólogas do Terceiro Mundo (EATWOT ou ASETT) consagrou um número de sua revista “Voices” ao tema “Ecologia profunda, espiritualidade e liberação”, informou a agência ADISTA, que divulga entusiasmada a iniciativa.
Temos insistido que por detrás da aparência de proteção da natureza, a temática ecológica vem sendo explorada a partir da queda da URSS para operar uma revolução de tipo panteísta, neocomunista e libertária.
Aderiu a esse estratagema a decrépita Teologia da Libertação, que andava precisando de novos ares de mocidade, ou de algum botox ideológico.
Insistimos também que nesse ambientalismo fajuto se esconde uma religião oculta para os não iniciados. E a matéria publicada por ADISTA fornece claras e patentes provas dessa manipulação.
A revista se sacia no ponto de partida em um dos mananciais mais desconhecidos do movimento “verde” radical. Trata-se da ‘ecosofia’, ou visão espiritual, definida pelo norueguês Arne Naess em 1972.
Para Naess, a ecologia não é o que todas as pessoas pensam, ou seja, um compreensível esforço para proteger belezas e tesouros da natureza, sejam geográficos, vegetais, animais, marítimos, etc.
Não, para a revista que glosa Naess, tal ecologia seria “superficial”, burguesa, que quer defender a natureza mantendo-a a serviço do homem.
Uma ecologia sensata que, sem necessidade de espalhafato, vem aliás sendo praticada nos países de cultura cristã, por exemplo pelos agricultores que melhoram a natureza, a embelezam e fazem-na dar o melhor de si.
Não se trata de nada disso. A visão da ‘ecosofia’ ou da ‘ecologia profunda’ exalta uma misteriosa inter-relação subjacente entre tudo o que existe.
Essa inter-relação poria a desigualdade entre os seres num patamar inferior e nivelaria o homem com qualquer outra forma de vida.
Nessa concepção, seria antiecológico colocar o homem acima do inseto. E se a agricultura mata insetos, ela é antiecológica.
Se o progresso da civilização pede a construção de uma barragem que pode prejudicar um tipo de sapo, a barragem e a civilização se tornam inimigas dessa inter-relação panteísta.
A ‘sabedoria verde’ – a ecosofia – ensinaria que um e outro estão tão interconectados, que no fundo seriam como que uma só coisa.
E a interconexão suprema seria Gaia, um ser único com inúmeras manifestações, dentro do qual o homem não valeria mais do que um bacilo dentro do sistema intestinal.
Para justificar essa ideia de fundo evolucionista marxista e pagão, a ‘ecologia profunda’ manipula a ciência.
O importante para os teólogos libertários é “que a nova descrição cósmica que as ciências estão transmitindo, está transformando a consciência da humanidade”.
No que consiste essa transformação da consciência? Os teólogos libertários louvam Thomas Berry, que consideram o ecoteólogo máximo de nossos tempos.
Ele teria apontado essa via: convencer os homens de que eles não são seres individuados, mas pingos sem personalidade que andam dissolvidos num magma panteísta, onde no máximo lhes é concedido um “nicho ecológico” análogo ao de uma formiga na terra.
“A Terra em si mesma e todos os seres viventes e seus elementos anorgânicos constituem uma só comunidade”. O grão de poeira e o homem estão em paridade de condição, aliás como no evolucionismo marxista.
Reconhece-se ao homem apenas um “lugar próprio”: “promover essa comunidade”, isto é, convencer os outros homens de que eles são como que nada, e tudo nivelar com leis, decretos, códigos, impostos, etc. Como faz um mestre budista com seu aluno: tenta convencê-lo de que nada é nada.
A natureza não é o ambiente da “nossa vida autônoma racional”, segundo essa pregação anticristã.
O homem é um mero átomo da natureza. Esta, considerada no todo, é a única que segundo eles tem alma e é consciente de si mesma, como um deus, ou uma deusa.
A “nova espiritualidade ecocêntrica” faz pensar numa espécie de budismo em que o homem tenta se convencer de que ele não é nada e comemora a sua autodestruição como uma “libertação”.
E então, para esses teólogos que se dizem cristãos, onde ficaria Jesus Cristo? Em parte alguma.
Ele teria sido mais um iluminado que pregou, como Buda ou Maomé, o suicídio do homem dissolvido na natureza.
A chamada “hipótese Gaia” de James Lovelock – onde o planeta é tido como um único organismo vivo e a humanidade é tanto ou tão pouco quanto um formigueiro – é o novo Deus.
O homem que se afirma, que tem família, propriedade, cultura, preferências artísticas, estéticas, morais, gastronômicas, etc., é um “egoísta”, uma aberração que deve ser posta de lado, se não eliminada.
E Roger Haight atribui à “espiritualidade ecológica” a missão de “liberar” o homem desse ‘egoísmo’, impulsioná-lo no precipício do nada.
Para isso é necessário mudar até a linguagem religiosa, acrescenta Birgit Weiler, apagando as ideias e imagens que os homens têm de Deus nas suas cabeças, nas suas igrejas e nas suas formas artísticas.
E em seu lugar colocar a arte moderna e contemporânea, como a da Bienal de São Paulo, e apresentar a Deus como esse magma vivo indiferenciado.
“O Deus como grande arquiteto [conclui ele ofensivamente], que deu a todo o Universo criado um plano e um objetivo determinado e definitivo; o Deus que administra o Universo como o grande governante, ou [segundo a sua blasfema imagem] como um marionetista que move as suas marionetes, o Deus patriarca que exerce seu governo sufocante sobre as criaturas”: esse é o Deus [apresentado de modo caricato] que deve ser erradicado do fundo de cada alma e de cada coração.
“Écrasez l’infâme” [esmagai o infame], escrevia Voltaire no fim de suas cartas aos seus colegas de revolução, referindo-se a Jesus Cristo.
A assembleia de teólogos e teólogas verdes e libertários, que se sentem animados pela perspectiva de uma encíclica favorável, parece aplicar essa frase ímpia de Voltaire a todos os seres humanos.
Cláudio Cunha
17 de setembro de 202417/09/2024 às 17:43