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Plinio Corrêa de Oliveira
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RELATIVISMO: seu pior inimigo


Alguém pode pensar que não é relativista pelo simples fato de nunca ter lido filósofos relativistas como Kant, Hegel, Anaxímedes etc. Ou então julga que estamos falando de descaso, insensibilidade, ou ainda de relativismo moral, ou seja, de imoralidade. Nada disso!

A mentalidade de que falamos é um pouco de tudo o que está acima e algo mais. Se quem a possui julga que estamos discorrendo sobre certo tipo de apatia, terá acertado, pois para o relativista nada importa.

“Como assim? Sou relativista, mas não apático. Gosto de movimento, de ação, de política, de trabalho, dos meus negócios. Logo, não sou relativista!”

Ledo engano, pois é possível gostar de movimento, de ação, de labuta, da família, e ser relativista. Uma espécie de neutralidade, de indiferença, de inconsciência em relação ao mundo em torno de nós, expresso na fórmula “deixa como está, para ver como fica”, é a ideia fixa do relativismo. Este é o ponto.

Veja o que reconhecia o autor de um libelo refutado por Plinio Corrêa de Oliveira:

“Havia algo demasiadamente forte ao meu redor, que meus sentidos percebiam, mas que minha razão não conseguia discernir, diante do que minha vontade não tinha como reagir” (Guerreiros da Virgem, p. 48).

O libelo diz que “minha razão não conseguia discernir, diante do que minha vontade não tinha como reagir”. Portanto, o relativismo escapa à razão, e, como afirmava o libelo, é todo um modo de ser, sem reação. Ora, reagir é preciso!

O que é o relativismo no sentido em que o empregamos? É a falta de atenção, motivação ou entusiasmo, exceto no que toca a si próprio. Para nós, o relativismo não é apenas uma maneira de pensar, mas de ser. Localizado onde? Em cada um de nós.

No relativismo de que estamos tratando, há duas esferas: as coisas próprias a cada um, para as quais o relativista pode ser um leão, e o mundo exterior, a opinião pública, que pouco lhe importa. Algo só é relevante se disser respeito ao “eu, eu, eu”, mas se concernir aos interesses da Igreja ou da sociedade temporal externa, a sua micrópolis repete o “deixe como está, para ver como fica”. O leão se torna um molusco sonolento. “Não me incomodem…”.

Relativismo é também sinônimo de abatimento, marasmo, langor, desídia, desânimo. “O que me preocupa são meus sonhos de uma vida confortável e segura, para mim e os meus próximos! Fora disso, nada me interessa. Por exemplo, quanto ao triângulo decisivo dos dias de hoje — Papa Francisco, Trump e Putin —, deixe-me tranquilo. Eles estão lá fora, longe, e o que importa um defeito na minha TV, isto sim!”.

“Ver julgar, agir” — eis a regra de ouro de Santo Tomás de Aquino, que deve pautar a nossa conduta em face dos acontecimentos, grandes ou pequenos. Atenção, motivação, entusiasmo, sim, relativismo não! Reação sempre, ainda que só interna; cinismo, consciente ou subconsciente, nunca! Relativismo, jamais! Ele é um “abismo cheio de umidade, de trevas e de frio, e não o cume elevadíssimo de uma montanha cheia de luz, de harmonia e de beleza.” (Plinio Corrêa de Oliveira, “Legionário”, nº 64). O resto é apatia e, em algum sentido da palavra, cinismo, ainda que o termo seja forte.

Dizíamos que o relativismo pode ser seu pior inimigo. “Mas, por que, se não sou tão mau, e quero apenas um pouco de tranquilidade?”

Um italiano, cujo nome me escapa, afirma que Deus é o não-relativismo. Aqueles que dizem não querer levar as coisas ao extremo são o contrário da perfeição e, portanto, de Deus, que é o próprio ardor, no mais alto grau de perfeição, de todos os extremos.

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Leo Daniele

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