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Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo

Nossa Senhora Aparecida no ano do 90º aniversário de sua proclamação como Padroeira do Brasil

Por Paulo Roberto Campos

7 minhá 3 anos — Atualizado em: 10/12/2021, 9:25:26 AM


No dia 31 de maio de 1931 Nossa Senhora Aparecida foi proclamada Padroeira do Brasil. Ela já era invocada como Rainha do Brasil — proclamação ocorrida em 8 de setembro de 1904.

Na ocasião da proclamação como nossa Padroeira, a imagem sagrada — a própria encontrada milagrosamente nas águas do rio Paraíba do Sul — foi transladada de trem de Aparecida ao Rio de Janeiro, então capital federal, para ser proclamada oficialmente e de modo solene.

Grandioso evento que foi assistido por mais de um milhão de pessoas. Naquele mesmo ano, no dia de Nossa Senhora Aparecida, 12 de outubro de 1931, foi a também a data da providencial inauguração do Cristo Redentor no alto do Morro do Corcovado.

A respeito da referida proclamação, reproduzimos a seguir um muito interessante e informativo artigo de Natalia Zimbrão, publicado na ACI de 31 de maio deste ano.

Cerimônia de proclamação de Nossa Senhora Aparecida como padroeira do Brasil. Crédito: CDM/Santuário Nacional

90 ANOS DO TÍTULO DE NOSSA SENHORA APARECIDA COMO PADROEIRA DO BRASIL 

Há 90 anos, em 31 de maio de 1931, Nossa Senhora Aparecida foi proclamada padroeira do Brasil, em uma cerimônia que reuniu uma multidão no Rio de Janeiro, então capital federal. A consagração solene ocorreu após o Papa Pio XI ter assinado decreto no ano anterior conferindo este título à Mãe Aparecida.

A historiadora Tereza Pasin, autora do livro “Senhora Aparecida”, contou em entrevista à ACI Digital que aquela data foi importante não só para Aparecida, mas para o Rio de Janeiro e todo o país. “Foi a primeira saída de Nossa Senhora, uma viagem oficial e a imagem levada ao Rio de Janeiro para a proclamação foi a encontrada no rio Paraíba do Sul, não um fac-símile”.

A proposta de pedir à Santa Sé a proclamação de Nossa Senhora Aparecida como padroeira do Brasil surgiu no contexto do Congresso Mariano de 1929, em Aparecida (SP). “O congresso de 1929 lembrou os 25 anos da coroação de Nossa Senhora Aparecida como rainha do Brasil, o que aconteceu em 8 de setembro de 1904. Então, como ela já era Rainha, os bispos e arcebispos pediram ao Papa que a proclamasse padroeira do Brasil”.

Assim, o pedido foi feito ao Papa por empenho do então arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Sebastião Leme, e do reitor do Santuário na época, padre Antão Jorge Hechenblaickner. Em 16 de julho de 1930, o Papa Pio XI assinou o decreto que proclamou Nossa Senhora Aparecida padroeira do Brasil.

Segundo a historiadora, especialista na história da devoção a Nossa Senhora Aparecida, o que motivou este pedido foi a crescente quantidade de romeiros que ia a Aparecida. “Principalmente em 1900, a Igreja pediu que as romarias viessem acompanhadas do pároco e ou de um bispo, porque antes, temos muitas romarias, mas não romarias oficiais. Com isso foi crescendo a devoção a Nossa Senhora, por isso decidiram pedir que fosse proclamada padroeira do Brasil”.

Antes, porém, o Brasil já tinha um padroeiro. Em 1826 o Papa Leão XII havia declarado padroeiro do país São Pedro de Alcântara [imagem ao lado], santo de devoção da Família Real Portuguesa. Seu nome, Pedro de Alcântara, foi inclusive escolhido como nome de batismo daqueles que viriam a se tornar imperadores do Brasil – Dom Pedro I e Dom Pedro II.

De acordo com a historiadora Tereza Pasin, a proclamação de Nossa Senhora como Padroeira do País não mudou em nada a situação em relação a São Pedro de Alcântara. “Oficialmente, nós temos dois padroeiros, ou seja, o padroeiro e a padroeira”, afirmou. “Mas, mesmo naquela época, muitos não conheciam São Pedro de Alcântara”, disse.

Portanto, afirmou que o pedido que os bispos fizeram ao Papa foi “por uma ligação de devoção, porque foi muito grande a quantidade de devotos que começaram a surgir e os brasileiros já viam Nossa Senhora como padroeira”.

Pasin declarou que Nossa Senhora não tem uma ligação específica com determinado período histórico. “Nossa Senhora passou pela colônia, pelo Império, pela República Velha e República Nova. Mas, por que aconteceu tudo isso? Porque em torno de Nossa Senhora Aparecida há uma fé popular. Aí está toda resposta, uma fé popular”, afirmou.

