Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
12 min — há 5 anos — Atualizado em: 11/8/2019, 5:16:04 PM
O problema da Venezuela “cubanizada” está cada vez mais tenebroso, com notícias diárias da pobreza a que foi reduzida sua população, a falta de alimentos, de remédios, e, sobretudo, a violenta repressão do regime ditatorial a qualquer manifestação de inconformidade. Por isso, em vários países se acenou para uma intervenção militar externa para depor o ditador Maduro.
Ora, um dos maiores problemas de uma intervenção na Venezuela é que ela se encontra ocupada, com a total anuência do governo chavista, não só pelos quartéis do narcotráfico, mas também por forças estrangeiras. Segundo fontes insuspeitas, nada menos de 22 mil cubanos controlam as Forças Armadas e os serviços de inteligência do país, 400 russos estariam a serviço de Maduro, cerca de 20 mil terroristas das FARC e do ELN colombianos encontram-se no território venezuelano, além de um número incerto de terroristas do Hezbollah. Por isso, uma operação militar contra o país poderia provocar um conflito de longas e imprevisíveis consequências para toda a América do Sul.
Deve-se em vista disso considerar que não havendo uma solução factível no plano temporal, o remédio mais eficaz é recorrer ao auxílio do Céu. Não só porque o afastamento da moral católica foi determinante para precipitar a Venezuela na atual situação em que jaz, mas também porque, como dizia a Irmã Lúcia, “não há problema, por mais difícil que seja, que não possamos resolver com a recitação do Santo Rosário”.
Nesse sentido, temos exemplos impressionantes de como a recitação pacífica do Santo Rosário obteve resultados surpreendentes nas mais complicadas situações políticas. Citamos apenas dois: a saída do comunismo da Áustria depois de ter-se implantado no país, e o ocorrido no Brasil em 1964.
Em 1938 a Áustria foi anexada pela Alemanha, tornando-se parte do eixo nazista. Terminada a II Grande Guerra Mundial, esses dois países foram divididos em quatro zonas de ocupação, administradas pelos Estados Unidos, Inglaterra, França e União Soviética. Os Aliados então fizeram esta coisa abominável: entregaram parte da Áustria católica, onde estava Viena, aos comunistas soviéticos!
Ora, em menos de dois anos, a parte da Alemanha que estava sob a administração das potências ocidentais foi obtendo gradualmente sua independência política, o que não ocorreu com a que estava na zona soviética. Surgiu assim a República Federal da Alemanha, ou Alemanha Ocidental. Os soviéticos, pelo contrário, favoreceram a reclamação de parte do território austríaco pelo ditador comunista Tito, mantendo férreo controle sobre toda a Europa Oriental, convertendo os países ocupados por eles em satélites de Moscou. Assim, para essas infelizes nações cativas não havia, naturalmente falando, esperança de liberdade.
Foi então que um frade capuchinho, Frei Petrus Pavlicek [foto ao lado], decidiu apelar ao sobrenatural para libertar seu país. Nascido no Tirol austríaco em 6 de janeiro de 1902, após uma tentativa fracassada na vida religiosa ele entrou num convento capuchinho, onde foi ordenado sacerdote em 1941. Servindo no campo da saúde do exército alemão, foi capturado pelos Aliados em agosto de 1944 e libertado no dia 16 de julho de 1945, festa de Nossa Senhora do Carmo.
No dia 2 de fevereiro de 1946, festa de Nossa Senhora das Candeias, quando orava ardentemente diante da imagem milagrosa da Virgem em Mariazell [foto abaixo], principal santuário mariano da Áustria, Frei Pavlicek ouviu uma voz interior que lhe disse: “Faça o que te digo e terão paz”. Ele foi então inspirado a incrementar a recitação do Rosário, como a Virgem pedira em Fátima, para obter a libertação de seu país do jugo comunista. Fundou então, em 1947, a Cruzada de Reparação do Santo Rosário. Seus membros deveriam se unir na recitação de um Rosário perpétuo, implorando a conversão dos pecadores, a paz mundial e a liberdade da Áustria do comunismo.
O zeloso sacerdote começou então a fazer peregrinações por todo o país pregando essa devoção. Obteve para esse fim, do bispo de Leiria, uma cópia da imagem de Nossa Senhora de Fátima esculpida pelo mesmo artesão que fizera a imagem peregrina original.
Em setembro de 1948 Frei Pavlicek estendeu a Cruzada de Reparação do Santo Rosárioa Viena. Esta incluía a confissão, bênção dos enfermos, o Santo Rosário e a Missa. Ele chamava estas devoções de “assaltos de oração” e dizia: “A paz é um regalo de Deus, e não dos políticos; e os regalos de Deus se obtêm com a oração que assalta o céu, como os soldados assaltam um forte com confiança e determinação”.
