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Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo

Os santos extremos e o perfeito equilíbrio

Por Gregorio Vivanco Lopes

3 minhá 13 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 9:29:48 PM


Causa-me especial alegria ver como Nossa Senhora tem sido cultuada ao longo dos séculos e por toda a extensão da Terra, com os mais variados títulos e sob as invocações mais inesperadas. Por exemplo: Nossa Senhora de Dong-Lu, Imperatriz da China; ou Nossa Senhora da Defesa (foto ao lado), em Sassari (Itália), que de espada na mão defendeu os católicos contra a invasão dos godos pagãos. A multiplicação das invocações é sintoma inequívoco dos incontáveis benefícios e graças que Ela distribui pelo mundo todo, de modo particular aos que a Ela recorrem com confiança.

De Maria nunquam satis (De Maria, não há o que baste), disse o grande São Bernardo. E assim o povo fiel vai multiplicando as invocações, para recorrer àquela que é sempre a mesma –– a Mãe de Deus.

Tais invocações podem ter as mais diferentes origens, como por exemplo uma aparição da Virgem Santíssima (Lourdes, Fátima, La Salette); uma graça marcante recebida por alguém (Madonna del Miracolo, que converteu o judeu Ratisbonne); a vitória dos católicos contra inimigos que os assediavam (Nossa Senhora dos Guararapes, ou de Lepanto). Podem igualmente provir de uma grande carência que a Virgem Santíssima atende, como é o caso de Nossa Senhora da Cabeça, que em 1227, no Monte da Cabeça, na Serra Morena (Andaluzia, Espanha), restituiu ao pobre pastor João Rivas o braço que lhe faltava.

Tais “nomes” de Nossa Senhora, se assim os podemos qualificar, tão diferentes pela sua origem, pelos lugares onde nasceram, pelos atributos da Virgem Santíssima que ressaltam, formam entretanto um conjunto de invocações perfeitamente equilibrado, pois nos mostram Nossa Senhora como “clemente, piedosa e doce” (Salve Rainha), e ao mesmo tempo “terrível como um exército em ordem de batalha” (Cântico dos Cânticos, 6,3). Nesse sentido, poder-se-ia chamá-la Nossa Senhora do perfeito equilíbrio.

Insisto na palavra “equilíbrio”, não obstante seu uso estar muito deturpado em nossos dias. Segundo certa mentalidade corrente, ser equilibrado significaria ser abúlico, não ter opinião definida a respeito de nada, nunca defender o bem contra o mal, nem a verdade contra o erro. Mereceria o epíteto de “equilibrado” apenas quem fosse um perpétuo conciliador ecumênico, desses que qualificam de extremismo toda atitude categórica, e para os quais dedicar-se a uma causa é ser radical, afirmar uma verdade é ser intolerante. Em outros termos, só os relativistas e os songamongas seriam equilibrados.

Na realidade, a pessoa verdadeiramente equilibrada é aquela capaz de identificar-se com toda forma de bem, de modo a comprazer-se com a mimosa flor do campo e admirar o rugido avassalador do leão; acariciar uma criancinha recém-batizada e lutar como um cruzado no campo de batalha contra os inimigos da civilização cristã; perdoar de todo o coração as ofensas recebidas e dizer com o Santo Rei Davi: “Pois não hei de odiar, Senhor, aos que vos odeiam? Aos que se levantam contra Vós, não hei de abominá-los? Eu os odeio com ódio perfeito” (Sl 138, 21-22). E tudo isso sem perder a paz interior e o domínio dos próprios sentimentos.

Portanto, ir aos extremos não é um mal, desde que sejam extremos do bem, isto é, estejam de acordo com os Mandamentos da Lei de Deus. Assim, para nossa época de relativismos, ao indicar para Nossa Senhora o título de “perfeito equilíbrio”, talvez conviesse acrescentar: “e dos santos extremos”. Sim, “Nossa Senhora do perfeito equilíbrio e dos santos extremos” seria uma invocação bem adequada.

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Gregorio Vivanco Lopes

Gregorio Vivanco Lopes

173 artigos

Advogado, formado na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Autor dos livros "Pastoral da Terra e MST incendeiam o Brasil" e, em colaboração, "A Pretexto do Combate Á Globalização Renasce a Luta de Classes".

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