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Incêndio no Museu Nacional: Uma Imagem Simbólica

Por José Carlos Sepúlveda da Fonseca

2 minhá 6 anos — Atualizado em: 9/3/2018, 4:57:38 PM


A figura de Dom Pedro II – o último Imperador, escorraçado do Brasil pelos republicanos, na calada da noite, com a Família Imperial – parece assistir impávida e de costas ao teatro macabro do incêndio que devorou o Palácio de São Cristóvão, no Rio de Janeiro.

Ali, na Quinta do Boa Vista, a 2 de Setembro de 1822, a Imperatriz D. Leopoldina, então Regente, assinou o decreto de independência do Brasil.

Também num 2 de Setembro, precisamente 196 anos depois, um incêndio de causas desconhecidas, devorou a residência da Família Imperial, onde viveram D. Pedro I e D. Leopoldina, onde nasceram a futura Rainha de Portugal, D. Maria II e o futuro imperador do Brasil, D. Pedro II, que ali foi educado e viveu; onde nasceu também a Princesa Isabel, a Redentora.

Museu Nacional antes do incêndio

Testemunha incomparável da História, o Paço de São Cristóvão abrigava um acervo histórico, cultural e científico incalculável, que as labaredas em sua sanha devoradora não pouparam. Objetos de arte e da Antiguidade doados pela Família Imperial, coleção de mineralogia, peças etnográficas e um acervo bibliográfico, com obras raras, mapas, livros, periódicos, etc., a História do Brasil foi queimada nas chamas da incúria.

Como eximir de responsabilidade de tão grande tragédia os homens públicos que em seus imensos desmandos pilharam o Estado, prostituíram suas instituições, aviltaram nossa História, desonraram nossos heróis, vilipendiaram nossa cultura, contaminaram nossas escolas e universidades com as doutrinas pútridas que subvertem a ordem pública, as instituições jurídicas, os valores culturais e familiares?

A dôr, a indignação e a firme determinação de não permitir que estes desmandos prossigam, marcam hoje uma infinidade de corações verdadeiramente brasileiros.

A imagem da figura digna e impávida do último Imperador do Brasil – um Monarca que tão bem soube encarnar a brasilidade, que deu seqüência à grandiosa obra de formação de uma nacionalidade erigida sob a ação benéfica da Cruz – parece ser a consciência histórica do Brasil a censurar os descaminhos de vergonha e destruição a que os homens públicos de hoje conduziram o País. O Palácio de São Cristóvão arde e o Brasil arde com ele.

A Terra de Santa Cruz merece, por certo, um futuro que reate com sua verdadeira história.

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José Carlos Sepúlveda da Fonseca

José Carlos Sepúlveda da Fonseca

33 artigos

Editor do blog Radar da Mídia.

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