Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
6 min — há 9 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 8:50:04 PM
Leone Grotti/Tempi.it
Em 24 de outubro um policial [bateu na porta] da família Martens, em Eslohe, um pequeno município da Renânia do Norte-Westfalia, na Alemanha. Enquanto abria a porta, Eugen já sabia o motivo dessa visita: a prisão de sua mulher e mãe de seus nove filhos, Luise. Sabia tudo antecipadamente porque pelo mesmo motivo ele tinha sido preso em 15 de agosto de 2013.
O que este casal de 37 anos fez de tão grave para ser preso? Não matou, não roubou nem prejudicou ninguém. Sua única culpa é serem pais de uma menina que se negou a participar, por duas vezes, das aulas de educação sexual previstas para a escola primária.
No ano passado, Luise não foi presa junto com seu marido porque estava grávida. Neste ano, o policial não a levou à força, como deveria, porque ainda está amamentando o filho mais novo. No entanto, isto não acaba por aqui. “A promotoria aplicará a decisão do juiz”, afirma o policial no vídeo que pode ser visto abaixo.
“Muitas famílias na Alemanha estão na mesma situação que o casal Martens”, declarou ao site Tempi.it, Mathias Ebert, casado, pai de quatro filhos, que depois de ter sido informado da história dos Martens, decidiu fundar, em Colônia, a Associação Besorgte Eltern (“Pais preocupados”, http://besorgte-eltern.net). O movimento já organizou várias manifestações na Alemanha, com milhares de participantes para que se debata publicamente este escândalo gigantesco e se impeça a corrupção de nossos filhos que, a partir dos seis anos, devem participar de aulas de educação sexual, nas quais se propõe a Ideologia de Gênero.
Tempi.it: Por que razão, se uma menina falta duas horas de suas aulas, seus pais são presos?
Mathias Ebert: Na Alemanha a escola é obrigatória e se uma criança falta às aulas, a escola tem obrigação de denunciar os pais e o tribunal pode multar essa família. Por isso, o casal foi multado em trinta euros. O que é um absurdo, porque a filha deixou a aula por conta própria.
Tempi.it: Por que a família não pagou?
Mathias Ebert: Porque é uma questão de princípio. O que aborrece é que o tribunal usa dois pesos e duas medidas. Algumas crianças não vão à escola durante meses e não acontece nada a seus pais. Mas quando uma menina falta a duas horas da aula de educação sexual, a família é imediatamente denunciada. É injusto e, de fato, no vídeo que fizemos, o policial está incomodado e culpa a promotoria.
Tempi.it: Por que a menina não queria participar das aulas de educação sexual?
Mathias Ebert: Porque o conteúdo das lições é perverso. Não apenas se ensina às crianças como funciona o sexo entre homens e mulheres, mas os põe diante de uma “variedade” de práticas sexuais: sexo oral, sexo anal e muito mais.
Desde a escola primária dizem às crianças que seu gênero não está determinado e que não podem saber se são meninos ou meninas; que devem refletir. Isto, para mim, se chama manipulação das crianças pequenas.
Tempi.it: Além do caso da família Martens, existem outros?
Mathias Ebert: Certamente. Não conheço o número exato de pais presos, mas só o pequeno grupo de pais da cidade de Paderborn (150.000 habitantes) passou, ao todo, 210 dias na prisão. É um escândalo enorme, também, porque são as próprias ciranças que querem sair da aula. Na cidade de Borken, por exemplo, em uma aula, a lição perturbou tanto as crianças que seis delas desmaiaram. [Lo cuenta Stern.de].
Tempi.it: Quanto tempo estes pais devem passar na cadeia?
Mathias Ebert: Depende. Um pai com quem falei recentemente aqui em Renânia do Norte-Westfalia, passou 21 dias preso, e sua mulher corre o risco de sofrer a mesma pena porque o filho abandonou as aulas por sua própria vontade. Outros permaneceram presos por até 40 dias, mas ninguém os escutou. Ninguém permite que levantem a voz e protestem
Tempi.it: No entanto, a história dos Martens é conhecida em toda Alemanha.
Mathias Ebert: Sim, porque são pessoas muito corajosas. Optaram por fazer conhecida sua história e isto não é fácil, visto que a maioria dos outros pais não fala destas coisas.
Tempi.it: Por quê?
Mathias Ebert: Porque têm medo. Na Alemanha, quando uma pessoa sofre uma punição, passa a ser considerada como uma “criminosa”. Por isso, não é difícil que te intimidem. No entanto, eu estou tentado mobilizar estas famílias para que suas histórias saiam à luz do sol.
Desde o primeiro momento a família Martens falou publicamente e foi espetacular: se estes fatos forem conhecidos por uma grande maioria de pessoas, finalmente se debaterá sobre eles. Não se dá o peso justo às coisas: na Alemanha, um estuprador é liberado se não tiver antecedentes criminais, enquanto que se prendem pais honestos.
Tempi.it: O que pedem em suas manifestações?
Mathias Ebert: Que os sentimentos das crianças não sejam perturbados. Não é justo. É uma violência para com eles. Está claro que se deixam as aulas é por causa do clima que respiram em casa, mas isto é errado? É errado que uma criança tenha determinados valores transmitidos por sua família e viva de acordo com eles? Creio que não. No entanto, nosso primeiro objetivo é que se fale destas coisas: este é o motivo pelo qual manifestaremos, discutiremos com os meios de comunicação, para que todos conheçam os fatos.
Tempi.it: Por que o senhor fundou a Associação Besorgte Eltern?
Mathias Ebert: Tenho quatro filhos, sou teimoso como meu amigo Eugen e quando acontecer comigo, sei que poderei acabar da mesma forma. Mas isto é uma loucura. Além disso, descobri que milhares de pais alemães estão unidos por este trauma e estão do nosso lado. As pessoas nos dão cobertura e isto nos dá força.
Começamos a protestar em janeiro e agora, uniram-se a nós milhares de pessoas. Este movimento é importante, porque somente se estivermos informados poderemos nos defender. E se hoje nossos filhos forem corrompidos, o futuro de nosso país logo estará corrompido. E já não haverá mais solução.
Traduzido por Aline Rodrigues
Fonte: Observatório Interamericano de Biopolítica
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