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Plinio Corrêa de Oliveira
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Médicos cubanos: quais são as segundas intenções


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Num gesto de “superior solidariedade humana”, a “superpotência” cubana sem segundas intenções acolhe as súplicas de uma “naçãozinha” chamada Brasil, e manda 4 mil de seus médicos em socorro?

A frase do início deste artigo exprime um absurdo. É o que mais rapidamente salta à vista no “imbróglio” dos médicos cubanos: o Brasil não é uma naçãozinha – Cuba  não é uma potência – o Brasil não passa por necessidades gritantes, como a ilha do Caribe, que de tudo precisa. Mas é desta maneira exageradíssima que o tema vem sendo insinuado pela mídia, ressalvadas as exceções de estilo.

É uma história mal contada. Quem não vê que é ridículo imaginar um gigante como o Brasil suplicar médicos – logo isso!—à pequena Cuba, nome que é indissociável dos barquinhos com que seus cidadãos fogem horrorizados da ilha, arrostando o mar e os tiros?  Que é inseparável do paredón onde foram assassinados sem julgamento inúmeros cubanos?

Além disso, “pode-se presumir que o nível acadêmico médio dos cubanos fique aquém do que se encontra em países como o Brasil, onde a malha da peneira é bem mais apertada”.[1]

Observa com senso da realidade Carlos Alberto Sardenberg: “Os médicos ficam presos no Brasil; suas famílias, em Cuba. Parece exagerado, mas é a pura verdade. Tanto que o governo brasileiro foi logo avisando os doutores cubanos que não tentem fugir ou pedir asilo, porque serão presos e deportados”.[2] Duas prisões.

Essa mesma falta de cabimento nota-se no caráter escravagista da “operação médicos cubanos”, que não poderão dispor livremente do fruto de seu trabalho. Os 480 milhões de reais destinados a esse programa serão entregues ao governo cubano, que ficará com 93% do salário dos médicos que para cá vierem.[3] Segundo José Nêumanne, “é só uma esmolinha para os irmãos Castro”.[4]

O Tribunal de Contas da União vai avaliar a legalidade de todo o projeto. E há também vários problemas jurídicos que não foram estudados devidamente antes da açodada operação.[5]

Que segundas intenções se escondem por detrás desse desatinado lance? É a pergunta. Algumas deve haver.

A pressa e a falta de cabimento dessa importação de 4 mil médicos e gestos congêneres, parecem evocar a figura de Trotsky, que dizia: “Os falatórios de toda espécie, segundo os quais as condições históricas não estariam ‘maduras’ para o socialismo, são apenas produto da ignorância ou de um engano consciente. As premissas objetivas da revolução proletária não estão somente maduras: elas começam a apodrecer… Tudo depende, antes de mais nada, da vanguarda revolucionária”.

Esta maneira de pensar é o que geralmente se chama de voluntarismo, e faz lembrar o chavismo. E o chavismo faz lembrar a referida importação, e os responsáveis por ela.[6]

Helio Dias Viana com perspicácia indaga: “não estarão esses médicos chamados a desempenhar — sob a batuta de Frei Betto, o principal articulador das CEBs e “muy amigo” de Cuba — uma ação conjunta com estas, que, como se sabe, trabalham para a esquerdização do País?”

Sim, tudo para transformar a América do Sul em um quintal do comunismo, junto com a Venezuela, Bolívia e outras nações.

Estamos diante de um chavismo sem Chavez! Quanto a nós, este lance, visto no seu conjunto, não é uma humilhação nacional?



[1] Marcelo Leite, Folha de S. Paulo, 23-8-2013.

[2] O Globo, 29-8- 2013.

[3] Leonardo Coutinho (Veja, 28-8-2013).

[4] OESP, 28-8-2013.

[5] “Após uma série de críticas da oposição, de entidades médicas e do Ministério Público, o Ministério da Saúde informou que, apesar de trabalharem no Brasil, os cubanos estarão sujeitos às leis trabalhistas do seu país de origem” (O Estado de S. Paulo,  27-8-2013).

[6] Vamos até o fim’, diz ministro da Saúde (Folha de S.Paulo, 24-8-2013).

 

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Leo Daniele

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