A grande festa de proclamação no Rio de Janeiro

Crédito: CDM/Santuário Nacional

Após o Papa assinar o decreto em 1930, teve início a preparação para a cerimônia de proclamação de Nossa Senhora como Padroeira do Brasil, no Rio de Janeiro. Realizou-se, então, um congresso mariano de 24 a 31 de maio de 1931. “Foi muito bem preparado e foi um tempo de oração esperando a vinda da imagem”, contou Pasin.

Entretanto, a celebração teve início ainda em Aparecida e seguiu por todo o percurso. “No trem que levou a imagem ao Rio de Janeiro, que ficou conhecido como trem de Nossa Senhora, um vagão foi transformado em capela para a imagem”, contou a historiadora.

Além disso, o trem foi parando em todas as estações no caminho, onde aconteciam homenagens a Nossa Senhora. Pasin contou que as flores para Nossa Senhora “eram doadas e ficavam ali na capela até a estação seguinte, onde recebiam nova doação de flores. Então, muitas pessoas tinham uma pétala de lembrança de Nossa Senhora”.

A historiadora narrou episódios marcantes de algumas estações, como em Quatis, onde “os vigários e paroquianos andaram seis quilômetros a pé para chegar à estação”. Outro fato que considerou marcante ocorreu onde hoje é a estação de Japeri, pois, “quando as pessoas chegaram, o trem já tinha passado e, então, aquelas pessoas passaram o dia inteiro na estação esperando o trem voltar à noite”.

O ‘trem de Nossa Senhora’ chegou à estação D. Pedro II, atual Central do Brasil, no Rio de Janeiro, às 7h. A imagem foi levada em carro aberto para a igreja de São Francisco de Paula, onde foi celebrada uma missa campal. Em seguida, seguiu para a catedral, na época, a igreja de Nossa Senhora do Carmo [foto] e, às 14h, saiu em procissão até a Praça da Esplanada do Castelo, onde aconteceu a proclamação solene de Nossa Senhora Aparecida como padroeira do Brasil.

Durante a procissão, muitas homenagens foram feitas a Nossa Senhora Aparecida. Tereza Pasin contou que “seis aviões da marinha acompanharam o percurso”. Além disso, “participaram 50 mil filhas de Maria e, no total, quase 1 milhão de pessoas”. “Nos prédios havia muita gente. Em quase todo o percurso, pétalas eram jogadas das residências”, disse.

Na Esplanada do Castelo, participaram da proclamação o cardeal Leme, o então presidente da república, Getúlio Vargas, o ministro Oswaldo Aranha, o núncio apostólico dom Aloísio Masella, e o arcebispo de São Paulo, dom Duarte Leopoldo e Silva.

Tereza Pasin citou uma frase dita pelo cardeal Sebastião Leme naquela ocasião e que foi registrada pelo ‘Jornal do Commercio’: “O Rio de Janeiro foi na aclamação de ontem a voz de toda a terra brasileira”.

Crédito: CDM/Santuário Nacional

Na proclamação, o arcebispo do Rio de Janeiro “fez a leitura de uma oração para Nossa Senhora que ele já havia escrito em 1929 de modo particular”. Desde então, contou a historiadora, “passamos a rezar aqui em Aparecida diariamente às 15h com o título de consagração a Nossa Senhora Aparecida e, ao término das Missas, os padres também rezam”.

Segundo Pasin, todo o que ocorreu naquele dia 31 de maio de 1931 também contribuiu para aumentar ainda mais a devoção a Nossa Senhora Aparecida no Brasil. “Na época, tinha o jornal ‘O Santuário de Aparecida’, que abrangia todo o Brasil. Ele narrou toda a festa, a ida da imagem ao Rio de Janeiro, as paragens, a chegada a então capital federal, tudo o que tinha sido preparado. Então, as pessoas que não participaram ficaram sabendo e, com isso, a devoção foi aumentando”.

Hoje, segundo a historiadora, celebrar os 90 anos da proclamação de Nossa Senhora como padroeira do Brasil é também uma forma de reafirmar esta devoção. “Nós precisamos dessa fé. Vamos comemorar, vamos falar, vamos lembrar a história, aquilo que acalentou o povo da época. Hoje, nós gostamos de dizer Rainha e Padroeira do Brasil”.

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Paulo Roberto Campos

Paulo Roberto Campos

227 artigos

Jornalista (MTB 83.371/SP), colabora voluntariamente com a Revista "CATOLICISMO" (mensário de Cultura e Atualidades) e com a "ABIM" (Agência Boa Imprensa).

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