Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
3 min — há 5 anos — Atualizado em: 11/7/2019, 4:23:16 AM
Não me recordo de ter lido até o fim um artigo de Leandro Karnal, cujas ideias sobre fé e religião são próprias de um comunista ateu (desculpem-me a redundância, pois todo comunista é ateu). Entretanto, seu artigo “Almas de novembro” me chamou a atenção, e eu o li até o fim para tentar entender a razão, se houvesse alguma, de alguém ser ateu.
Leandro Karnal alega ter sido muito religioso: “Fui religioso, muito. Porém, mesmo naquela piedosa juventude, jamais encontrei uma manifestação que fugisse ao sentido material do que eu via. Eu tinha fé, intensa por sinal. Mesmo crente, meus olhos nunca viram algo que contrariasse o mundo visível. Em resumo, quando eu acreditava muito em Deus, nada ao meu redor levitava, fulgia, transmutava, operava milagres, ressuscitava ou mostrava uma ação fora das estritas leis da física clássica. Eu seguia uma convicção interior e nada no mundo visível e audível ecoava místico. Ao contrário do apóstolo Tomé, nunca pedi ou exigi provas.”
Karnal apela para Freud e, inclusive, ao tribalismo para justificar a sua crise de fé: “eu acreditava e Deus não se manifestava dentro de uma dedicação interna que, claro, permitiria ao Dr. Freud classificar minhas crenças como neuroses simples ou superego projetado em entidade tribal protetora”.
Leandro Karnal diz que nunca pediu uma prova da existência de Deus, como o fez o apóstolo S. Tomé. Entretanto, após a morte de sua mãe, desejou a aparição dela. “Foi o momento em que eu desejei, ardentemente, ter uma visão dela. Reconheço que foi um momento de quase desespero. Fraquejei. Confesso. Pedi que ela surgisse, que desse um sinal que indicasse que estava tudo bem, que movesse algo, que me visitasse, ao menos, em sonhos. (…) Não buscava saber se existia vida após a morte, queria saber se minha mãe continuava em algum lugar fora daquelas fotos de viagens felizes e festas saudosas”. E a sua mãe não apareceu… “Foi o penúltimo suspiro de uma melancolia teológica”, justificou.
De tudo que ele diz, entretanto, com algo pude concordar: o charlatanismo do espiritismo. A experiência com essa seita foi o último sopro do mal que apagou a tênue chama de fé que ainda fumegava naquela pobre alma.
“Em outra ocasião, visitando, para pesquisa, uma instituição religiosa, o encarregado anunciou que meu pai enviaria mensagem. A surpresa foi total. Não estava lá para isso. Feito silêncio, folha branca e lápis na mão do receptor, foi surgindo a mensagem. Entregaram-me o papel que, concretamente, terminaria minha dúvida por completo. Foi a última vez que uma parte minha desejou ler uma carta inédita do meu pai. Ele me escreveu, em vida, missivas semanais por mais de duas décadas. Conhecia a letra e o estilo. Sorri nervoso e li o que me entregaram. Enrubesci com raiva. Era um relato genérico chamando-me de ‘meu filhinho’ (algo que ele jamais disse) e tomado de erros de português. Fui irônico diante da falcatrua e comentei que o desencarne parecia produzir um declínio forte no domínio gramatical, uma das glórias do dr. Renato Karnal em vida. Amassei o texto no bolso com os ‘menas’ (sic) e ‘para mim dizer’ e fui para casa irritado comigo mesmo.”
Leandro Karnal sucumbiu em sua fé como os náufragos que se apegam a qualquer destroço de uma embarcação naufragada. Ele não percebeu que a solução para suas dúvidas sobre a fé ou vida após a morte não está em Freud ou no tribalismo, mas nos fundamentos perenes da Igreja Católica, contra a qual Nosso Senhor Jesus Cristo prometeu que o inferno nunca prevaleceria.
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