Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
4 min — há 6 anos
A América Latina, por obra sem graça de seus movimentos de esquerda, continua objeto da troça no mundo mais civilizado e especialmente de gente direita. Agora vamos a exemplo inaudito que se arrasta anos afora. Existe por aqui (excluo no caso a América Central e o México) um disparate [verdadeiro negotium perambulans in tenebris] chamado União das Nações Sul-Americanas (Unasul) [acima, foto da sede]. Guarde o nome, Unasul, pode ser que deixe de existir daqui a pouco, não tem nenhuma importância.
Ninguém se preocupa com a joça (nem a esquerda, quando não encena para a galeria). A palermice tem sede em Quito, parlamento em Cochabamba e o presidente atual é o Evo Morales [na foto, ao lado de Dilma Rousseff, numa das cúpulas da Unasul] . Só faz bem duas coisas: torra dinheiro e dá vexame. A propósito, a cota brasileira para a geringonça é de 4 milhões de dólares anuais, há três anos não paga. Pagar e pendurar dá na mesma.
Vou apresentá-la melhor. Da Unasul participam, ou participavam, 12 países; ia dizendo 12 patetas: Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Equador, Peru, Chile, Suriname, Guiana, Venezuela, Colômbia e Brasil (para vergonha nossa). Já existia desde 2004 uma altissonante Comunidade Sul-americana de Nações, da qual brotou em 2008, gestada por hierofantes da política, à frente dos quais Hugo Chávez. Entre outros, Lula, Nestor Kirchner (depois a mulher), Evo Morales, Rafael Correa, Tabaré Vásquez (depois José Mujica), Michelle Bachelet. Lustroso plantel, embora de padrão terceiro-mundista. O bruxo-mor da estrovenga sempre foi o coronel Hugo Chávez [na foto abaixo, ao lado de Lula da Silva, numa reunião da Unasul]. O grande objetivo, fazer frente à influência norte-americana na região. Em agosto de 2009, esbravejava Chávez: “Chegou a hora da América do Sul, a hora da Unasul, confiamos na capacidade política de nossa nascente união para enfrentar agora essa ameaça [a influência dos Estados Unidos] que compromete o futuro de nossas repúblicas, o futuro de nossos povos e o futuro de toda a humanidade”. O futuro da Venezuela, bem entendido, não estava comprometido pelos delírios bolivarianos. Nos últimos anos, 2,2 milhões de venezuelanos deixaram o país, fugindo da fome e da ditadura, buscando futuro em outras regiões não flageladas pelo bolivarianismo.
A propósito, é óbvio, os Estados Unidos estão morrendo de medo da Unasul, os políticos em Washington nem conseguem dormir só de pensar que na América do Sul atua tal organização…
Em abril passado, Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Paraguai e Peru finalmente anunciaram que deixariam de participar da Unasul. Não dava mais seguir fingindo que a tal estrutura não é um disparate dos pés à cabeça. Iam se reunir, formar comissões, emitir comunicados, coisas assim, tomar atitudes. Já estamos em agosto e quase nada.
A Colômbia forçou os acontecimentos, deixou a lenga-lenga, deu o bom exemplo de como as coisas devem ser feitas. Em resumo, apressou o passo, comunicou aos demais e lerdos participantes da maluqueira chavista: “Estou fora”.
Mergulhemos nos fatos recentes. Ivan Duque, o novo presidente colombiano, havia prometido durante a campanha tirar a Colômbia desse ambiente tóxico. Preto no branco, não admitia mais seu país “cúmplice da ditadura venezuelana”. Explicou: “Sou a favor de que a Colômbia se retire da Unasul, não podemos pertencer a uma organização que foi criada por Chávez para legitimar o seu regime e foi uma grande promotora, por seu silencio, de uma ditadura. Parte da tragédia que se vive na Venezuela se deve à grande indiferença dos países latino-americanos”.
Com três dias no cargo de mandatário supremo da Colômbia cumpriu a promessa. Na sexta-feira, 10 de agosto, Carlos Holmes Trujillo [foto ao lado], ministro das Relações Exteriores, anunciou que a Colômbia estava abandonando a Unasul. “É uma decisão política irreversível”. Acabou. O ministro convidou os outros países a se unir a este avanço no rumo da liberdade, da decência e da respeitabilidade. “Estamos em um processo de consultas com outros países que, aparentemente, desejam tomar o mesmo rumo. Se for consolidada decisão similar, atuaremos em conjunto”.
Se não for, paciência. A Colômbia tomará sozinha a atitude. Grande avanço. Pelo menos um país da América do Sul deixa de fazer papelão feio diante do mundo. Nem todos entre nós escolheram a apatia no pântano do retrocesso.
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