Portal do IPCO
Plinio Corrêa de Oliveira
IPCO em Ação
Logo do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira
Instituto

Plinio Corrêa de Oliveira

Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo

Francisco e Isabel: reinados paralelos

Por Outros autores

4 minhá 2 anos — Atualizado em: 9/21/2022, 5:57:07 PM


Autor: Antoine Bellion

Francisco e Elizabeth pertencem mais ou menos à mesma geração. O Papa tem oitenta e cinco anos, a Rainha acaba de falecer com a venerável idade de noventa e seis. Ambos foram marcados pelas tragédias do século XX: a Segunda Guerra Mundial para a princesa Eliza-beth, a ditadura para José-Mario Bergoglio. Ambos herdaram o cargo: por graça de nascimento para um, por eleição, sem prévia declaração de candidatura, para o outro. A influência do falecido soberano e do papa reinante estende-se muito além das fronteiras de seus respectivos Estados: Francisco é o líder espiritual de mais de um bilhão e trezentos milhões de fiéis, Elizabeth II foi, no final de seu reinado, a monarca de dezesseis países, alguns deles muito longe de seu Palácio de Buckingham. Ambos encarnam instituições de prestígio, embora consideradas anacrônicas: o papado e a monarquia. Sua autoridade temporal, enfim, é essencialmente de ordem simbólica: Isabel reinou, mas não governou, Francisco é certamente um soberano absoluto, mas seu reino é o menor estado do mundo: quarenta e quatro hectares. Aí terminam as semelhanças.

Francisco queria retirar sua pedra do prédio

Francisco, na noite de sua eleição, anunciou que o “circo”, ou seja, o protocolo e os costumes seculares em torno do Príncipe dos Apóstolos haviam terminado. Desde então, ele nunca deixou de se libertar do decoro que seus predecessores imediatos tinham, é verdade, já reduzido a um fio. A tiara, desde Paulo VI, tornou-se pesada demais para o Soberano Pontífice carregar. Isso não foi suficiente para Francisco, que também queria retirar sua pedra do prédio: ele dispensou do guarda-roupa papal o mosette de veludo vermelho orlado de arminho e os mocassins da mesma cor. Bento XVI tentou restaurar algo da sacralidade do passado às cerimônias pontifícias, Francisco trabalhou duro para distanciar o céu da terra, despojando-as o máximo possível. “O que era sagrado para as gerações anteriores continua grande e sagrado para nós”, declarou seu antecessor no Trono de Pedro. Francisco proibiu o rito milenar da Igreja latina e perseguiu aqueles que o celebravam. O bispo de Roma deve ter o verbo circunspecto e esclarecedor, Francisco tem o discurso fácil e confuso. O sucessor de Pedro é o pastor do rebanho confiado por Cristo. Bergoglio molesta suas ovelhas, mas se ajoelha diante dos lobos: seu reinado é uma sucessão de arrependimentos pelos crimes, reais ou fictícios, cometidos pelo clero ao qual pertence. Francisco prega a misericórdia, mas inspira medo. Ele afirma democratizar o governo da Igreja, mas reina como um senhor ciumento de seu poder.

Elizabeth cingiu-se da pesada coroa sem hesitar

A falecida rainha nunca acreditou que seu poder lhe dava o direito de se libertar de sua herança. Elizabeth usava, sem relutância, a pesada coroa dos reis da Inglaterra. A frágil jovem, depois a frágil velhinha vestiu, ao longo de seus setenta anos de reinado, a pesada capa dos herdeiros de Guilherme, o Conquistador. Ela nunca sacrificou a pompa, porque seus súditos, especialmente os mais humildes, têm direito à beleza. Ela adorava a tranquilidade do campo, cães e cavalos. Aos olhos maravilhados de seu povo, oferecia desfiles militares, desfiles de carruagens e intermináveis banquetes que evocavam os dos contos de fadas. Ela sabia que reinar é cumprir o dever, não satisfazer seus desejos. Quinze primeiros-ministros beijaram a mão da soberana, o último deles dois dias antes da morte do monarca. Elizabeth recebeu todos eles, conservadores ou trabalhistas, com a mesma cortesia. Cortesia aristocrática que, além disso, ela recompensou o mais modesto de seus súditos. Segundo quem a conheceu, Elizabeth tinha o dom, pelo tratamento que reservava para os que dela se aproximavam, de fazê-los sentir mais elevados. Sua pessoa suprimia o temor que sua posição poderia inspirar. Sua palavra, embora freqüente foi respeitada porque ela nunca foi flagrada em conversa banal. Tampouco traiu seu país ajoelhando-se diante daqueles que o acolheriam. O único pedido de desculpas que uma nação deve é a Deus. O que ela recebeu do pai, ela transmitiu intacto ao filho: ela sabia que o trono e o cetro são atributos do monarca, não de Elizabeth.

Francisco, o jesuíta, tem humildade ostensiva: o papa dá lugar ao homem. Isabel, a estóica, tinha humilde ostentação: a mulher desapareceu atrás da rainha. Ao considerá-los insensíveis à beleza e resistentes à dignidade, o Papa humilha os fiéis de quem acredita ser próximo. Ao oferecer-lhes o esplendor da monarquia, a rainha honrou seus súditos dos quais diziam estar distantes. Em poucos dias, em Londres, uma multidão incontável saudará os restos mortais da sua amada Soberana. Enquanto isso, em Roma, a Praça de São Pedro se torna grande demais a cada semana para os poucos fiéis que ali se aglomeram. O reinado de Francisco começou com um raio, o de Elizabeth terminou com um arco-íris.

Detalhes do artigo

Autor

Outros autores

Outros autores

430 artigos

Categorias

Tags

Comentários

Seja o primeiro a comentar!

Comentários

Seja o primeiro a comentar!

Tenha certeza de nunca perder um conteúdo importante!

Artigos relacionados