Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
5 min — há 5 anos — Atualizado em: 6/5/2019, 4:43:21 AM
Na primavera de 1989, Jian Liu era um estudante de 20 anos, em Pequim. Fotografou por cerca de 50 dias os protestos e manifestações pró democracia na China, que levou milhares e milhares de jovens à Praça da Paz Celestial. Ao todo, quase 2 mil fotos em dezenas de rolos. (*)
“Depois de três décadas, Jian Liu decidiu revelar as imagens que tirou do esperançoso movimento estudantil de 1989 e de suas conseqüências sangrentas”, diz o artigo do NYT de 29 de maio.
Uma repressão sangrenta que o comunismo chinês esconde
“Então, em 4 de junho de 1989, o Exército de Libertação Popular chegou ao local e abriu fogo contra ativistas e civis, matando centenas, possivelmente milhares de pessoas. Naquela manhã, o cheiro de sangue permaneceu no ar quente do verão. Liu viu cerca de 20 corpos crivados de balas no chão de um hospital e tirou algumas fotos. Depois, se afastou com pressa”.
“Ao divulgar pela primeira vez as imagens publicamente, Liu se junta a um pequeno grupo de historiadores, escritores, fotógrafos e artistas chineses que tentaram narrar os capítulos da história do país que o partido (comunista) quer que sejam apagados da memória coletiva.
Continua o NYT: “Liu dirigiu um estúdio de fotografia em Pequim durante anos antes de se mudar para Los Angeles em 2016 para estudar inglês. Em março deste ano, pediu a amigos que lhe trouxessem os negativos da China e, há um mês, depois de convertê-los em arquivos digitais, revisitou as imagens que havia capturado 30 anos anos”.
“Mas nada o preparou para a carnificina a que assistiu quando os soldados atiraram nas multidões. No hospital, viu pessoas que foram mortas a tiros, seus ombros quebrados e cabeças, esmagadas. Ele preferiu não registrar as imagens, por respeito”.
“Tirar essas fotos seria muito desrespeitoso — explicou, referindo-se às pessoas cujos corpos foram mutilados. — Se eles eram estudantes ou residentes, ativistas pró-democracia ou até mesmo o que o Partido Comunista chama de bandidos, esses jovens não deveriam ter morrido. Isso não pode ser justificado de forma alguma”.
“Nos dias após a ofensiva, Liu não se atreveu a sair de casa enquanto soldados armados invadiam a cidade. Mais tarde, autoridades prenderam milhares de pessoas suspeitas de serem dissidentes e condenaram muitos à prisão”. 1
Um gigantesco esforço do PC para produzir o “esquecimento”: “a maior máquina de censura do mundo”
Assim se expressa John Sudworth, BBC News, 1 de junho:
“Na verdade, o que aconteceu na Praça Tiananmen é marcado fielmente a cada ano por um massivo ato nacional do que poderia ser mais apropriadamente chamado de “esquecimento”.
“Nas semanas que antecedem o dia 4 de junho, a maior máquina de censura do mundo entra em ação como uma enorme rede de algoritmos automatizados e dezenas de milhares de expurgadores humanos limpam a internet de qualquer referência, ainda que oblíqua”.
“Aqueles que foram considerados muito provocativos em suas tentativas de fugir dos controles podem ser presos – com sentenças de até três anos e meio recentemente passadas a um grupo de homens que tentaram comemorar o aniversário com um rótulo de produto”. 2
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Esta é a China que sorri para o Brasil (ou melhor para as riquezas do Brasil). Em recente viagem do general Mourão à China, assim se expressou o presidente vitalício (ditador) Xi Jinping: “Os dois lados devem continuar discutindo com firmeza as oportunidades e os parceiros um do outro para o seu próprio desenvolvimento, respeitando-se, confiando um no outro, apoiando-se mutuamente e construindo as relações China-Brasil como modelo de solidariedade e cooperação entre os países em desenvolvimento (sic)”.3
Confiar num pais dirigido pelo Partido Comunista, que policia seus cidadãos com 200 milhões de câmeras, censura a internet e não permite imprensa livre e Partido de oposição?
“O embaixador do Reino Unido na época falou em 10 mil mortos e a Cruz Vermelha Chinesa, em 2,7 mil. Em geral, segundo dados hospitalares, estima-se que houve entre 400 e 1 mil mortos.
“O governo chinês impõe silêncio sobre o tema na imprensa, na internet, nos livros, nas apostilas escolares e nos filmes, exceto em raras ocasiões, em que se descreve o massacre como “agitação política do ano 1989”. / AFP (4)
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(*) Reproduzindo os comentários sobre o massacre da Praça da Paz Celestial, em 1989, não estamos endossando todas as ideias dos estudantes chineses que pediam liberdade. Servimo-nos do fato para mostrar a repressão do regime comunista chinês que perdura no século XXI e ainda encontrou meios muito mais sofisticados de silenciar os descontentes.
1 https://www.nytimes.com/2019/05/30/world/asia/tiananmen-square-protest-photos.html?module=inline
2 https://www.bbc.com/news/blogs-china-blog-48455582
3 https://veja.abril.com.br/mundo/xi-diz-a-mourao-que-china-e-brasil-devem-se-ver-como-oportunidade/
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