Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
4 min — há 8 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 8:48:09 PM
Vladimir Putin está cimentando seu poder com uma “Guarda Pretoriana” composta por centenas de milhares de homens, informaram diversos órgãos da mídia, entre eles o“Financial Times”.
A criação da Guarda Nacional é um passo histórico na constituição de um corpo de segurança interno destinado a reprimir os descontentamentos sociais derivados do mal-estar econômico. Ela poderá reunir entre 350.000 e 400.000 homens.
Putin disse que o novo corpo está destinado a “combater o terrorismo e o crime organizado”. Mas, com uma ordem presidencial (ukaze), acrescentou que também deve proteger a ordem pública, reprimir o extremismo, garantir as instalações do Estado, cuidar das fronteiras e controlar o comércio de armas.
Segundo os analistas, a Guarda Nacional absorverá diversos corpos de segurança doméstica sob um comando único submetido ao controle direto e único do presidente. Ela parece destinada a reprimir as dissidências internas.
Nela ficarão englobadas as unidades especiais paramilitares da polícia conhecidas como OMON e SOBR e o serviço de segurança interdepartamental do governo (Vnevedomstvenaya Okhrana). Todas as forças policiais da Rússia serão reformadas e seus chefes trocados para se encaixarem na nova estrutura informou o jornal russo Kommersant, 05.04.16, acrescentou a Jamestown Foundation.
A nova guarda será armada com novos tanques, helicópteros e artilharia pesada. Na era soviética, as tropas do Ministério do Interior encarregadas das missões mais sujas tinham privilégios e armamento análogos.
Pela lei que institui a Guarda Nacional, essa poderá abrir fogo sem perguntar se há riscos para a vida dos cidadãos ou até de outras forças policiais
“Não há uma razão real para criar mais uma guarda nacional, além das tropas do Ministério do Interior e outras forças, a menos que haja sérios temores de agitações públicas”, disse Mark Galeotti, especialista em serviços de segurança russos da New York University.
Dmitry Oreshkin, analista político russo, concordou: Putin “está cada vez mais preocupado com sua segurança pessoal como resultado da deterioração do governo do país. Essa não é uma guarda nacional, é a Guarda de Putin, no sentido de que ninguém pode comandá-la senão ele próprio”.
Dmitry Peskov, porta-voz de Putin, reconheceu que a nova guarda nacional “evidentemente” participará na supressão de protestos não autorizados.
Segundo a rádio Free Europa, jornalistas, analistas e muitos cidadãos acham que a primeira tarefa da nova guarda será pairar sobre as próximas eleições parlamentares de setembro e a eleição presidencial de 2018.
O Kremlin acredita que a ameaça interna está crescendo rapidamente, embora os índices de aprovação do presidente continuam acima dos 80%. Nem Putin parece acreditar neles.
O general de exército Viktor Zolotov chefiará o novo corpo. Colega de longa data de Putin e ex-membro da unidade de guarda-costas da KGB, ele foi durante 13 anos chefe de segurança do atual dono do Kremlin e é considerado seu incondicional fiel.
Para Yevgenia Albats, editora chefe da revista “New Times”, a criação da “Guarda Pretoriana” deve ser entendida no contexto da ideia obsessiva do Kremlin de estar rodeado de inimigos.
“A retórica dos últimos dias é ‘Putincêntrica’. Acha que tudo o que acontece no mundo está direcionado contra Vladimir Vladimirovich Putin”, disse Albats
Ela acrescentou que “Vladimir Putin teme mais do que tudo o círculo dos mais próximos. Ele precisa de gente preparada sobretudo para defendê-lo” e por isso escolheu Zolotov.
Em agosto de 1991, Zolotov foi fotografado protegendo as costas de Boris Yeltsin sobre um tanque em Moscou. Nos anos 1990, Zolotov aparecia escoltando o prefeito de São Petersburgo, que acobertou a ascensão de Putin.
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