Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
6 min — há 9 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 8:50:21 PM
“Quantos são os que vivem em união com a Igreja este momento que é trágico como trágica foi a Paixão, este momento crucial da História, em que uma humanidade inteira está escolhendo por Cristo ou contra Cristo?” ─ indagava o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, em sua célebre Via Sacra[1], já em 1951, pouco depois do fim da Segunda Guerra Mundial, quando o mundo entrava numa época de otimismo e gozo da vida.
Esta escolha por Cristo ou contra Cristo tem sido posta continuamente aos homens nestes últimos 60 anos, seja pela difusão do divórcio, do aborto, e agora pela “normalização” da prática homossexual. E quantos foram os que escolheram ficar com Cristo, aceitando assim a perseguição, o ridículo, o ostracismo e o desprezo do mundo?
Infelizmente, mais uma vez, com o plebiscito que acaba de ser realizado na Irlanda sobre o “casamento” homossexual, a resposta foi contra Cristo, sendo a paródia de casamento aprovada por pouco mais de 60% dos votos.
Embora os termos do plebiscito fossem sobre a legalização do “casamento” entre pessoas do mesmo sexo, na verdade, o que estava em jogo era a escolha entre a Lei de Deus ou a sua rejeição e, portanto a escolha por Cristo ou contra Ele. Pois, como disse o Divino Mestre: “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é que me ama.” (S. João 14:21). E ainda: “Quem não está comigo está contra mim” (S. Mateus:12,30; S. Lucas: 11:23).
Com efeito, os Mandamentos da Lei divina, que o homem conhece não somente pela Revelação, mas também através da Lei natural inscrita em seu coração (cf. Romanos 2:14-15), não são matéria optativa, que pode ser aceita ou rejeitada indiferentemente. Isto porque esses Mandamentos são fruto da sabedoria divina, de sua justiça, de sua santidade, e não podem ser rejeitados sem que se rejeite o próprio Deus. Essa rejeição constitui o pecado, a ofensa ao Criador.
Deus criou o homem e deu-lhe a mulher como companheira, e ordenou-lhes que tivessem filhos e enchessem toda a terra. É por isso que eles se unem em matrimonio e se tornam dois em uma só carne (Gênesis 1:28; 2:21-24).
Essa realidade é evidente na natureza humana, em sua anatomia e fisiologia, na sua racionalidade e afetividade. Por essa razão, o casamento, união natural elevada por Cristo à dignidade de sacramento, só pode ser entre um homem e uma mulher, única maneira de realizar a sua finalidade propria.
O fato de uma nação de glorioso passado católico escolher contra Cristo em um plebiscito é sumamente trágico, mesmo que uma boa minoria tenha se mantido fiel na escolha certa. E não se pode deixar de ressaltar a heroica atuação de grupos como os valentes jovens da Irish Society for Christian Civilisation, que lutaram com denodo pela boa causa nas praças públicas, esclarecendo os indecisos e enfrentando os sarcasmos, e mesmo agressões, dos agitadores do movimento homossexual.
A propaganda maciça em favor do sim ao “casamento” homossexual recebeu apoio internacional, não só moral, mas também financeiro. Foi uma operação muito bem montada, tendo em vista não somente a Irlanda, mas, através do resultado obtido, influenciar outros países, em especial a decisão dos juízes da Suprema Corte dos Estados Unidos, que vão se pronunciar sobre o assunto em junho.
Só havia uma força capaz de contrabalançar o imenso lobby homossexual internacional, apoiado pela esquerda política e cultural: a Igreja Católica. Se ela se tivesse lançado com coragem na luta, lembrando os princípios imutáveis da moral, mobilizando os fiéis, promovendo orações públicas, invocando com fé e fervor o Deus dos Exércitos, o resultado teria sido bem outro.
Mas, infelizmente, nem dos bispos irlandeses, nem de Roma, partiu essa mobilização em defesa fervorosa dos principios da lei natural e do Decálogo. Houve moleza, silêncio ou ambiguidade. Com poucas e honrosas exceções.
Com isso, o pecado coletivo de uma nação, com o apoio ou indiferença de todo o Ocidente ex-cristão, realizou-se por inteiro.
Esse pecado foi preparado por séculos de liberalismo moral e aceitação, cada vez maior, dos princípios igualitários, como expõe muito bem Plinio Corrêa de Oliveira em seu magistral ensaio Revolução e Contra-Revolução.[2] O delírio igualitário a que se chegou quer igualar o homem e a mulher a ponto de negar até mesmo a evidência física, os dados da biologia e da psicologia, criando a chamada teoria do “gênero”. O “casamento” homossexual, o “transgenderismo” são apenas consequências desse delírio.
Ora, aquele que peca, nos diz São João, pertence ao diabo (1 S. João 3:8). E com a aceitação de um pecado que brada aos Céus, como é o pecado contra a natureza, segundo a fórmula classica do catecismo, o poder do demônio vai aumentando sobre a humanidade apóstata.
Assim, a luta em defesa dos princípios da moral e contra a ditadura homossexual não é apenas uma luta entre homens: “mas contra os principados e potestades, contra os príncipes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal (espalhadas) nos ares” (Efesios 6:12).
Portanto, deve ser travada em dois níveis: no nível natural, contra os princípios igualitários e a sensualidade, e no nível sobrenatural, contra a ação diabólica.
Mais do que nunca se torna atual e urgente o conselho de São Pedro: “Sede sóbrios e vigiai, porque o demônio, vosso adversário, anda ao redor, como um leão que ruge, buscando a quem devorar. Resisti-lhe fortes na fé” (1 S. Pedro 5: 8-9).
É preciso, pois, vigilância e oração (S. Mateus 26:41), coragem e combatividade; lançar mão de todos os meios naturais e sobrenaturais que o Criador pós à nossa disposição para a luta contra o poder das trevas.
A vitória do demônio no plebicito em que estavam em jogo os próprios fundamentos da lei moral, e portanto da submissão a Nosso Senhor Jesus Cristo, não deve nos fazer abandonar a luta; ao contrário, o Apóstolo São Paulo nos exorta: “Tomai, portanto, a armadura de Deus, para que possais resistir nos dias maus e manter-vos inabaláveis no cumprimento do vosso dever.” (Efesios 6: 13).
Deus, em sua magnanimidade, usa, com frequência, de suas próprias criaturas, na luta contra o demônio. Foi assim que, fiéis à graça divina, São Miguel e seus anjos venceram Satanás e os anjos revoltados na grande batalha no Céu: “Foi então precipitado o grande Dragão, a primitiva Serpente, chamado Demônio e Satanás, o sedutor do mundo inteiro. Foi precipitado na terra, e com ele os seus anjos.” (Apocalipse 12:9).
Do mesmo modo, Deus pôs uma total inimizade entre a mulher, isto é a Mãe do Redentor, e a serpente, de forma que, graças à Paixão e Morte de seu Filho, “ela esmagará” a cabeça da serpente (cf. Genesis 3:15 -Vulgata).
Na presente luta, recorramos, pois, à intercessão de Maria Santíssima a quem Deus conferiu poder sobre os espíritos das trevas. Confiantes na vitória prometida em Fátima: “Por fim o meu Imaculado Coração triunfará.”
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[1] Plinio Corrêa de Oliveira, Via Sacra, “Catolicismo” Nº 3, março de 1951, 8ª. Estaçao, cfr.: http://www.pliniocorreadeoliveira.info/1951_003_CAT_Via_Sacra_CAT.htm
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