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Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo

O anti-programa de Frei Betto (e de muitos outros) para o Papado

Por Leo Daniele

5 minhá 12 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 9:28:02 PM


Em recente artigo,[1] Frei Betto enumera o que ele chama de desafios do novo Papa, a ser eleito pelo conclave com inicio na presente semana. É surpreendente como vai longe o autor! Antes de mais nada, vejamos o que é para ele Deus, o princípio e fundamento do tudo. Segundo o dominicano, Bento XVI teria   abolido “a teoria criacionista da doutrina católica e admitindo o evolucionismo”.

Entretanto, o Credo católico começa com as palavras: “Creio em Deus Padre todo poderoso, criador do Céu e da Terra”. É o  contrário das idéias adotadas por Frei Betto. Se esse ponto inicial está errado, o que será das consequências que dele tira? Quais são e que consequências trazem suas doutrinas sobre Deus e o universo?

Frei Betto afirma que, caso sejam verdadeiras,“isso significa mexer na estrutura piramidal da Igreja, flexibilizar o absolutismo papal, instaurar um governo colegiado”. Ou seja, desalienar a Igreja. “Desalienar”? Que vem a ser isso?

Em 1969, em um célebre estudo[2], Dr. Plinio se demora explicando o termo alienação. Tomando como base essa palavra, o pensamento de Frei Betto fica claro. Alienus é um vocábulo latino que equivale à palavra portuguesa “alheio”. Alienado é o que não se pertence a si mesmo, mas a outrem.[…] Alienante é a classe social que exerce a autoridade, ou possui a superioridade, seja através de um Rei, um Chefe de Estado, um Papa, um Bispo, um Sacerdote, um General, um professor, ou um patrão. Alienada é a classe que presta obediência à alienante. A classe alienada, pelo próprio fato de estar sujeita a outra classe em medida maior ou menor, nessa exata medida não se pertence a si mesma, e está alienada a essa outra”.

Diz a seguir Dr. Plinio que o supremo objetivo de uma Igreja progressista é “uma Igreja não alienante nem alienada”. Em consequência, seria preciso “transformar a Igreja Católica, de alienante e alienada que é, em uma Igreja-Nova, sem nenhuma forma de alienação”. A Igreja de sempre acredita “em um Deus transcendente, pessoal, dotado de inteligência e vontade, perfeito, eterno, criador, regedor e juiz de todos os homens. Estes são infinitamente inferiores a Ele, e Lhe devem toda sujeição. E, crendo em um tal Deus, os homens aceitam um Deus alienante.

Mas ao que parece Frei Betto não crê em um Deus absoluto e transcendente. Para as pessoas com a mentalidade do dominicano, o Deus da Igreja de sempre “corresponde a um estágio já superado da evolução do homem, o homem infantil e alienado. Hoje, o homem, tornado adulto pela evolução, não aceita um Deus do qual ele é, em última análise, um servo, e que o mantém na dependência de seu poder paterno, ou antes, paternalista, como dizem pejorativamente […] O homem adulto repele toda alienação, e quer para si outra imagem de Deus: a de um Deus não transcendente a ele, mas imanente nele. Um Deus que é impessoal, que é como um elemento difusamente esparso em toda a natureza, e portanto, também, em cada homem. Numa palavra, um Deus que não aliena.[3]

Mas há outras formas de alienação. Veja-se o que diz o dominicano: “Outro desafio é dar fim ao tabu em relação à moral sexual. Hoje, é vetado debater esse tema no interior da Igreja. A rigor, os católicos estão todos proibidos de manter relações sexuais que não sejam com a explícita intenção de procriar, contrair segundas núpcias após divórcio, usar preservativos, admitir o aborto em certas circunstâncias, aprovar a união de homossexuais e defender o fim do celibato obrigatório para padres e o direito de acesso das mulheres ao sacerdócio”.[4]

Afirma Dr. Plinio: “É bem verdade que a afirmação de um Deus transcendente e alienante tem seu fundamento em numerosas narrações dos Livros Sagrados. Mas segundo a doutrina progressista, como essas narrações não são realidades históricas precisas, elas são mitos elaborados pelo homem não adulto, alienado e sequioso de alienação. Hoje, elas devem ser reinterpretadas segundo uma concepção, não alienante, mas adulta. Ou até recusadas. Com isto, se purifica a Religião de seus mitos.” É o que eles chamam de desmitificação.

Na Igreja de sempre “a Hierarquia está investida do tríplice poder de ordem, de magistério e de jurisdição. “Assim, a existência de um Papa, monarca espiritual rodeado do Colégio dos Príncipes eclesiásticos, que são os Bispos – dos quais cada qual é, na respectiva Diocese, como que um monarca sujeito ao Papa – não é compatível com a Igreja-Nova. Como também não podem subsistir os Párocos, que regem, sob as ordens do Bispo, porções do rebanho diocesano. “Cumpre, para desalienar a Igreja, democratizar da Hierarquia. É preciso constituir, nEla um órgão representativo dos fiéis, que exprima o que os carismas dizem no íntimo da consciência destes. Órgão eletivo, é claro, e que represente a multidão. Órgão que faça pesar decisivamente sua vontade sobre os Hierarcas da Igreja, os quais, também é claro, deverão, daqui por diante, ser eletivos. […] A desalienação completa envolveria, em estágio ulterior, a abolição de toda a Hierarquia.[5]

Considerando, entretanto, tão somente a reforma que os congêneres de Frei Betto agora explicitamente pleiteiam, podemos dizer que ela transformaria a Igreja “numa monarquia como a da Inglaterra, isto é, um regime efetivamente democrático, dirigido fundamentalmente por uma Câmara popular eletiva, onipotente, no qual se conserva pró-forma um Rei decorativo (no caso da Igreja-Nova, o Papa), Lords sem poder efetivo (os Bispos e Párocos), e uma Câmara alta de aparato (o Colégio Episcopal). E ainda, para que a analogia entre o regime da Inglaterra e a Igreja-Nova seja completa, seria preciso figurar um Rei e Lords eletivos (isto é, Papa e Bispos eleitos pelo povo). “Para completar o quadro da democratização, cumpre acrescentar que, na Igreja-Nova, as paróquias seriam grupos fluidos e instáveis, e não circunscrições territoriais definidas como soem ser hoje. Esta fluidez, pensamos, também se estenderia, em rigor de lógica, às Dioceses”.

A Hierarquia já não seria na Igreja senão um nome vão”. Parece ser este o anti-programa de Frei Betto (e muitos outros) para o Papado. Foi o que seu divino Fundador, Nosso Senhor Jesus Cristo, estabeleceu? De onde foi extraído o ideal da desalienação da Igreja?


[1] Os desafios para o novo Papa, O Globo, 6 de março de 2013.

[2] Plinio Corrêa de Oliveira, Catolicismo nº especial, 220/221 de abril/maio 1969; Folha de S.Paulo, 26-3-69; ibid. 2-4-69; ibid. 7-5-69; ibid. 14-5-69; ibid. 21-5-69.

[3] Plinio Corrêa de Oliveira, op. cit.

[4] Frei Betto, op.cit.

[5] Plinio Corrêa de Oliveira, op. cit.

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