Portal do IPCO
Plinio Corrêa de Oliveira
IPCO em Ação
Logo do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira
Instituto

Plinio Corrêa de Oliveira

Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo

Frei Betto e o limite da propriedade agrícola: “dize-me com quem andas e te direi quem és” (Parte II)

Por Outros autores

4 minhá 14 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 9:53:46 PM


A distribuição da propriedade existente no Brasil em nada prejudica o desenvolvimento econômico e social

Jeremias Statton

Para ver a parte I deste importante artigo clique aqui.

Em outras palavras, pode-se dizer que, em principio, a distribuição da propriedade existente no Brasil em nada prejudica o desenvolvimento econômico e social.

No caso do Brasil, tal tendência vê-se acentuada pelo fato da colonização da maior parte do território nacional ter-se iniciado com a implantação de grandes propriedades.

A difusão da propriedade da terra, mediante divisão de tais propriedades em propriedades menores, por herança, por parcelamento etc., ocorrida através dos tempos, aumentou, necessariamente, a desigualdade.

Ou seja, como pode ser comprovado por simples cálculo aritmético, essa difusão da propriedade da terra, feita a partir de grandes propriedades e sem imposições estatais artificiais, revela uma distribuição desigual. Mas isso é da própria natureza das coisas.

Essa desigualdade será de maior ou menor magnitude dependendo de certos fatores, tais como as características dos recursos naturais e humanos, o crescimento da população, a política econômica etc. De modo geral, ela é uma resultante do processo de desenvolvimento de um país. Seria um equivoco pensar seja ela uma condicionante desse processo.

Em outras palavras, pode-se dizer que, em principio, a distribuição da propriedade existente no Brasil em nada prejudica o desenvolvimento econômico e social.

Pelo contrário, ela tem permitido transformar o Brasil em uma das maiores potências agrícolas do mundo, gerando recursos para o seu crescimento industrial e comercial, bem como milhões de empregos e de toneladas de alimentos para a sua população.

De outro lado, ninguém pode alegar que a atual distribuição da terra impossibilita o acesso à terra. Existe um ativo mercado de terras agrícolas. O problema é ter condições para adquiri-la. Não apenas condições financeiras, mas também, e principalmente, o conhecimento e preparo para extrair dela uma renda suficiente e duradoura.

E aqui chegamos ao segundo argumento levantado por Frei Betto. Pretende ele justificar a limitação o tamanho das propriedades como um instrumento para a criação de uma miríade de pequenos produtores familiares.

Apregoa em alto e bom som as vantagens da pequena propriedade familiar, in verbis: “Embora o lobby do latifúndio apregoe as “maravilhas” do agronegócio, quase todo voltado à exportação e não ao mercado interno, a maior parte dos alimentos da mesa do brasileiro provém da agricultura familiar.

Ela é responsável por toda a produção de verduras; 87% da mandioca; 70% do feijão; 59% dos suínos; 58% do leite; 50% das aves; 46% do milho; 38% do café; 21% do trigo”. Mais adiante: “A pequena propriedade rural emprega 74,4% das pessoas que trabalham no campo. O agronegócio, apenas 25,6%. Enquanto a pequena propriedade ocupa 15 pessoas por cada 100 ha, o agronegócio, que dispõe de tecnologia avançada, somente 1,7 pessoa”.

Perdoe-me, Frei Betto, mas esse argumento não faz sentido. Se transformado em silogismo, tal raciocínio equivaleria ao seguinte:

(i)         No Brasil existe carência de alimentos e de emprego;
(ii)        a pequena propriedade familiar produz a maioria dos alimentos consumidos pela população e emprega uma boa parte da mão-de-obra agrícola; logo,
(iii)       para resolver a carência alimentar e de emprego, é necessário limitar o tamanho das grandes propriedades e assim criar pequenos produtores familiares.

Mesmo admitindo-se, argumentandum gratiae, que as duas premissas sejam verdadeiras, a conclusão não o seria. Isso por uma razão muito simples.

O fato do atual setor familiar, supostamente, empregar muita gente e produzir muitos alimentos, não significa que os novos estabelecimentos familiares, criados por uma intervenção estatal artificial, necessariamente, irão ter o mesmo efeito, pois não existe uma simples correlação direta de causa/efeito entre o tamanho (causa) e o nível de produção e de emprego (efeitos).

Seria quase tão absurdo como defender a seguinte tese: no Brasil existe uma grande pobreza; os não pobres em sua maioria usam calçados pretos; logo, para diminuir a pobreza é necessário obrigar aos pobres a usar calçados pretos.

Obviamente, a realidade opera de modo diferente. Diante de uma determinada demanda por alimentos (por exemplo, produtos hortigranjeiros e outros) entram em ação aqueles produtores que apresentam melhores condições (custos menores) para produzi-los.

Concretamente, no caso de alguns alimentos, são os médios e pequenos agricultores. Mas não basta ser pequeno. É indispensável reunir conhecimento, condições técnicas e financeiras para conseguir esse resultado. E como se verá mais adiante, a realidade apresentada pelo próprio segmento de pequenos produtores confirma essa tese.

Soma-se a esse erro de lógica o fato de que as duas premissas iniciais não são verdadeiras.

No Brasil não existe carência de alimentos. Verificam-se, sim, casos isolados de desnutrição, porém não em conseqüência da falta de alimentos, mas em razão do baixo nível de renda, de hábitos alimentares e culturais inadequados e da falta de saneamento básico.

Já o desemprego origina-se das políticas tributária e trabalhista que oneram a criação de empregos, especialmente no campo.

Detalhes do artigo

Autor

Outros autores

Outros autores

430 artigos

Categorias

Tags

Comentários

Seja o primeiro a comentar!

Comentários

Seja o primeiro a comentar!

Tenha certeza de nunca perder um conteúdo importante!

Artigos relacionados