Em 1949 a situação se tornou mais crítica com a queda da Tchecoslováquia e da Hungria nas mãos dos comunistas, a perseguição à Igreja e o julgamento sumário do Cardeal Mindszenty em Budapeste. Tudo isso contribuiu para aumentar ainda mais a ansiedade dos austríacos.
Quando novas eleições se aproximavam, Frei Petrus resolveu intensificar sua cruzada. Organizou cinco dias de preces públicas em Viena, durante as quais foram ouvidas confissões dia e noite, e 50.000 pessoas visitaram o convento franciscano. O resultado do pleito foi um fiasco para os comunistas: eles só ganharam cinco cadeiras. Mas não tinham a intenção de desistir tão fácil de sua presa, e todos já esperavam um golpe de estado.
Como as procissões com a recitação do Rosário foram se tornando muito numerosas, Frei Pavlicek resolveu fazer uma procissão geral, unindo todas as paróquias de Viena. Escolheu para ela o dia 12 de setembro de 1954, consagrado ao Santo Nome de Maria, com o objetivo de pedir à Virgem que libertasse a Áustria do comunismo. O arcebispo de Viena mostrava-se reticente em relação ao êxito da procissão. Temia que os católicos não se mobilizassem, porque já se havia pedido muito deles. Entretanto, a esse esforço uniu-se ninguém menos que o Primeiro Ministro da Áustria, Leopoldo Figl [foto ao lado], que disse ao frei Pavlicek: “Mesmo que fôssemos somente nós dois, eu iria [à procissão]. Meu país o exige”. Compareceram 35 mil pessoas, com o Chanceler Figl à frente, terço e vela à mão.
Em Berlim, Molotov, ministro russo das relações exteriores, ao tomar conhecimento disso, ridicularizou o Chanceler austríaco: “Não tenham esperanças. O que nós, russos, uma vez possuímos, jamais entregamos”. Figl transmitiu a Frei Petrus essa bravata, dizendo-lhe: “Rezem mais do que nunca”.
Isso ocorreu na hora certa, pois no fim do mês os comunistas tentaram um golpe militar. Proclamaram uma greve geral e ocuparam a Chancelaria Geral. Mas os sindicatos anticomunistas lançaram seus membros nas ruas, armados de paus, em uma contra ofensiva. A greve foi dissolvida, e o golpe revolucionário falhou. À época, a Cruzada do Rosário contava com 200 mil membros.
Falando na ocasião a um sacerdote austríaco durante uma audiência privada, Pio XII lhe disse: “Viena é o último baluarte da Europa. Se Viena cair, a Europa cairá. Se Viena resistir, a Europa resistirá. Os católicos de Viena não têm o direito de ser medíocres. Diga-o repetidamente aos vienenses. E diga-lhes que o papa está rezando muito, sim, que ele está rezando bastante pela Áustria”. Enquanto isso a Cruzada do Rosário continuava, expandindo-se por toda a Áustria, atingindo também a Alemanha e a Suíça. No ano de 1955, mais de meio milhão de austríacos — ou seja, aproximadamente 10% da população — haviam se comprometido a rezar diariamente à Virgem de Fátima, fazendo os três pedidos: a conversão dos pecadores, a paz no mundo e a liberação da Áustria do comunismo. Um número maior participava das procissões marianas.
Foi então que sucedeu o imprevisível: em abril desse ano de 1955, Molotov anunciou que retiraria suas tropas da Áustria em três meses. Com efeito, no dia 15 de maio, ante a surpresa geral do mundo, as Forças Aliadas que ocupavam a Áustria, assinaram um tratado que garantia sua independência. Finalmente, no dia 26 de outubro, o último soldado russo deixou o solo austríaco…
Pode-se imaginar a alegria da população vienense, que marchou em procissão pelas ruas da cidade, com rosários e tochas, para agradecer à Virgem de Fátima a libertação do país do comunismo. O Primeiro Ministro Figl, dando sua voz a toda a população, exclamou então: “Hoje nós, que temos o coração cheio de fé, clamamos ao Céu com gozosa oração: somos livres! Ó Maria, nós te damos graças!”
Como nos concerne mais imediatamente, citemos também o que ocorreu no Brasil em 1964.
Em 1960 o socialista João Goulart foi reeleito vice-presidente da República. Com a renúncia de Jânio Quadros, ele assumiu o poder no ano seguinte. Levando avante uma política nitidamente socializante, Jango preparava o cenário que poderia levar o Brasil a se tornar irremediavelmente uma nova Cuba.
Houve reação das forças conservadoras, principalmente das católicas, muito fervorosas e atuantes naquele tempo. Elas organizaram manifestações por todo o País, ante a iminência dessa desgraça.
