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Plinio Corrêa de Oliveira
IPCO em Ação

Santa Bernadette e a guerra franco-prussiana


Lições a tirar hoje em dia

Santa Bernadette em oração

Outubro de 1870. A guerra franco-prussiana caminha para o fim, já com a derrota e prisão de Napoleão III. A aproximação dos prussianos coloca a cidade de Nevers (França) em estado de alerta. A autoridade militar instala canhões nos jardins e nos terraços do convento das Irmãs da Caridade, onde vive Santa Bernadette, a vidente de Lourdes.

“Na noite de 24 de outubro— conta Madre Eleonora Cassagnes, secretária-geral da Congregação — deu-se no céu um fenômeno estranho. Todo o horizonte estava em brasa. Dir-se-ia um mar de sangue”. O fenômeno durou das 19 às 21 horas, e causou enorme impressão. Bernadette comentou então: “Apesar disso, eles não se converterão” (René Laurentin, Bernadette vous parle, P. Lethielleux, Paris, 1977).

Quem seriam “eles”? Os prussianos? Os franceses? Ambos? O mundo todo? A se entender essa lamentação de Santa Bernadette à luz das posteriores aparições de Nossa Senhora em Fátima, a necessidade da conversão universal é a interpretação que parece mais adequada.

Em carta de novembro do mesmo ano, ela escreve:

“Dizem que o inimigo se aproxima de Nevers. Eu não teria nenhum gosto em ver os prussianos, mas não os temo: Deus está por toda parte, mesmo em meio aos prussianos. Lembro-me de que, sendo muito pequena, depois de um sermão do pároco, ouvi pessoas que diziam:

— Bah! Ele faz o seu ofício.

Eu creio que os prussianos também fazem o seu ofício”.

Por volta de 9 de dezembro, quando os prussianos já se encontravam nos limites do departamento de Nièvre, cuja capital é Nevers, o cavaleiro Gougenot des Mousseaux a interroga:

— Os prussianos estão às portas. Eles não vos inspiram medo?

— Não.

— Não há, pois, nada a temer?

— Eu não temo senão os maus católicos.

— Não temeis mais nada?

— Não, nada.

Rendição de Napoleão III ao chanceler prussiano Bismarck

Os acontecimentos trágicos para a França prosseguiram. Parecia que os demônios da revolução de 1789 estavam de volta. A resistência aos prussianos degenerara na constituição de um poder de fato, de caráter comuno-anarquista, conhecido como a Comuna, que se instalou em março de 1871 e se entregou a toda espécie de atrocidades. A França, primogênita da Igreja, país da doçura, do brilho social e do equilíbrio, pagava agora por seus crimes contra a Igreja e a Monarquia.

A Irmã Madeleine Bournaix, explicavelmente assustada com os acontecimentos, procura a confidente da Santíssima Virgem, Bernadette, sua companheira de convento. Assim ela narra o encontro:

“Em maio de 1871, durante a Comuna, tendo eu sabido que as Tulherias haviam sido queimadas, apressei-me em ir contar-lhe [a Bernadette] o que acontecia. Ela me respondeu muito tranqüilamente:

— Não vos inquieteis. Elas precisam ser branqueadas, e o bom Deus passa sobre elas seu grande pincel”.

Essa intuição sobrenatural (ou, quem sabe, revelação) de que as atrocidades revolucionárias constituíam um castigo divino reaparece em carta que Bernadette escreveu anos depois (1875), a propósito de chuvas torrenciais e inundações que então atingiram o sul da França, produzindo grande destruição e mortandade:
“O bom Deus nos castiga, mas sempre como Pai. As ruas de Paris foram regadas pelo sangue de um grande número de vítimas, e isto não foi suficiente para tocar os corações, endurecidos no mal. Foi necessário que as ruas do sul fossem também lavadas, e que elas também tivessem suas vítimas”.

* * *

Tais reflexões de Santa Bernadette encontram seu eco nos comentários que Plinio Corrêa de Oliveira fez a propósito das aparições de Fátima:

“Os pecados da humanidade se tornaram de um peso insuportável na balança da justiça divina. Esta a causa recôndita de todas as misérias e desordens contemporâneas. Os pecados atraem a justa cólera de Deus. Os castigos mais terríveis ameaçam pois a humanidade. Para que não sobrevenham, é preciso que os homens se convertam”(Revista Catolicismo, maio/1953).

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Cid Alencastro

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