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Plinio Corrêa de Oliveira
IPCO em Ação

Nossa Senhora da Pena


Carlos Vitor Santos Valiense

A cidade mater do Brasil, Porto Seguro, situada no extremo sul da Bahia, por ação da Providência Divina, é um verdadeiro marco histórico da civilização cristã neste País de dimensões continentais. Além de ter sido cravado aqui o marco do descobrimento, teve ainda a honra de ser o local onde se celebrou a Primeira Missa, o ato público inaugural de caráter religioso que nós tivemos, descrito com ricos detalhes na carta de Pero Vaz de Caminha.

Este “Ninho puro, onde o Brasil nasceu!”, como se canta no hino da cidade, foi privilegiado com outra graça muito especial, além daquela de ser o berço do País: tem por padroeira Nossa Senhora da Pena, celebrada no dia 8 de setembro, festa da Natividade de Maria Santíssima, segundo o calendário litúrgico.

A devoção à Virgem da Pena foi trazida das terras lusitanas pelo donatário da capitania hereditária de Porto Seguro, Pero do Campo Tourinho, que construiu uma capela em sua honra em 1535, a qual foi reedificada pelo ouvidor José Xavier Machado em 1773.

A festa da Natividade está para Nossa Senhora como o Natal para Nosso Senhor. Assim como a festa do Natal celebra o momento bendito em que Nosso Senhor entrou no mundo e começou a fazer visivelmente parte da sociedade humana, a festa da Natividade celebra o momento em que Nossa Senhora entrou no mundo e começou a fazer parte da sociedade humana[i].

Procissão em honra a Nossa Senhora da Pena na cidade Porto Seguro – BA realizada no dia 8 de setembro.

A grandeza deste dia pode ser equiparada à belíssima representação da imagem de Nossa Senhora da Pena: “Oh Mulher tão forte, oh invicta Judite”. Com seus traços e movimentos do manto, ela quebra a hidra revolucionária na alma daquele que a contempla, tudo nela remete para aquilo que se pode chamar de contemplação sacral. Na expressão, no olhar, na postura, nas cores, realmente é uma perfeição artística cuja harmonia nos leva ao maravilhoso, ao belo.

A contemplação sacral é, pois, a contemplação da imagem, da semelhança ou dos vestígios de Deus no Universo, ou seja, no mundo que nos cerca, nas cidades, nas famílias, nas instituições, na arte, nos animais, nas plantas, nos pormenores de cada objeto.[ii]

A soberania que irradia de Nossa Senhora da Pena nos coloca em posição de constante desigualdade, pois somente assim podemos reconhecer quão grande é Aquela que se fez tão pequena:“Eis aqui a escrava do Senhor”. Ela carrega em uma das mãos uma pena de ouro branco, símbolo dos artistas, das ciências, dos escritores, dos intelectuais, e, sobretudo, símbolo da sabedoria. E na outra mão ostenta com altivez Aquele que nenhum artista soube com perfeição esculpir, que os escritores de todos os tempos tentaram em vão descrever, e que os intelectuais imaginaram; Aquele que é a própria sabedoria encarnada: o Menino Deus.

Quando Nossa Senhora nasceu – já que estamos na festa de sua Natividade –, temos exatamente isto: todas essas grandezas nasceram ao mesmo tempo, porque n’Ela está a raiz de tudo quanto depois se disse. Ela foi perfeita desde o primeiro instante de Seu ser, não só por ter sido concebida sem a mancha de pecado original, mas porque foi desde logo constituída por Deus, no primeiro instante de Seu ser, num grau de graça inimaginável por nós![iii]

Oração a Nossa Senhora da Pena

Virgem Santíssima, dulcíssima Senhora que, sob a expressiva invocação da Penna, reinais como Rainha de Beleza e de Amor; dirigi piedoso sobre nós o vosso olhar maternal e impetrai-nos a verdadeira ciência das coisas divinas, para que possamos, em todo o tempo da nossa vida, professar com coragem as verdades da Fé, seladas com o sangue do vosso Divino Filho Jesus.

Aos vossos pés, ó Virgem da Penna, deixai que eu deposite o tributo do meu filial acatamento, bafejado pelo sopro divino de vossas maternais carícias. E quero unir, ó Maria, a minha fraca e humilde voz ao canto da natureza que, ao redor desse outeiro, cercado de montes e beijado pelas ondas do mar, ostenta tanta beleza.

Soberana Senhora, em Vós deposito as minhas esperanças, e na vida e na morte ouvi meus brados, acolhei meus gemidos. São brados e gemidos de um filho que vos ama, de um filho que vai atrás dos perfumes de vossas belezas na terra, para contemplá-las sem véu, na mansão dos justos. Assim seja.


[i][i]https://www.pliniocorreadeoliveira.info/DIS_SD_08_09_63%20_Natividade_de_Nossa_Senhora.htm

[ii]https://www.pliniocorreadeoliveira.info/Livro%20da%20Inocencia/2008_IP_09_II_Cap_01_A_contemplacao_sacral.htm#Cap%C3%ADtulo%201

[iii]https://www.pliniocorreadeoliveira.info/DIS_SD_700908_Natividade_de_NSra_varias_invocacoes.htm

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