Uma das senhoras católicas que liderou a reação, Da. Amélia Bastos, em discurso numa das Marchas da Família com Deus pela Liberdade [foto acima e ao lado], descreveu uma situação que se aproxima à da que ocorre na Venezuela: “Esta nação que Deus nos deu, tão imensa e maravilhosa como é, encontra-se em grave perigo. Temos permitido a homens de ambição desmedida, sem fé cristã nem escrúpulos, trazer a miséria a nosso povo, destruindo nossa economia, transgredindo nossa paz social, para criar ódio e desespero. Infiltraram-se em nossa nação, em nosso governo, em nossas forças armadas, e mesmo em nossas igrejas. […] Mãe de Deus, salvai-nos do fatal destino e sofrimento das mulheres martirizadas de Cuba, Polônia, Hungria e outras nações escravizadas!”.
A população saiu então às ruas das cidades brasileiras, principalmente as mulheres, rezando-o em voz alta o Terço e cantando hinos religiosos, para obter de Deus, pela intercessão de Nossa Senhora, misericórdia para com os pecados do povo e o afastamento do País do comunismo. Foram as gloriosas Marchas da Família com Deus pela Liberdade. Nossa Senhora não deixou de ouvir seus fiéis, e um golpe militar derrubou o governo comunista.
Caro leitor católico: se isso deu certo em circunstâncias tão difíceis como na queda do comunismo na Áustria e na liquidação da ameaça comunista no Brasil, não dará certo na Venezuela? O grande São Pio X, ao fixar a festa de Nossa Senhora do Rosário em memória da vitória católica na Batalha de Lepanto sobre as hostes do Islã, ocorrida em 7 de outubro de 1571, afirmou: “Deem-me um exército que reze o Rosário e ele vencerá o mundo”.
A recitação do Santo Rosário não requer um esforço muito grande. É fácil e está ao alcance de qualquer um.
Se conseguirmos um bom número de católicos que queiram rezá-lo diariamente pela Venezuela, veremos milagres acontecerem. Aqui fica este convite, feito de todo o coração, por essa nação irmã.
Para concluir, citemos que em setembro de 1972 um bispo austríaco, falando diante de todo o episcopado do país por ocasião da Reparação do Rosário, declarou: “Tal como a Áustria foi libertada do jugo comunista pela recitação fervorosa do Rosário, será da mesma maneira que pela arma do Rosário o mundo será libertado dos ataques do demônio e de seus sequazes. Se rezarmos o Rosário, Nossa Senhora nos dará verdadeira liberdade e paz”.
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PS: Além da recitação do Rosário, sugerimos esta oração a Nossa Senhora de Fátima, composta pelo fundador da TFP brasileira o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, para que Ela livre não só o Brasil, mas todas as nações da América Latina do comunismo:
Ó Rainha de Fátima, nesta hora de tantos perigos para as nações cristãs, afastai delas o flagelo do comunismo ateu.Não permitais que consiga instaurar-se, em tantos países nascidos e formados sob o influxo sagrado da Civilização Cristã, o regime comunista, que nega todos os Mandamentos da Lei de Deus.Para isto, ó Senhora, conservai vivo e aumentai o repúdio que o comunismo encontrou em todas as camadas sociais dos povos do Ocidente cristão. Ajudai-nos a ter sempre presente que:
1°) O Decálogo nos manda “amar a Deus sobre todas as coisas”, “não tomar seu Santo Nome em vão” e “guardar os domingos e festas de preceito”. Mas o comunismo ateu tudo faz para extinguir a Fé, levar os homens à blasfêmia e criar obstáculos à normal e pacífica celebração do culto.
2°) O Decálogo manda “honrar pai e mãe”, “não pecar contra a castidade” e “não desejar a mulher do próximo”. Mas o comunismo deseja romper os vínculos entre pais e filhos; quer entregar ao Estado a educação dos filhos; nega o valor da castidade; e ensina que o casamento pode ser dissolvido por qualquer motivo, pela mera vontade de um dos cônjuges.
3°) O Decálogo manda “não furtar” e “não cobiçar as coisas alheias”. Mas o comunismo nega a propriedade privada e a sua importante função social.
4°) O Decálogo manda “não matar”. Mas o comunismo emprega a guerra de conquista como meio de expansão ideológica, promove revoluções e crimes em todo o mundo.
5°) O Decálogo manda “não levantar falso testemunho”. Mas o comunismo usa sistematicamente a mentira como arma de propaganda.Fazei que, tolhendo resolutamente os passos à infiltração comunista, todos os povos do Ocidente cristão possam contribuir para que se aproxime o dia da gloriosa vitória que predissestes em Fátima, com estas palavras tão cheias de esperança e doçura: “Por fim, o meu imaculado coração triunfará”.
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Fontes: Germán Mazuelo-Leytón, Nuestra Señora de Fátima y el comunismo, disponível em https://adelantelafe.com/nuestra-senora-de-fatima-y-el-comunismo/.
– Pe. Marie-Dominique, O.P, Great Historical Victories of the Rosary.Citado em “A Áustria salva do comunismo por Nossa Senhora”, disponível em: http://speminaliumnunquam.blogspot.com/2010/12/austria-salva-do-comunismo-por-nossa.html
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