Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
4 min — há 9 anos — Atualizado em: 5/1/2017, 9:28:15 PM
Os comunistas russos declararam 2016 o “ano de Stalin”, em comemoração pelos 80 anos da constituição soviética redigida por ele em 1936.
O líder marxista dizia que era “a mais democrática do mundo”, embora tenha sido o ponto de partida para o massacre de milhões de seres humanos, escreveu o jornal“El Mundo”, de Madri.
Na cidade de Penza, a 600 quilómetros de Moscou, foi inaugurado um centro Stalin para “reabilitar” o nome do ditador e defender sua sinistra obra à testa da URSS.
O objetivo é “lavar o nome de Stalin após décadas de calúnias”, explicou Gueorgui Kamnev, líder do Partido Comunista na região de Penza.
“Ainda está viva uma geração que cresceu com a ideia do Estado como pai protetor”, reflexiona a compositora russa Maya, que pertence à geração dos novos russos que não conheceram o regime soviético.
“O problema é que esse pai protetor era ao mesmo tempo autor de uma infinidade de crimes”, acrescentou.
O governo de Vladimir Putin aufere benefícios com a reabilitação da obra de Stalin, mas especialmente pelo conflito com a Ucrânia, um país que o velho ditador dizimou com uma fome que matou milhões: o macabro Holodomor.
Além do mais, Putin resiste às medidas saneadoras propostas pelo Ocidente para consertar a questão ucraniana. E Stalin lhe serve de modelo para se aferrar ao poder e resistir ao Ocidente.
Em 2015, durante um encontro com a chanceler alemã Angela Merkel, Vladimir Putin defendeu o pacto Ribbentrop-Molotov, assinado pelos ministros de relações exteriores de Hitler e Stalin.
Por esse tratado, assinado em 23 de agosto de 1939, o III Reich e a URSS combinaram a aliança que iniciou a II Guerra Mundial.
Os dois ditadores partilharam a Europa Central, condenando milhões de pessoa à deportação e ao extermínio, especialmente quando eram católicas.
Historiadores como Robert Coalson sublinharam que esse pacto abriu o caminho para a invasão conjunta da Polônia e a ocupação soviética dos países bálticos, que deslanchou a II Guerra Mundial.
Putin defendeu maquiavelicamente o pacto porque “garantia a segurança da URSS”, deixando claro que está prestes a qualquer outro gesto de semelhante iniquidade se for de seu interesse.
O regime de Stalin acaba sendo um modelo do que se deve esperar do novo dono do Kremlin.
Após a morte do homicida de massa, as autoridades russas denunciaram oficialmente o terror de Estado aplicado por Stalin durante 30 anos, até sua morte em 1953.
Em 2007 Putin se somou pela primeira vez a essa condenação.
Mas foi só mudarem as conveniências, como as envolvidas na invasão da Ucrânia, que ele cinicamente voltou a espalhar grandes retratos de Stalin nas ruas de Donetsk, a capital ilicitamente ocupada pelos rebeldes pró-russos financiados e armados pelo Kremlin.
Dessa maneira, o grande coveiro soviético continua fornecendo o combustível imoral da ofensiva putinista contra o Ocidente, escreve “El Mundo”.
O corpo embalsamado do ditador marxista está enterrado em frente do Kremlin, na Praça Vermelha.
Na data de seu aniversário, cerca de trinta “fiéis” comparecem para venerá-lo, sempre irredutíveis e com as mesmas flores vermelhas, como se usava no tempo da URSS.
Para esses a gesta sinistra de Stalin foi um episódio da luta entre o bem e o mal que prossegue hoje em dimensão global, capitaneada por Vladimir Putin.
Enquanto prestam seu culto, lá, em alguma janela do palácio de governo, Putin pode contemplar a cena, tirar inspiração e esfregar as mãos.
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