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Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo

Nós temos história … no conservadorismo católico brasileiro

Por Nuno Alvares

4 minhá 3 anos — Atualizado em: 10/23/2021, 12:28:28 AM


Como se formou o tradicionalismo católico brasileiro, como se forjou “uma concepção ultramontana do catolicismo”?

Estudiosos têm resgatado a nossa História mostrando a importância da concepção contrarrevolucionária do catolicismo brasileiro. O Prof. Plinio, atestam seus escritos e sua obra, está no centro inspirador dessa reação.

Mérito do pesquisador: imparcialidade na História

Em defesa da Ação Católica: Plínio Corrêa de Oliveira, um baluarte da tradição”, o pesquisador Rodrigo Coppe Caldeira analisa a obra Em defesa da Ação Católica (1943), redigida pelo católico leigo Plínio Corrêa de Oliveira. Com base em uma concepção ultramontana de catolicismo, Plínio teria feito da obra um baluarte da defesa de uma proposta de catolicismo antimoderno, tido como “fiel” às propostas do que chama de “Igreja de sempre”. O autor analisa suas fontes doutrinárias e teológicas, bem como os principais elementos defendidos por Plínio Oliveira, a partir de uma obra que se tornou expoente do pensamento ultramontano ou tradicionalista católico no Brasil.” (1)

As três fases de uma reação

Transcrevemos abaixo, trechos ilustrativos sobre a História do livro Em Defesa da Ação Católica, em artigo publicado no jornal Catolicismo, 1963:

Essa reação (ao livro) teve três etapas. Ela fracassou na primeira, e novamente fracassou na segunda. Porém alcançou pleno êxito na terceira.

A primeira etapa foi a das ameaças. Lembro-me ainda que, de volta de uma viagem a Minas, meu então jovem amigo José de Azeredo Santos – que seria depois tão conhecido como polemista de indomável coerência – nos informou bem humorado e divertido: “Estive com Frei BC, que me disse estar constituída uma comissão de teólogos para refutar o livro do Plinio. Ele se arrependerá – diz Frei BC – de o ter publicado”. Descansávamos tranquilos, os que sustentávamos os princípios de “Em Defesa da Ação Católica”, pois sabíamos a obra analisada e esquadrinhada previamente por dois teólogos já célebres no Brasil, Mons. Mayer e Pe. Sigaud. Resolvemos esperar a refutação. Até maio de 1963 ela não veio. Também penso, escrevendo estas linhas, em um cartão de uma muito ilustre e respeitável personalidade. Diz o missivista que agradecia ao Dr. Plinio Corrêa de Oliveira o oferecimento do livro, e que em breve denunciaria de público os erros nele contidos. Vinte anos são passados… e nada se publicou. Assim, quanta coisa haveria que contar!”

“Fracassadas as ameaças de refutação, veio a fase do zunzum. O livro continha erros. Até numerosos erros. Não se dizia quais eram. Mas que os havia, havia. Já não se falava de refutação. Era somente a reafirmação insistente da mesma acusação imprecisa: há erros, há erros, há erros, martelou-se por todo o Brasil. A esta forma de ataque não faltava certa eloquência: Napoleão dizia que a melhor figura de retórica é a repetição. Sem embargo disto, “Em Defesa da Ação Católica” continuava a se escoar rapidamente nas livrarias.”

“Por fim, o livro se esgotou. Ao longo deste tempo, realizara ele sua difícil missão, sobre a qual falarei adiante. Uma reedição não parecia, pois, oportuna. O zunzum também foi esmorecendo. Dir-se-ia que pela própria ordem natural das coisas o silêncio ia baixando sobre todo o “caso”. Era a terceira etapa que começava, plácida, envolvente, dominadora.”

“Mas em 1949, o silêncio se interrompeu inopinadamente. Do alto do Vaticano, uma voz se fez ouvir, que haveria de dissipar todas as dúvidas, e colocar numa situação de invulnerabilidade o livro, quer em relação à sua doutrina, quer à sua oportunidade. Foi a carta de louvor de Mons. Montini, então Substituto da Secretaria de Estado, escrita ao Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em nome do inesquecível Pio XII.

“Manda a verdade que se diga haver continuado, apesar disto, o silêncio acerca do livro. Que eu saiba, é a única obra brasileira inteiramente e especificamente escrita sobre AC, que haja sido objeto de uma carta de louvor da parte do Vigário de Cristo. Entretanto, não me consta que costume ele ser citado por trabalhos e nas bibliografias que de quando em vez aparecem entre nós sobre Ação Católica.”

E o silêncio continuou assim. Silêncio que só para evitar as prescrições com que a História pune as inércias excessivas, hoje só por alguns instantes se interrompe nas páginas de “Catolicismo”. Mas que depois disto continuará.”

***

A pesquisa do Prof. Coppe Caldeira se insere no rol dos estudiosos que resgatam a nossa História, independentes da “narrativa” progressista ou do silêncio da midia alinhada. Em Defesa da Ação Católica é peça central na vida religiosa e cultural do Brasil no século XX. Ele é de molde a inspirar a reação conservadora católica em 2021, rumo à edificação do Brasil real, tão querido pela Divina Providência.

(1) Revista Brasileira de História das Religiões. ANPUH, Ano VI, n. 16, Maio 2013 (publicada em 2014) – ISSN 1983-2850– Dossiê: Facetas do Tradicionalismo Católico no Brasil http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/RbhrAnpuh/inde

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