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Plinio Corrêa de Oliveira
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Qual o próximo passo, camarada Lênin?


Lenin
Lênin

Vladimir Ilich, mais conhecido como Lênin, é um bom conselheiro para quem procura maus conselhos. Autor de uma obra sobre o papel dos soviets, se ainda estivesse vivo daria algumas indicações a suas bases brasileiras, coçando a barba rala, ele diria a seus seguidores daqui:

— Vocês já têm um número razoável de soviets no campo. Até estão conseguindo prodígio de criar soviets indígenas, sob o pretexto de que são estes os autênticos brasileiros! Mas falta executar a mesma performance nas cidades, nas indústrias e no comércio.

­— Não estamos tão atrasados assim, diz o interlocutor. Vale a pena lembrar a edição do Decreto n.º 8.243/14 por Dilma Rousseff, instituindo conselhos junto aos diversos ministérios.

Mas prossegue Lênin:

— Bem. Quando vejo em São Paulo e também em tantas outras cidades do Brasil uma floresta de prédios, fico pensando como seria bom (para o partido, claro) se a cada uma daquelas pontas correspondesse um soviet.

Insiste o ouvinte:

— Tenho um problema: e o fracasso da reforma no campo? Segundo o insuspeito Zander Navarro, antigo ativista da reforma agrária, “é preciso reconhecer desapaixonadamente o fato agora definitivo: morreu a reforma agrária brasileira. Falta apenas alguma autoridade intimorata para presidir a solenidade de despedida”.[1]

Morreu mesmo? ou está jogando para migrar, no silêncio, para outra área? A área  urbana por exemplo, a tributária e depois a empresarial?

É bom pensar nisso!

Depois da terrabras, agora temos a tetobras. Como demonstrou Roldão Arruda,  no artigo “Reforma urbana toma lugar de reforma agrária”,[2] trata-se da reforma esquerdista dos tetos, das residências, dos edifícios, ou seja, a sinistra reforma urbana.

Dentro da lei? Entretanto, disse uma das coordenadora do MTST, Natália Szermeta:

Não vamos ficar de braços cruzados. A gente vai mostrar que não está de brincadeira, que a gente cansou. Vamos botar a cidade de São Paulo chacoalhar, para tremer”.[3]

A respeito, diria o suposto camarada Lênin: Depois da reforma urbana, trabalharemos intensamente com os sem-teto, a fim de criar uma tetobrás,. Com isso, teríamos avançado na execução do esquema da dualidade de poderes!

— Ops! Que é isso? Pergunta curioso  o ouvinte.

— Vejo que você não leu meu livro sobre a dualidade de poderes![4] Você está atrasado! Trata-se de formar um número grande de conselhos populares. Soviet quer dizer, justamente, conselho popular. É o que já está em projeto no Brasil. E unificando, de maneira real ou fictícia, esses conselhos, é preciso fazer desse conjunto um poderoso instrumento, primeiro de pressão, depois de mando. Seria o que vocês chamam de revolução bolivariana em marcha.

Como se fosse possível se espatifar duas vezes com o mesmo avião, ou tornar a afundar com o mesmo navio, a esquerda parece desejar reincidir com o mesmo fracasso da reforma agrária, agora nas cidades. É a tetobras.

Vejamos antes o que se passou no dia de ontem. A reforma agrária entrava em grande escala, com grande barulho. Mas os sinos tocaram! Ouviu-se o alarme em todo o Brasil. Travou-se enorme polêmica. De um lado, a esquerda católica, capitaneada por D. Helder Câmara, que deu no que deu. Na corrente contrária, sobressaia Dr. Plinio e o livro “Reforma Agrária – Questão de Consciência’: e, ao mesmo tempo, a TFP nascia. A batalha foi feroz.

Como disse o príncipe Dom Bertrand de Orleans de Bragança na introdução à edição comemorativa dos 50 anos dessa obra, “nenhum outro livro causou tanta repercussão e influenciou tanto o debate ideológico e político brasileiro no século XX”.

Passou-se o tempo e chegou a hora da verdade. Como diz Zander Navarro,  a reforma agrária morreu. Agora, vejamos qual será a sorte da reforma urbana.

Qual o próximo passo nessa avançada maluca e anti-cristã? Ora, a reforma industrial! Sempre é bom por as barbas de molho!

______________

[1] O Estado de S. Paulo, 21-9-13.

[2] OESP, 20 de julho de 2014.

[3] Ibid, 17-7-2014.

[4] V. I. Lênin, La Dualidad de Poderes (Obras escogidas, Ed. Progreso, Moscou, 1970, 2, p. 40 ss.).

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Leo Daniele

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