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O comunismo é o cristianismo “sublimado” diz Putin, no ‘espírito do Vaticano II’!


O presidente russo Vladimir Putin equiparou o comunismo com o cristianismo, e o culto do corpo de Lênin na Praça Vermelha com as honras prestadas às relíquias dos santos, informou sua fiel agência Sputnik.

Em entrevista reproduzida pela TV oficial Rossiya 1, Putin voltou a fórmulas já usadas por Fidel Castro e líderes marxistas ortodoxos para ludibriar os ocidentais temerosos de suas revoluções.

`Paris vale uma Missa’ disse Enrique IV antes de se converter para ficar rei. Para Putin a presidência da Rússia vale algumas velas. No mosteiro de Valaam.

“Talvez eu agora fale uma coisa que não agrade a algumas pessoas, mas vou falar o que penso, declarou Putin. [Vídeo embaixo].

“Houve os anos duros de combate à religião, quando eliminavam os sacerdotes, desmantelavam as igrejas. 

“Mas, ao mesmo tempo, se criava uma nova religião. 

“A ideologia comunista é muito parecida com o cristianismo, de fato — a liberdade, a igualdade, a fraternidade, a justiça — tudo isso está enraizado no Livro Sagrado. 

“O código do construtor do comunismo é apenas uma interpretação simplificada da Bíblia, [os comunistas] não inventaram nada de novo”, afirmou.

 

Putin pôs num patamar quase igual o culto dos comunistas a Lênin e a devoção dos cristãos pelas relíquias dos santos, acrescentou Sputnik.

Fidel Castro foi “um fervoroso crente em Deus”, escreveu o jornal “The Washington Post” 
sobre as cartas do ditador na prisão.“Letters From Prison: Castro Revealed” 25-2-2007.
O estratagema comunista é velho. Na foto sacerdote e religiosas dão acolhida a Fidel Castro em Camaguey, rumo a Havana.

“Olhem, Lênin foi colocado no mausoléu. No que isto difere das relíquias dos santos para os cristãos ortodoxos e cristãos em geral?

“Na essência, as autoridades da época [soviética] não inventaram nada de novo, mas apenas adaptaram sua ideologia àquilo que a humanidade já havia muito tinha criado”, completou Putin.

A difusão do filme entrevista está ligada à campanha eleitoral na qual o omniarca russo vai ser reeleito por enésima vez.

Mas ele deve apresentar sua vitória revestida de alguma credibilidade para consumo dos ocidentais.

Se pavoneando de o “mais ortodoxo” dos presidentes russos, Putin equiparou a veneração do corpo do “santo” da revolução satânica do proletariado com o das relíquias religiosas que o mesmo santo mando profanar e destruir.

A entrevista em verdade é velha e foi gravada no mosteiro de Valaam junto o patriarca Kirill, escreveu Vladimir Rozanskij correspondente em Moscou de “AsiaNews”.

O curta “Valaam” elogia o mais antigo convento do cisma russo que quase foi destruído pelos guardas da revolução dos sovietes. Mas esses avisaram em tempo os monges para que fugissem levando suas relíquias e obras de arte.

Putin se apoiou nessa camaradagem para afirmar que “o ateísmo militante espalhou também as sementes da união fraterna e que são mérito da igreja ortodoxa russa”.

Monges de Valaam rodeiam seu financiador. E ele usa deles para a propaganda.

Putin apelou a essa cumplicidade que ele julga discernir entre os sovietes e a falsa religião cismática e a apresentou como modelo para o mundo inteiro.

“Há muito de comum entre as religiões do mundo”, disse parafraseando a teologia do Concilio Vaticano II.

Na base dessa estranha união ele identifica, ecoando o Papa Francisco I, “valores como a misericórdia, a justiça, a honestidade, o amor”.

Omitindo velhacamente o estado de violência que pesa sobre a Igreja Católica na Rússia prosseguiu dizendo: “Nós somos um Estado multiconfessional, mas esses valores morais são comuns a todas as etnias de nosso povo”.

A chave de interpretação dos construtores do comunismo, inscrita nos textos de Lênin, seria segundo Putin uma “sublimação” da ética bíblica. 

Como se a moral do arauto da amoralidade materialista anticristã fosse mais requintada que a da Bíblia ou dos Mandamentos que Deus ditou a Moisés.

“Lenine foi posto num mausoléu. No que é que isto se diferencia da exposição das relíquias dos santos pelos ortodoxos ou pelos cristãos em geral?”. 

Na Rússia, há uma longa disputa: a maioria dos russos acha que não se deve mais considerar “lugar santo” o túmulo de Lênin e o corpo deve ser enterrado num cemitério.

Os nostálgicos marxistas defendem a múmia de Lenine do jeito que está.

A reinterpretação do cristianismo e do marxismo – tão parecida à interpretação da “teologia da libertação” – espalhada por Putin oferece uma fórmula de convergência que satisfaça todos.

E lhe serve para que seus agentes de influencia propaguem no Ocidente a imagem de Putin novo Carlos Magno.

Outra discussão muito acessa na Rússia versa sobre o reconhecimento dos restos do último tzar Nicolau II e de sua família sadicamente assassinados pelos mesmos sovietes em que Putin discerne sementes divinas.

Putin quer o apoio do patriarca Kirill e do Sínodo dos bispos russos para uma solução que atenda os desejos da Rússia atual, justifique sua reeleição e facilite uma convergência ecumênica comuno-progressista a nível universal no espírito do Vaticano II.

Vídeo: O comunismo é o cristianismo “sublimado” diz Putin, no ‘espírito do Vaticano II’!

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Luis Dufaur

Luis Dufaur

1042 artigos

Escritor, jornalista, conferencista de política internacional no Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, webmaster de diversos blogs.

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