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Plinio Corrêa de Oliveira
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Novidades de ontem, muito novas


São Pio X
São Pio X

Hoje vou contar ao leitor uma novidade. Mas é uma novidade do passado. Sim, as novidades do passado são muitas vezes mais saborosas e sobretudo mais cheias de significado do que as deste presente sensaborão e agressivo em que vivemos.

Todos sabem que no início do século XX, até a Primeira Grande Guerra, a Igreja foi governada por um Papa santo, Giuseppe Sarto, que adotou o nome de Pio X. Isso não é novidade. A novidade que quero apresentar refere-se a certos ensinamentos luminosos desse Pontífice, hoje desconhecidos da grande maioria das pessoas.

A novidade está também, e, sobretudo, na alegria de alma e no alívio que tais ensinamentos causam a quem vive (eu quase diria sobrevive) nos fuliginosos dias presentes. Haverá, talvez, alguns que se surpreendam com o que ensina o Papa Sarto; outros o detestarão; ninguém poderá negar, porém, que se trata da mais lídima doutrina católica. Ele foi canonizado por Pio XII em 1954.

Estou lendo uma biografia de Pio X escrita por um conceituado acadêmico francês, contemporâneo do Pontífice santo: René Bazin, Pie X, Flammarion, Paris, 1928. Resumida, mas bem feita, dela extraio os dados abaixo.

Em sua primeira Carta Pastoral, quando ainda Patriarca de Veneza, o Cardeal Sarto escreveu: “Deus é expulso da política, pela teoria da separação da Igreja e do Estado; da ciência, pela dúvida erigida em sistema; da arte, aviltada pelo realismo; das leis, modeladas pela moral da carne e do sangue; das escolas, pela abolição do catecismo; da família, enfim, que se quer laicizar na sua origem e privar da graça do sacramento […]

“Que os sacerdotes tomem cuidado de não aceitar nenhuma das ideias desse liberalismo que, sob aparência de bem, pretende conciliar a justiça e a iniquidade. Os católicos liberais são lobos cobertos de pele de ovelha; é por isso que o padre verdadeiramente padre, deve tornar público aos fiéis confiados a seus cuidados, suas perigosas armadilhas e seus maus desígnios”.

Mais tarde, como Papa, ele incentivou a comunhão das crianças, apenas se abrisse nelas a idade da razão. Na época, a heresia jansenista, encastoada em largos setores da Igreja, se opunha a que as crianças comungassem. Mandou São Pio X à Congregação dos Sacramentos emitir um decreto a respeito. Referindo-se ao mau costume de não permitir a comunhão infantil, diz o decreto: “A inocência da criança, arrancada às carícias de Jesus Cristo, não se nutria de nenhuma seiva interior; em consequência, a juventude, desprovida de recurso eficaz, e cercada de tantas armadilhas, perdia sua candura, e caía no vício antes de ter saboreado os Santos Mistérios”.

E prossegue dizendo que a perda da inocência primeva “talvez pudesse ter sido evitada, se a Eucaristia tivesse sido recebida mais cedo”. Por fim: “a idade razoável para a Comunhão é aquela na qual a criança sabe distinguir o Pão eucarístico do pão comum, e pode assim aproximar-se com devoção do Altar. Não se requer um conhecimento perfeito das coisas da fé, mas sim um conhecimento elementar, ou seja, um certo conhecimento é suficiente. Também não é um uso pleno da razão, senão um começo de uso da razão, ou seja, um certo uso da razão é suficiente”.

Hoje em dia tanto se fala em paz e, no entanto, vemos guerras e convulsões por toda parte. A esse respeito, nos explica o Pontífice: “Sem dúvida, o desejo da paz está em todos os corações, e não há ninguém que não a queira com todo empenho. Mas esta paz, insensato aquele que a procura fora de Deus. Pois expulsar a Deus é banir a justiça, e a justiça posta de lado, toda esperança de paz se torna uma quimera”.

Tudo isso, que é a mais pura doutrina católica, está esquecido e posto de lado, por isso tornou-se uma novidade. Cumpre-nos relembrá-la a tempo e a contra-tempo.

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Autor

Gregorio Vivanco Lopes

Gregorio Vivanco Lopes

173 artigos

Advogado, formado na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Autor dos livros "Pastoral da Terra e MST incendeiam o Brasil" e, em colaboração, "A Pretexto do Combate Á Globalização Renasce a Luta de Classes".

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